Artistas comemoram condenação de policiais do Carandiru no fim da Mostra Latino-Americana

 

Elenco do espetáculo baiano Salmo 91, que encerrou a Mostra Latino-Americana de Teatro de Grupo

Por Miguel Arcanjo Prado

A 8ª Mostra Latino-Americana de Teatro de Grupo terminou, na noite deste domingo (21), com discurso político no palco do Centro Cultural São Paulo.

A última peça da mostra foi Salmo 91, com texto de Dib Carneiro Neto baseado no livro de Dráuzio Varella dá história de vida a alguns dos detentos mortos no massacre do Carandiru, em 1992. A montagem foi apresentada no dia em que 23 policiais responsáveis pela chacina foram condenados pela Justiça a 156 anos de cadeia. A data emblemática foi lembrada no palco.

Após vigoroso aplauso da plateia, o diretor do grupo baiano Ateliê Voador, Djalma Thürler, subiu ao palco a convite do elenco formado pelos atores Duda Woyda, Fábio Vidal, Lucas Lacerda, Lúcio Tranchesi e Rafael Medrado.

Emocionado, o diretor lembrou que o espetáculo era apresentado no mesmo dia da condenação de policiais responsáveis pelo crime de assassinar 111 presos.

– Tínhamos apresentado a peça no dia em que o massacre do Carandiru fez 20 anos, no ano passado. E, agora, fazer o espetáculo neste dia é algo importante e muito especial para nós, pois somos um grupo que batalha pelos direitos humanos.

Na plateia, estava o autor da peça, o jornalista Dib Carneiro Neto. Em conversa com o R7, ele lembrou que “o massacre foi um marco em nossa história”.

– Ver este tema resgatado por um julgamento 20 anos depois é muito importante. Neste momento em que abro a internet e vejo um monte de gente reacionária, é muito importante mostrar no palco que os mortos eram seres humanos. Então, esta é uma peça de defesa dos direitos humanos, como bem falou o diretor no palco.

Os atores Pascoal da Conceição e Ando Camargo, que participaram do elenco da primeira montagem da peça, dirigida pelo mineiro Gabriel Villela em 2007, também estavam na plateia. Pascoal contou que teve “um olhar bem técnico” para a peça dos baianos e que, por isso, “não conseguiu entrar na emoção da obra”. Ando Camargo contou que a música de Eliana de Lima que permanece na montagem baiana foi “um caco” criado por ele nos ensaios.

Camargo ressaltou a importância da obra continuar na pele de outros atores.

– É uma obra que tem de estar sempre em cartaz. É uma história que precisa ser contada sempre.

Pascoal da Conceição concordou com o colega.

– Fiquei feliz de ver que a força do texto resiste. Até porque é um assunto que não está resolvido ainda. Existe ainda na sociedade um desejo de vingança muito grande.

Ao fim da montagem, o coordenador-geral da Mostra Latino-Americana de Teatro de Grupo, Alexandre Roit, agradeceu nominalmente a toda a equipe do festival e pediu ao público que “retorne no próximo ano com a mesma energia”. Foram seis dias de foco nas artes cênicas, com 11 espetáculos vindos de sete diferentes países da América Latina. Todos com entrada gratuita.

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3 Resultados

  1. Felipe disse:

    Miguelito, que vergonha eu passei com essa foto! Estava o técnico de Informática fazendo a limpeza anual no meu microcomputador e, quando fui testar a navegação, fui logo para sua página e o que aparece? Essa foto de atores de cueca! Com tanta foto para pôr sobre a peça, por que logo essas? Que vergonha que eu passei!

    • Miguel Arcanjo Prado disse:

      Felipe, a foto nao precisa lhe envergonhar. Quando houve o Massacre do Carandiru foi pior. Os presos foram todos amontoados nus no pátio da penitenciária. E a imagen foi ao ar em todos os telejornais. Dê uma procurada no YouTube que você verá. Abracos!

  2. Felipe disse:

    Eu sei. Li algumas matérias da época. Só que creio que as fotos possuíam aquelas tarjas. O que aconteceu ali foi absolutamente lamentável. Que todas aquelas pessoas descansem em paz! Minha colocação foi apenas que o técnico de Informática, que não sabia o teor do “post”, pode ter criado uma ideia equivocada, pois o que ele apenas viu foi uma foto de homens de cueca, não sabendo o contexto da tal foto pois não leu o texto abaixo dela, sobre a peça.

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