Crítica: As Cinzas do Velho transforma humor ácido de Kelly McAllister em um besteirol lugar-comum

A atriz Antoniela Canto, em As Cinzas do Velho, que encerra temporada em São Paulo – Foto: Vitor Vieira

Por Miguel Arcanjo Prado

O argumento da peça As Cinzas do Velho, do norte-americano Kelly McAllister, é instigante. Dois irmãos distantes precisam se reencontrar após a morte do pai, que pediu em testamento que ambos depositassem suas cinzas em um festival hippie em pleno deserto norte-americano.

Para realizar a inglória tarefa, eles precisam viajar juntos e acabam presos em um hotel de beira de estrada. Lá, entram em contato com outros personagens bizarros: a doce dona da pensão, casada com um marido violento e estúpido, e um casal hippie a caminho do festival. Diante desses encontros, eles precisam enfrentar as diferenças do passado.

Alexandre Cruz e Marcelo Braga interpretam dois irmãos na montagem brasileira – Foto: Vitor Vieira

Apesar de o roteiro propor um ar aguçado e inteligente, a montagem brasileira de As Cinzas do Velho, que encerra temporada neste domingo (15), no Teatro João Caetano, vai exatamente pelo caminho contrário.

A direção de Luís Artur Nunes e as atuações do elenco buscam o caminho do besteirol e da caricatura. Em vez de deixar que as situações aconteçam de forma mais natural, o que seria muito mais interessante, já que os acontecimentos já são absurdos por si só, tudo é sublinhado e o riso é quase que implorado à plateia – que se recusa a ceder ao apelo na maioria do tempo.

Falta verdade e unidade ao elenco formado por Alexandre Cruz, Marcelo Braga, Antoniela Canto, Cibele Bissoli, Leandro Madeiros e Luciano Schwab. Antoniela Canto é quem mais tenta sair do lugar-comum, mas acaba inundada pelo mar histriônico ao seu redor.

Não ficam claras algumas propostas da encenação, como o fato de alguns atores manterem a quarta parede enquanto outros tentam insistentes comunicação e cumplicidade com a plateia, no estilo ator-vedete. Chega a ser incômodo não poder entender qual é a convenção que se está propondo ao espectador.

A impressão que se tem é que faltou melhor compreensão do humor ácido e não óbvio do texto, como a montagem brasileira pretende. E também uma dosagem no registro histriônico da maioria dos atores. A obra paulistana, que é originalmente uma mistura de drama e comédia, não chega a ser propriamente engraçada nem a comover.

As Cinzas do Velho
Avaliação: Fraco
Quando: Domingo, 19h. 100 min. Até 15/9/2013
Onde: Teatro João Caetano (r. Borges da Lagoa, 650, Vila Clementino, Metrô Santa Cruz, São Paulo, tel. 0/xx/11 5573-3774)
Quanto: R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia-entrada)
Classificação etária: 12 anos

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1 Resultado

  1. Felipe disse:

    De repente com as apresentações a peça tome rumo. Tento ser positivo sempre e desejar o bem ao próximo.

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