Após ver 4.000 peças, José Cetra Filho abarca 50 anos de teatro em livro
Por MIGUEL ARCANJO PRADO
Foto BOB SOUSA
José Cetra Filho é um amante inveterado dos palcos brasileiros. Sobretudo do teatro feito na cidade de São Paulo, onde vive. Frequentador assíduo da cena, reuniu suas lembranças de 50 anos de teatro no livro O Teatro Paulistano de 1964 a 2014 – Memórias de um Espectador (Giostri Editora).
O lançamento será neste sábado, entre 17h e 20h, quando o autor autografará sua obra no Espaço dos Parlapatões, na praça Roosevelt, centro paulistano.
Mestre em artes cênicas pela Unesp e membro da APCA (Associação Paulista de Críticos de Artes), Cetra conversou com o Atores & Bastidores do R7 sobre sua experiência como espectador privilegiado dos nossos tablados.
MIGUEL ARCANJO PRADO — Como você deu conta de abordar 50 anos de teatro paulista em seu livro?
JOSÉ CETRA FILHO — Assisto “oficialmente” teatro desde 1964, portanto, meio século de “espectância”. Ao longo desse período, fui montando um acervo de programas, críticas e outros materiais das peças a que assistia. Material importante para a memória do teatro brasileiro que achei por bem compartilhar com pessoas interessadas no assunto.
MIGUEL ARCANJO PRADO —Qual foi a primeira peça que você viu? E a última?
JOSÉ CETRA FILHO — Assisti muitas peças em circos e do Teatro Popular do Sesi ainda na adolescência, mas a primeira peça “oficial” foi em 1964: Pequenos Burgueses do Máximo Gorki, dirigida por Zé Celso Martinez Corrêa. Foi uma experiência maravilhosa, difícil de ser traduzida em palavras. Estavam ali a poucos metros da minha cadeira Eugênio Kusnet, Etty Fraser, Raul Cortez, Célia Helena, Renato Borghi, Miriam Mehler interpretando aquelas personagens russas que tinham tanto a ver com a realidade que estávamos vivendo (início da malfadada ditadura brasileira). Quase 4.000 peças depois, assisti anteontem Valéria e os Pássaros, belo trabalho da Velha Companhia dirigida por Kiko Marques. Tantos anos depois ainda temos que falar da herança maldita da ditadura. Fiquei emocionado com os trabalhos da Alejandra Sampaio e do Walter Portella.
MIGUEL ARCANJO PRADO — De quem você mais sente falta de ver nos palcos?
JOSÉ CETRA FILHO — De muitas atrizes fabulosas como CleydeYáconis, Cacilda Becker, Yara Amaral, Glauce Rocha, Lélia Abramo, Célia Helena. Entre os atores: Rubens Corrêa, os dois Enios, Gonçalves e Carvalho, e Carlos Silveira que fez um incrível Lucky e Esperando Godot, em 1969 e depois sumiu de cena. Dos diretores Flavio Rangel e Ademar Guerra. Entre os vivos, sinto falta de Fernanda Montenegro, Nathalia Timberg e Marília Pêra em trabalhos de peso no teatro.
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José Cetra
Meu lindo amigo “de fila”…
Muito sucesso no seu livro que, com
certeza trará muitas lembranças felizes, muitos
sorrisos e divagações.
Tambem causará um tanto de “invejinha” por termos perdido peças maravilhosas que vc descreve.
Que inspire novos espectadores porque o importante e se emocionar e bater palmas!
Certamente um livro que merece respeito por conta da bagagem acumulada. Que seja bem-sucedido!