Diretor argentino faz teatro para um espectador

TeatroSOLO será apresentado em São Paulo em cinco lugares até setembro – Foto: Camilla Loreta

Por MIGUEL ARCANJO PRADO

Argentina e Brasil sempre mantiveram trocas teatrais intensas. Afinal, nossos hermanos do sul produzem um dos teatros mais potentes do mundo. Uma das mais exitosas criações contemporâneas portenhas que vem repercutindo em lugares como Espanha e Estados Unidos é o TeatroSOLO.

O projeto é do diretor teatral e cineasta argentino Matias Umpierrez, que coordena a área teatral do Centro Cultural Rojas, da Universidade de Buenos Aires. A estreia em São Paulo será nesta quinta (14), onde fica até 24 de setembro, em promoção da Oficina Cultural Oswald de Andrade, dirigida por Celso Curi.

No trabalho, Umpierrez faz sessões para apenas um espectador por vez. Ele pretende fazê-las em cinco lugares distintos da capital paulista: Pacto ocupa um escritório abandonado no bairro Bom Retiro; Promessa é encenada em uma oficina de costura do mesmo bairro; Amnésia acontece nos bastidores do Teatro Sérgio Cardoso; enquanto Retrato, na Pinacoteca do Estado de São Paulo; e, por fim, Exodus é encenada em um apartamento familiar no bairro Campos Elíseos.

Tal visão intimista vai ao encontro dos ritos de transmissão de histórias ancestrais, já que o artista quer “libertar o teatro de sua estrutura convencional”. Assim, tira o ator do palco e o coloca dentro de uma cena real, dando ao espectador poder dentro da performance.

O diretor argentino Matias Umpierrez – Foto: Divulgação

Teatro privado e subjetivo

Em conversa exclusiva com o R7, Matias Umpierrez revela que escolheu o elenco brasileiro em maio, em uma audição com 90 inscritos, dos quais apenas nove foram selecionados. Há três semanas trabalha intensamente com o grupo.

— A peça é repetida oito vezes por dia. Eleva a proposta do trabalho do ator de teatro, que tem capacidade de reproduzir as emoções em oito sessões seguidas. É uma experiência performática diária.

Umpierrez diz que seu teatro caminha na fronteira entre o teatro, as artes visuais e o cinema e que os lugares paulistanos escolhidos “dialogam com essa proposta”.

— Faço um teatro privado e subjetivo. O que sucede aí é que está passando algo para o espectador. Outra pessoa que viva esta experiência, a viverá de forma distinta. Nesta época de globalização e redes sociais, quero tirar o público desta situação coletiva e possibilitar ao espectador uma experiência privada e subjetiva.

Os ingressos, disputadíssimos, podem ser reservados pelo site da Oficina Cultural Oswald de Andrade. Depois, o espectador receberá por e-mail as orientações sobre como acompanhar sua performance.

O projeto ainda tem assistência de direção de Gabriela Caraffa, direção de arte de Camilla Loreta, e assistência de produção de Gustavo Valezi. Além de residentes de produção coordenados por Daniele Sampaio.

Cena que será feita em um apartamento paulistano do TeatroSOLO – Foto: Camilla Loreta

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1 Resultado

  1. Phillipe disse:

    Esse é o que eu classificaria de teatro “gourmet”: intimista, rico, sofisticadíssimo e mental, caminhando a passos largos para o cerebral. Um “brainstorm” vivencial.

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