Entrevista de Quinta – A voz de veludo de Maria Ceiça: “Tinha dúvida se seria atriz ou cantora”

Maria Ceiça - Foto: Elisa Gaivota/Divulgação

Maria Ceiça será a dona de casa Encantada – Foto: Elisa Gaivota/Divulgação

Por BRUNA CRISTINA FERREIRA*

Maria Ceiça é uma daquelas pessoas que imagino sorrir apenas pela voz. A atriz conversou com o Atores & Bastidores logo cedo ao telefone no início desta semana. A conversa era para falar sobre a estreia do espetáculo Por Dentro da Música, que estreia no dia 22 de maio, no Teatro Tom Jobim, no Jardim Botânico, Rio de Janeiro.

Na peça, Ceiça e Ilka Villardo soltam a voz na companha de Oscar Milito (piano), Pascoal Meirelles (na bateria) e Alex Rocha (no contrabaixo). O espetáculo conta as histórias por trás de grandes músicas de Gonzaguinha, Dorival Caymmi, Chico Buarque, Tom Jobim entre tantos outros.

Gravando a novela Os Dez Mandamentos, da Record, e prestes a estrear a peça, o tempo de Ceiça está escasso, entre um ensaio e outro, mas a alegria de voltar aos palcos cantando é evidente. Em Por Dentro da Música, ela é a dona de casa Encantada, que durante os afazeres domésticos sonha com as cantoras da rádio.

Para completar, ela ainda deu uma canjinha ao telefone. Para ler e reler, de preferência ao som de Dolores Duran.

BRUNA CRISTINA FERREIRA – Como você está conseguindo estrear uma peça junto com Os Dez Mandamentos?
MARIA CEIÇA – Está puxadíssimo [risos]! Na verdade, os dias em que eu não gravo a novela, eu ensaio a peça. O espetáculo é um musical e eu divido o palco com a Ilka [Villardo]. Nos dias em que não posso ensaiar, a equipe faz preparação com ela e assim vamos nos adaptando.

BRUNA CRISTINA FERREIRA – Você sente falta de cantar?
MARIA CEIÇA – Pois é, eu estou sentindo muita falta disso. A música sempre me acompanhou na minha carreira artística. Lá no início, quando eu comecei, eu tinha dúvida se seria atriz ou cantora. Já tem muito tempo, que eu não faço trabalho com música, aí surgiu essa oportunidade.

BRUNA CRISTINA FERREIRA – Quando foi sua última peça de teatro?
MARIA CEIÇA – Foi em 2012, com Gimba, O Presidente dos Valentes, com o Silvio Guindane. Eu estava com muita vontade de voltar aos palcos e também estou produzindo o espetáculo. É a minha produtora, a Luminis, que está cuidando disso. Há um tempo eu vinha produzindo muito, mas a vontade de cantar e atuar falou mais alto.

BRUNA CRISTINA FERREIRA – No espetáculo, vocês relembram vários nomes da música. Quem escolheu os homenageados?
MARIA CEIÇA – Na verdade, a ideia do espetáculo partiu muito de curiosidades nossas. A gente gosta muito de música, tem canções que marcaram no adolescência, infância, nossos romances e memórias, e tínhamos vontade de saber como os artistas criaram essas músicas. Passamos a nos questionar a motivação deles. A gente não faz ideia de como as músicas são criadas.

BRUNA CRISTINA FERREIRA – Alguma história te marcou em especial?
MARIA CEIÇA – A Dolores Duran, por exemplo, é uma compositora que eu adoro. Tem uma música que todos nós conhecemos, A Noite do Meu Bem, usamos muito para seresta.

[Neste momento, Ceiça canta um pouquinho ao telefone um trecho da música]

“Hoje, eu quero a rosa mais linda que houver e a primeira estrela que vier para enfeitar a noite do meu bem”

BRUNA CRISTINA FERREIRA – Que lindo!
MARIA CEIÇA – Então, mas eu s[o vou contar a história dessa música lá na peça [risos]!

BRUNA CRISTINA FERREIRA – Onde estará em cartaz?
MARIA CEIÇA – No Teatro Tom Jobim. E é ótimo que esteja lá, né? Ele é um dos artistas que relembramos na peça.

BRUNA CRISTINA FERREIRA – Você disse que está há um tempo longe do teatro, mas 2012 não é tanto tempo assim… Você começou no teatro?
MARIA CEIÇA – Eu comecei nos palcos, mas minha carreira na televisão começou quase que ao mesmo tempo. Logo já estava fazendo novela da Globo, uma que fez muito sucesso foi Felicidade. Depois fiz Por Amor, do Manoel Carlos, fiz Fera Ferida. Fiz Tocaia Grande, na Manchete, e agora estou na Record. Gostaria de estar mais próxima ao teatro…

BRUNA CRISTINA FEREIRA – Mas você não parou nesse período, parou?
MARIA CEIÇA – Eu fiz muita televisão e cinema. Eu estou falando do teatro, mas também estava com saudade de fazer televisão. Já estava há quatro anos sem fazer novela. Voltei com tudo ao mesmo tempo [risos]!

BRUNA CRISTINA – E ainda conseguiu unir teatro à música.
MARIA CEIÇA – Sim! Os meus trabalhos eram bastante musicais também. Quando eu fiz Fera Ferida, não se falou muito na época, mas eu gravei a música-tema da minha personagem e entrou na trilha sonora. No filme Cruz e Souza, O Poeta do Desterro, eu canto em cena.

Por Dentro da Música por Elisa Gaivota

BRUNA CRISTINA FERREIRA – Você me disse que precisou escolher entre a música e a atuação, mas isso já não é mais assim. O que você acha?
MARIA CEIÇA – Com certeza, na época que eu comecei a trabalhar em televisão, existia uma coisa pejorativa, um preconceito. As pessoas diziam: “Olha, ela quer aproveitar a projeção para se lançar como cantora”. Agora não tem mais essa divisão. O artista precisa ser completo. Hoje em dia, todas as atividades somam.

BRUNA CRISTINA FERREIRA – E os trabalhos na sua produtora?
MARIA CEIÇA – Eu montei Calango Deu! Os Causos da Dona Zaninha e viajamos todo o Brasil. Estamos em cartaz desde 2012 e ainda estou fazendo um documentário. Estou a mil [risos]! O documentário vai se chamar Que Bom Te Ver no Filme, uma homenagem aos nossos artistas negros brasileiros como o Antônio Pitanga e alguns atores mais jovens como Lázaro Ramos. O documentário está em processo. Quero terminar a novela e continuar.

BRUNA CRISTINA FERREIRA – Esse tempo em que ficou afastada da TV e dos palcos te mobilizou a trabalhar como produtora?
MARIA CEIÇA – Com certeza. A gente amadurece, consegue ver os caminhos a seguir. Eu tenho esse lado de produtora, sou uma pessoa de muitas ideias, já estou planejando outro longa-metragem. Vamos ver o que vai rolar!

*BRUNA CRISTINA FERREIRA é repórter do Portal R7 e cobre o blog interinamente durante as férias do colunista e editor de cultura Miguel Arcanjo Prado.

Por Dentro da Música
Quando: estreia 22 de maio, sextas e sábado, 21h, domingos, 20h. Até o dia 21/6/2015
Onde: Teatro Tom Jobim (r. Jardim Botânico, 1008, Rio de Janeiro. Telefone 0/xx/21 2274-4012)
Duração: 120 minutos.
Quanto: R$ 40
Classificação: 12 anos

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