Tiradentes rompe com ditadura da eficiência e produtividade e foca no cinema livre

Homenageado: cineasta Andrea Tonacci recebe o Troféu Barroco em Tiradentes - Foto: Jackson Romanelli/Universo Producao/Divulgação

Homenageado: cineasta Andrea Tonacci recebe o Troféu Barroco em Tiradentes – Foto: Jackson Romanelli/Universo Producao/Divulgação

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
Enviado especial a Tiradentes (MG)*

A 19ª Mostra de Cinema de Tiradentes começou na noite desta sexta (22), na cidade histórica mineira, com discursos e emoção.

O grande homenageado com o Troféu Barroco foi o cineasta ítalo-brasileiro Andrea Tonacci, de 70 anos, radicado em São Paulo desde a infância.

Ele subiu ao palco com a família, enquanto na telona eram exibidos trechos de filmes de sucesso feitos por ele, como Bang Bang, de 1970.

Usando a camiseta oficial do evento, Tonacci afirmou que ser homenageado foi “surpreendente” e agradeceu ao festival. “É uma dimensão que não conheço ainda”, declarou, tímido, sobre ser condecorado. O diretor, que realizou trabalhos marcantes com indígenas, foi aplaudido de pé pelas 600 pessoas que lotaram o Cine-Tenda, montado na praça da Rodoviária de Tiradentes.

O diretor da Universo Produção, Quintino Vargas, o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, as diretoras da Mostra de Cinema de Tiradentes, Raquel Hallak e Fernanda Hallak, e o secretário de Cultura de Minas, Angelo Oswaldo - Foto: Jackson Romanelli/Universo Produção/Divulgação

O diretor da Universo Produção, Quintino Vargas, o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, as diretoras da Mostra de Cinema de Tiradentes, Raquel Hallak e Fernanda Hallak, e o secretário de Cultura de Minas, Angelo Oswaldo – Foto: Jackson Romanelli/Universo Produção/Divulgação

Portas e janelas de Minas

A abertura teve apresentação do ator Eduardo Moreira, do Grupo Galpão, de Belo Horizonte, e contou ainda com a presença do governador de Minas, Fernando Pimentel, que não discursou. O político deixou a fala para seu secretário de Cultura, Angelo Oswaldo. Este lembrou o pioneirismo de Minas no cinema nacional, com Humberto Mauro (1897-1983) e seus filmes na cidade de Cataguases, e parabenizou a longevidade da Mostra.

Em discurso que demonstrou o melhor da prosa mineira, Raquel Hallak, diretora da Mostra, agradeceu a todos que colaboram com o evento “nestas quase duas décadas” e lembrou que “a arte representa e inventa o mundo”, reforçando o apoio do festival à “diversidade poética e estética”.

Disse que fazer cinema no Brasil “é um ato de audácia e desafio” e lembrou o papel da Mostra em “refletir, criar diálogos, engajamentos, dirigir-se ao novo, à experimentação”. E finalizou: “As portas e janelas de Minas estão sempre abertas para a Sétima Arte”.

Andrea Tonacci e Raquel Hallak na abertura da Mostra de Cinema de Tiradentes - Foto: Leo Lara/Universo Produção/Divulgação

Andrea Tonacci e Raquel Hallak na abertura da Mostra de Cinema de Tiradentes – Foto: Leo Lara/Universo Produção/Divulgação

Ditadura da eficiência e produtividade

Curador do evento, cujo tema é Espaços em Conflito, Cléber Eduardo afirmou que a Mostra “é uma possibilidade de conversa, de encontro, de abrir mão de certas falas negociadas”. Lembrando a importância do cinema autoral e inteligente, ele ainda afirmou que espera que as salas de cinema do festival se tornem “uma aldeia, que rompa com a ditadura da eficiência e da produtividade”.

Até o próximo dia 30 de janeiro, a 19ª Mostra de Cinema de Tiradentes inaugura o ano cinematográfico brasileiro com 117 filmes em pré-estreias, sendo 35 longas e 82 curtas em 57 sessões gratuitas em três espaços na cidade: o Cine-Tenda, o Cine-BNDES na Praça e no Cine-Teatro Sesi.

As produções de nomes consagrados e estreantes representam 14 Estados brasileiros, com presença de Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo.

Rua Direita, em Tiradentes: cidade tem - Foto: Leo Lara/Universo Produção/Divulgação

Rua Direita, em Tiradentes: cidade exibe 117 filmes de 14 Estados brasileiros – Foto: Leo Lara/Universo Produção/Divulgação

Aniversário com bloco de artistas

Na tarde deste sábado ainda haverá festa pelas ruas da cidade, com o Cortejo da Arte, bloco com os artistas presentes no festival e a população, em celebração aos 312 anos de fundação do Arraial de São José del-Rei e os 298 anos de sua elevação à categoria de cidade, que posteriormente ganhou o nome de Tiradentes.

A charmosa cidade histórica fica a 180 km de Belo Horizonte e conta atualmente com 7.000 habitantes.

*O jornalista MIGUEL ARCANJO PRADO viajou a convite da Mostra de Cinema de Tiradentes.

Veja a cobertura completa da Mostra de Cinema de Tiradentes

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