Com elenco negro, musical “Cartola” celebra ícone do samba

Virgínia Rosa e Flávio Bauraqui como Dona Zica e Cartola - Foto: Divulgação

Virgínia Rosa e Flávio Bauraqui como Dona Zica e Cartola – Foto: Divulgação

Por Miguel Arcanjo Prado

Estreou neste sábado (10), com sessão para convidados no Teatro Sérgio Cardoso, em São Paulo, o musical “Cartola – O Mundo É um Moinho”.

A montagem sobre o grande sambista carioca, cujo nome real era Agenor de Oliviera (1908-1980), se integra à exposição “Ocupação Cartola”, que abre no dia 17 de setembro no Itaú Cultral da capital paulista.

A maioria do elenco é composta por atores negros. O ator gaúcho Flávio Bauraqui, de 50 anos, vive o músico, o qual já havia interpretado na série “JK”, da Globo.

Bauraqui ressalta que sua história, assim como a de Cartola, é a de um artista negro que busca ocupar seu espaço em nossa sociedade excludente.

“Este musical representa uma conexão com o passado, com as raízes, uma homenagem e ao mesmo tempo um reencontro com um personagem que já passou pela minha vida em diversos lugares. Cartola foi me apresentado na infância me conecta com um ser guerreiro, um artista negro exemplar para os tempos hostis em que viveu”, diz.

Ele ainda ressalta o caráter social da peça, com um elenco majoritariamente composto por negros. “Sem dúvida, é uma peça de inclusão social. Em uma época em que a imagem que nos vendem tende a ser, em sua grande maioria, um conceito idealizado de pessoas e lugares, o espetáculo faz questão de trazer personagens reais que podemos encontrar em nosso dia a dia”.

O ator chegou a conhecer Dona Zica, mulher de Cartola e na peça interpretada por Virgínia Rosa, e também visitou a casa onde o músico viveu na Mangueira, para compor o personagem emblemático neste ano que celebra o centenário do samba.

Elenco do musical "Cartola": negros empoderados - Foto: Divulgação

Elenco do musical “Cartola”: negros empoderados – Foto: Divulgação

Empoderamento negro

O jornalista Artur Xexéo escreveu o texto a pedido do ator e produtor Jô Santana, que idealizou o projeto e convocou Roberto Lage para dirigi-lo. Segundo Santana, “o espetáculo ganhou proporções maiores do que apenas uma peça teatral, se tornando uma grande ação de empoderamento dos artistas negros deste país, além de revelar novos talentos”.

Para que a história contata por 18 atores e oito músicos no palco tivesse verossimilhança, Nilcemar Nogueira, neta de Cartola e diretora do Museu do Samba, no Rio, fez a pesquisa histórica. O musical ainda recebe, a cada sessão, a participação de um cantor convidado.

Completa o time criativo o diretor musical Rildo Hora, além de um samba-enredo exclusivo para a peça composto por Arlindo Cruz e Igor Legal.

“Cartola – O Mundo É um Moinho”
Quando: Sexta, às 20h; sábado, às 21h; domingo, às 18h; e segunda, às 20h. 150 min. com 15 min. de intervalo. Até 31/10/2016
Onde: Teatro Sérgio Cardoso (r. Rui Barbosa, 153, Bela Vista, São Paulo, tel. 11 3288-0136.
Quanto: R$ 30 a R$ 120.
Classificação etária: 12 anos

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