Crítica: The Living Room, de Thomas Richard, convida público a experiência sensorial inesquecível

Antes da última sessão, R7 faz registro exclusivo dos atores da peça The Living Room – Foto: Miguel Arcanjo Prado

Por Miguel Arcanjo Prado

O espetáculo The Living Room (A Sala de Estar) faz sua derradeira apresentação às 18h deste domingo (12), no Teatro Anchieta do Sesc Consolação, em São Paulo. A montagem é dirigida por Thomas Richard com seus artistas do Workcenter de Jerzy Grotowski e Thomas Richards, localizado em Pontedera, na Itália.

Para o espectador do teatro tradicional, relacionar-se com novas estéticas, como no caso da performance, pode gerar, num primeiro momento, certa estranheza e incômodo.

A montagem propõe um encontro entre público e artistas/performers em uma sala de estar, como o próprio nome diz, montada no palco.

O espectador é recebido pelo eclético elenco, que lhe acomoda em confortável e aconchegante mobiliário, enquanto lhe oferece chá, café, suco, biscoitos e frutas, formando um desenho perfeito do exercício do bem receber, sendo os artistas exímios anfitriões na arte do interesse pelo outro.

No começo, há quem estranhe a proposta, sobretudo a exposição de comer diante dos outros, já que todos podem ver todos. O que leva certo comedimento inicial. Mas, logo os artistas tratam de deixar os espectadores à vontade. Levando-os à suspensão da percepção convencional da loucura da metrópole e abrir um parêntesis onde a experiência acontece. A experiência das relações interpessoais ganham poesia em atos tão corriqueiros como tomar um café, servir um copo de suco ou pegar um biscoito na mesa.

Trata-se de um grupo esteticamente interessante em sua composição física, onde o corpo dos performers já é a própria performance. Há cuidado no gesto, no movimento, um tempo dilatado para as ações, o que introduz o público em uma outra convenção: a tranquilidade de uma sala de estar, na qual artistas e plateia formam uma coisa só, a tertúlia.

Os tertulianos assistem à execução a capela de cantos e textos de tradições ancestrais de distintos povos. A destreza na execução do canto faz com que o espectador tenha a sensação de sound round dos home theaters 5.1. Só que a experiência ocorre sem uso de tecnologia alguma.

De forma sutil, o espetáculo dialoga com o que conhecemos no Brasil por Augusto Boal do espect-ator, que levava o espectador a acionar na obra. A velocidade que o espectador pode acabar com os biscoitos à sua frente é tão interessante e performática quanto a execução formal da proposta, falando em termos de inter-relação.

Em toda a performance há um limite, um risco ao qual o grupo se predispõe. Neste caso, trata-se de colocar, na sala de estar de casa, convidados não conhecidos. E, lidar com estes, é ingrediente constitutivo e quase indispensável desse encontro. E a não compreensão dos idiomas nos quais são cantadas as canções é quase que uma desculpa para que esse encontro aconteça, onde o mais rico está na sensibilidade para o que é sutil e ao que se dá por acaso.

Anfitriões: atores de The Living Room, do Workcenter Jerzy Grotowski e Thomas Richard, recebem o R7 no palco do Teatro Anchieta, em SP, onde fizeram temporada até este domingo (12) – Foto: Miguel Arcanjo Prado

The Living Room (A Sala de Estar)
Avaliação: Ótimo
Quando: Domingo, 18h. Até 12/5/2013
Onde: Teatro Anchieta do Sesc Consolação (r. Dr. Vila Nova, 245, Vila Buarque, São Paulo, tel. 0/xx/11 3234-300)
Quanto: R$ 32 (inteira)
Classificação etária: 14 anos

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1 Resultado

  1. Felipe disse:

    De fato é uma proposta interessante!

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