Regina Duarte se perde em Raimunda, Raimunda

Mesmo equivocada como diretora, Regina Duarte dá o máximo da atriz em Raimunda, Raimunda – Divulgação

Por Miguel Arcanjo Prado

Regina Duarte foi bem-intencionada ao montar o espetáculo Raimunda, Raimunda, escrito pelo piauiense Francisco Pereira da Silva (1918-1985). Contudo, a peça apresentada no Teatro Raul Cortez, em São Paulo, até este domingo (16), deixa algo bem claro: Regina é uma atriz dedicada e talentosa, mas, pelo menos por enquanto, não é uma boa diretora.

Depois de tentar, sem sorte, encontrar um profissional que assumisse seu projeto, ela resolveu tomar as rédeas da direção de sua volta ao teatro.

Leia entrevista com Regina Duarte

Com assistência de direção de Amanda Mendes, ela costurou, sem nenhuma coerência aparente, em dois atos díspares, dois textos do escritor nordestino.

O primeiro, Ramanda e Rudá, tem ares futuristas. Nele, Regina interpreta uma mulher acompanhada por um hermafrodita, por quem tem desejos sexuais, em um mundo transformado em caos.

O espectador, no começo perdido da peça, até se sente tocado pela discussão de pano de fundo ecológico, mas logo esta é suplantada pela vulgar sanha sexual da personagem de Regina em cima do rapaz, que nada quer com ela.

Já o segundo ato, Raimunda Pinto, mais dinâmico e ao mesmo tempo tão absurdo quanto o primeiro, conta a história de Raimunda, menina pobre do sertão cearense que sofre com lábio leporino. A moça tenta se tornar enfermeira no Rio de Janeiro. A viagem, cheia de peripécias, acaba por revolucionar sua vida.

Nesta parte da obra, de ar mambembe, Regina surge mais solta como atriz, fazendo uma personagem leve e divertida, mesmo diante da adaptação complicada.

Em muitos momentos, a encenação de Raimunda, Raimunda se parece com teatro escolar, de tão simplória que são as soluções cênicas encontradas por Regina diretora.

O cenário assinado por José Dias é pobre e preguiçoso. Não ajuda muito. Já os figurinos de Regina Carvalho, com colaboração de Beth Filipecki, até fazem uma graça em determinados momentos, mas sem grandes arroubos, bem como a iluminação de Djalma Amaral e Wilson Reiz.

Elenco não acompanha Regina Duarte – Divulgação

Mas a parte mais triste desta história é o jovem elenco que contracena com a atriz: Allan Souza Lima, André Cursino, Creo Kellab, Henrique Pinho, Ricardo Soares, Rodrigo Becker, Rodrigo Candelot e Saulo Segreto.

Nenhum dos rapazes parece acreditar no que fazem ali e surgem no palco de forma insossa. O resultado é uma interpretação covarde e sem entrega, enquanto Regina fica ali ao lado, sozinha, dando o máximo de si numa crença praticamente cega no projeto que ela embalou com tanto esmero.

Pelo menos, nossa grande atriz é coerente até o fim, quando, do nada, se transforma na bomba de Hiroshima e sai rolando pelo palco.

Raimunda, Raimunda
Avaliação: Ruim
Quando: Sexta, 21h30; sábado, 21h, domingo, 18h. Até 16/12/2012
Onde: Teatro Raul Cortez (rua Doutor Plínio Barreto, 285, Bela Vista, São Paulo, tel. 0/xx/11 3254-1631)
Quanto: R$ 50 a R$ 60
Classificação: 14 anos

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2 Resultados

  1. ANÍBAL DOS SANTOS FILHO disse:

    Mostrou que põe a cara a tapa! Arregaçou às mangas e foi a luta! Mulher de fibra! Se deu certo ou não, pelo menos tentou! Admiro pessoas assim!

  2. Diogo disse:

    Adorei a peça! Regina estava excelente! Com uma postura no palco e um respeito com os atores e também com o publico. Me arrependo de não ter visto antes!

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