“Precisamos parar com picuinha no teatro”, diz novo presidente da Cooperativa Paulista de Teatro

O novo presidente da CPT, Rudifran Pompeu, em retrato de Bob Sousa

Por Miguel Arcanjo Prado
Foto de Bob Sousa

Aos 46 anos e gaúcho de Uruguaiana, o artista Rudifran Almeida Pompeu tem um motivo a mais para comemorar o Dia Mundial do Teatro, nesta quarta (27). Ele foi eleito presidente da Cooperativa Paulista de Teatro, a CPT, com a chapa Acordes, que obteve 74% do total de 659 votos, ou seja, 489 votos. Outros 165 artistas votaram na chapa Berro e houve três abstenções, um voto nulo e um voto em branco, na eleição do último dia 25.

Além de Rudifran na presidência, a chapa tem Tiche Vianna na vice-presidência, e Paulo Celestino, Sandra Vargas, Pedro Felício, Doberto Carvalho e Dagoberto Feliz compondo a diretoria.

Ator, dramaturgo e diretor do Grupo Redimunho de Investigação Teatral, que tem uma década de vida, Rudifran faz teatro em São Paulo há 30 anos. Morador do centro paulistano, ele afirma querer diversidade em sua “gestão colegiada”, chama os integrantes da chapa derrotada para colaborar e pede o fim das brigas internas no meio teatral: “Precisamos parar com picuinha”.

Leia a entrevista exclusiva do novo presidente da Cooperativa Paulista de Teatro ao Atores & Bastidores do R7:

Miguel Arcanjo Prado – Como você vê o fato de esta vitória coincidir com a semana do Dia Mundial do Teatro?
Rudifran Pompeu – Eu acho genial. Sempre fizemos movimentação nesta data. Neste ano, por conta da eleição, não conseguimos fazer um ato ou uma manifestação. Mas acho significativo no dia em que comemora o meu ofício ser eleito por tanta gente. É uma responsabilidade enorme. Acho que é simbólico. A gente tem tudo para fazer uma gestão muito boa.

Por que a Chapa Acordes encantou assim os artistas paulistas?
Nós da Chapa Acordes temos uma proposta de teatro para todos. Existe um sentimento de mudança em São Paulo, com ocupação das ruas e espaços públicos. A gestão do Kassab proibiu muito a ocupação das ruas, havia um enfrentamento com os artistas. Acho que isso muda com essa nova gestão municipal [do prefeito petista Fernando Haddad]. E a Cooperativa se posiciona em relação a este sentimento de apropriação cultural da cidade. A ideia de cultura nossa não vem do gabinete, vem das ruas. Acho que os atores entenderam isso.

Vocês ganharam com ampla maioria…
Foi uma vitória significativa, praticamente 75% do eleitorado. É uma chapa de composição plural, com gente de linguagens diversas, porque a Cooperativa é das artes cênicas, não é só do teatro. Temos mágicos cooperativados por exemplo. Foi uma campanha bonita, na qual ouvimos muitas pessoas. Estamos abertos que os artistas venham falar com a gente.

O que vocês querem melhorar em relação à última gestão da CPT?
A gente quer ouvir mais o cooperado. Não que a outra gestão não ouvisse, mas estava muito fragmentado. No último ano, houve uma brecha neste diálogo, que hoje queremos recuperar. Agrupar, fazer com todo mundo. Acho isso excelente.

Quando vocês da Chapa Acordes tomam posse?
Ainda não tomamos posse, por conta desta transição e do feriado. Acho que isso vai acontecer até segunda-feira [1º de abril].

Qual a primeira coisa que você vai fazer ao assumir a presidência da CPT?
A minha ideia de gestão é de forma colegiada. A gente discute e decide junto. Eu sou o presidente, mas quero fazer tudo de forma coletiva. Então, a primeira coisa vai ser sentar com essas pessoas que compõem a chapa e ver a melhor forma de a gente cumprir o programa que apresentamos na eleição. E quero deixar claro que as pessoas da outra chapa não são nossos inimigos. São cooperados e queremos trazê-los com a gente.

Interessante você falar isso, porque eu tenho a impressão que muita gente de teatro gosta de falar mal uns dos outros. O que você acha disso?
O teatro tem de acabar com essas picuinhas internas. O que nos une é o teatro. Todas essas vaidades que acontecem dentro da nossa área, acontecem também em qualquer campo de trabalho. Mas o artista precisa parar com isso, com atitudes pequenas de falar mal do colega. Isso não interessa para ninguém. Já somos uma categoria que tem tanta dificuldade de inserção profissional neste mundo, meu Deus! Precisamos respeitar a diversidade, andar para frente e parar com picuinha.

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