José Wilker dá soco na boca do estômago do público do espetáculo Palácio do Fim

Guerra e paz: Vera Holtz, Camila Morgado e Antônio Petrin - Foto: Guga Melgar/Divulgação

Dirigido por José Wilker, o espetáculo Palácio do Fim, em cartaz no Sesc Consolação, é daquele tipo de peça arrasa-quarteirão que chega para abocanhar a maior quantidade de prêmios  que for possível.

O texto, da canadense Judith Thompson, é contemporâneo. Fala do clima de terror que invadiu o mundo ocidental após os ataques do 11 de setembro de 2001 em Nova York.

O espetáculo costura três monólogos defendidos com garra por Antônio Petrin, Camila Morgado e Vera Holtz.

Petrin vive o atormentado cientista britânico David Kelly, que denunciou as atrocidades cometidas por ocidentais durante a ocupação do Iraque e cuja morte ainda não se sabe se foi um suicídio ou um assassinato.

Morgado interpreta a jovem soldado norte-americana Lynndye England, acusada de humilhar os prisioneiros na base de Guantánamo, em Cuba. A atriz defende com unhas e dentes sua personagem, que tenta a cada instante justificar o injustificável. Ela consegue risos nervosos da plateia diante de sua argumentação.

Mas é Vera Holtz quem hipnotiza em uma interpretação madura e emocionante da mãe iraquiana Nehrjas Al Saffarh. A atriz está em um de seus melhores momentos no palco e deve ser coroada com os prêmios de melhor atriz existentes. Vera pega o público primeiro pelo humor, depois pela compaixão, numa superdose de humanidade.

O diretor Wilker costura os atos de forma envolvente. Generoso, dividiu com amigos competentes a tarefa de transpor para o Brasil aquela peça que o encantou em um pequeno teatro nova-iorquino.

Vestidos pela aguerrida pesquisadora Beth Filipecki, os personagens se movem o tempo todo no cenário criado por Marcos Flaksman, sob a luz inventiva de Maneco Quinderé.

O espetáculo ensina, choca, revolta e, sobretudo, traz à tona um tema com o qual a sociedade atual precisa conviver diariamente, nem que seja nos noticiários da TV: a rivalidade ocidente e oriente, cristianismo e islamismo, que só produz um saldo gigantescos de mortes. Múltiplo, o texto dá voz (e cara) a cada lado da história, gerando, no palco, um explosivo triângulo humano.

Com Palácio do Fim, José Wilker dá um soco na boca do estômago da plateia e mostra o grande diretor e, sobretudo, artista que é.

Palácio do Fim
Avaliação: ótimo
Quando: sexta e sábado, às 21h; domingo, às 18h. Até 11/3/2012.
Onde: Teatro Anchieta do Sesc Consolação (r. Dr. Vila Nova, 245, Vila Buarque, São Paulo, tel. 0/xx/11 3234-3000)
Quanto: R$ 32 (inteira); R$ 16 (usuário do Sesc) e R$ 8 (comerciário)
Classificação: 14 anos

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5 Resultados

  1. Jusssara Liz disse:

    o ze é um ator muito talentoso. sou fa dele e acompanho a carreira há muito tempo. e fiqquei feliz de saber que ele também arrasa como diretor. quero ver essa peca!!!

  2. paula oliveira disse:

    eu vi essa peca no sesc e a vera holtz realmente dá um banho de interpretacao. parabéns ao r7 per ter um espaco dedicado ao teatro uma arte tao dificil de se fazer e de se ter um retorno.

  3. Hadassa disse:

    Depois de ler seu comentário Miguel dá vontade de assistir será que vão vir aqui para RJ com a peça?

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