Marcos Veras luta contra fama e dinheiro em “Acorda pra Cuspir”

Marcos Veras em Acorda pra Cuspir - Foto: Paduardo/Phábrica de Imagens/Divulgação

Marcos Veras em Acorda pra Cuspir – Foto: Paduardo/Phábrica de Imagens/Divulgação

Por Miguel Arcanjo Prado

“É um espetáculo completamente diferente do que vinha fazendo, quem espera um stand-up vai se surpreender”, define de cara o ator e humorista Marcos Veras sobre sua nova peça, “Acorda pra Cuspir”, em cartaz no Teatro Porto Seguro, em São Paulo.

Veras ficou conhecido do grande público ao participar dos programas “Zorra Total” e “Encontro com Fátima Bernardes”, na Globo. Antes tinha feito participações pequenas em programas como “Sítio do Pica-Pau Amarelo” e “Xuxa no Mundo da Imaginação”.

Destaque na nova geração de humoristas, antes da fama, ele fez teatro de todos os tipos e para todos os públicos, até chegar ao gênero stand-up, do qual diz se “orgulhar” e no qual fez sucesso com o espetáculo “Falando a Veras”, com riso da plateia garantido.

A nova peça, apesar de ser ainda uma comédia, é mais complexa. O texto do dramaturgo estadunidense Eric Bogosian, escrito há 14 anos, critica o sistema social atual, com foco na fama a qualquer custo. “O bacana é surpreender, mudar o mundo, inverter as expectativas”, afirma o ator.

Na peça, Veras é José Silva, um homem que torna-se refém do sistema social que busca a fama, o dinheiro e o sucesso a qualquer preço. “Quisemos discutir que voracidade é essa dos 15 minutos de fama. Vale a pena? O Veras é um ator com uma projeção incrível e brincamos com isso no espetáculo”, adianta o diretor, Daniel Herz, que colocou o ator entre vários bonecos no palco.

Acorda pra Cuspir ironiza tempos atuais - Foto: Paduardo/Phábrica de Imagens/Divulgação

Acorda pra Cuspir ironiza tempos atuais – Foto: Paduardo/Phábrica de Imagens/Divulgação

No processo de adaptação, o texto de 88 páginas foi reduzido, “senão a peça teria quatro horas”, explica o diretor, que conseguiu condensar tudo em 70 minutos na tradução de Mauricio Guilherme. “Fizemos um trabalho forte para que se chegasse à síntese, à essência que realmente teria força nesta transposição para o Brasil, que tivesse impacto no nosso público”, explica Herz.

Em tempos de ânimos exaltados com o afastamento da presidente Dilma Rousseff, substituída pelo vice, Michel Temer, Veras faz questão de reforçar que seu espetáculo “não fala de política”, apenas definido por ele como “ácido e provocativo”, como se criticar o modo de vida contemporâneo, como a obra faz, não fosse, de certo modo, um ato político também.

“‘Acorda pra Cuspir tem tudo a ver com o momento que a gente vive no Brasil, da insanidade, mas não estou falando de política, não tem nada a ver, fala da insanidade que a gente vive, independentemente da política. Não tem necessidade de atualizar, falar da greve dos taxistas, do impeachment, o discurso da peça já é super atual”, explica.

“Acorda pra Cuspir”
Quando: Quarta e quinta, 21h. 70 min. Até 7/7/2016
Onde: Teatro Porto Seguro – Alameda Barão de Piracicaba, 740, Campos Elíseos, São Paulo, tel. 11 3226-7300
Quanto: R$ 50 a R$ 80
Classificação etária: 14 anos

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