Bruno Fagundes revive “Vermelho” com o pai, Antonio Fagundes, em SP
Por Miguel Arcanjo Prado
Um velho pintor e seu jovem assistente voltam a se enfrentar no palco em São Paulo, desta vez o do Tuca, para dar uma lição de embate e de encontro entre duas gerações distintas. Em cena no sucesso “Vermelho” estão pai e filho; respectivamente, Antonio Fagundes e Bruno Fagundes, sob direção de Jorge Takla.
A dupla volta a se reencontrar na peça estreada em 2012 e que lançou a dobradinha pai e filho no teatro, que depois seguiu com o sucesso “Tribos”. Ambas as peças percorreram o país, sempre com casa cheia. Mais uma vez, os dois Fagundes produzem a peça sem leis ou incentivos fiscais: dependem apenas dos ganhos na bilheteria, como acontecia nos velhos tempos do teatro brasileiro. Antonio Fagundes vai trabalhar em dose dupla nos próximos meses, já que está no ar na novela “Velho Chico”, na Globo, como o Coronel Afrânio.
“Vermelho” tem texto do norte-americano John Logan traduzido por Rachel Ripani. Conta a história de um famoso artista plástico, o expressionista abstrato Mark Rothko, que recebe em seu ateliê um jovem assistente com pretensão de seguir seu próprio caminho na arte, enquanto ele precisa fazer painéis que vão decorar um restaurante nova-iorquino na década de 1950.
Bruno Fagundes conversou com o Blog do Arcanjo do UOL sobre a volta da montagem e revelou como é trabalhar com seu pai. Leia com toda a calma do mundo.
Miguel Arcanjo Prado – Como é voltar com a peça após tanta estrada; mudou algo?
Bruno Fagundes – Tem sido uma experiência maravilhosa porque tudo mudou. Nossa relação, cada um de nós internamente, nosso envolvimento com questões do texto, minha maturidade; “Tribos” me ensinou muito, então, ter a oportunidade de voltar a fazer um trabalho anterior tem sido um privilégio. Além disso, estávamos com saudade de nos “Vermelhar”!
Miguel Arcanjo Prado – Por que vocês resolveram abrir os ensaios desta temporada de “Vermelho” para o público?
Bruno Fagundes – A ideia dos ensaios abertos começou com meu pai na época de sua Companhia Estável de Repertório. Ele teve uma experiência que resultou muito bem. Há muito tempo ele queria retomar e, portanto, essa ideia sempre me fascinou. É um presente poder olhar no olho do público. Sentir de perto seu envolvimento. É um prazer para nós, e imagino que também seja para eles.
Miguel Arcanjo Prado – O que é mais fácil e o mais difícil em contracenar com o seu pai?
Bruno Fagundes – É muito fácil contracenar com alguém que se tem intimidade e carinho, eu diria que é indispensável. Nos divertimos muito fazendo teatro, estando em cena. A dificuldade não está relacionada ao fato de ser meu pai, nesse sentido não vejo nenhuma. A dificuldade é ter esse texto primoroso nas mãos, ter que desvendar esse personagem complexo, ter 672 pessoas na sua frente, “matar um leão por dia”, como dizemos.
Miguel Arcanjo Prado – O que você aprendeu de mais importante com seu pai durante as temporadas desta peça?
Bruno Fagundes – Aprendemos de mãos dadas que o teatro ensina muito. Manter o rigor e qualidade de um trabalho por tanto tempo, sempre investigar e buscar o crescimento é muito desafiador. Também, estar em contato com o público é modificador. Esse foi o maior aprendizado. Nossa relação pai/filho resolvemos em outro lugar.
Miguel Arcanjo Prado – Qual a principal mensagem em “Vermelho” em sua opinião?
Bruno Fagundes – Acredito que existe uma mensagem muito positiva no “Vermelho”: de se manter fiel à sua própria verdade. Não se trair a qualquer preço. O texto usa muito essa metáfora, de ir em frente, sem deixar de ser quem você é/acredita. Tem coisa mais poderosa do que essa?
“Vermelho”
Quando: Sextas-feiras e sábados às 21h30 e domingos às 18h. 80 min. De 12/8/2016 até 4/12/2016.
Onde: Teatro Tuca – Teatro da PUC-SP – Rua Monte Alegre, nº 1.024, Perdizes, São Paulo, SP, tel. 11 3670-8455
Quando: Sextas-feiras, R$60; sábados, R$ 80; e domingos, R$ 70
Classificação etária: 12 anos
Siga Miguel Arcanjo Prado no Facebook, no Twitter e no Instagram.