★★★★ Crítica: Cão Vadio condensa utopia latino-americana em teatro com a força poética da Ave Lola

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
★★★★
CÃO VADIO
Avaliação: Muito Bom
Crítica por Miguel Arcanjo Prado
Cão Vadio, da companhia teatral Ave Lola, é uma verdadeira aula de estética e poética cênica, com um time afinado pelo sofisticado olhar da diretora e dramaturga Ana Rosa Genari Tezza, em um espetáculo de refinada visualidade e potência criativa. A montagem de sucesso do premiado grupo teatral fundado em 2010 em Curitiba, no Paraná, aporta em São Paulo em curtíssima e obrigatória temporada até 1º de dezembro no intimista Teatro Estúdio, sob direção de produção de Dara van Doorn e Laura Tezza. Com ingresso a pague quanto vale, as sessões são às quintas, sextas e sábados, 20h, e domingo, 18h. Repleto de seres à margem e poética rara, este espetáculo precisa ser visto por quem admira teatro de qualidade. Misturando a linguagem do cabaré com uma pesquisa de fôlego no realismo fantástico latino-americano, a peça faz desfilar por cenas curtas variados personagens secundários que habitam essa terra errante chamada Cão Vadio, evidenciando temas como migração, fronteiras, intolerância, revolução utópica, violência do poder e a fugacidade do próprio fazer teatral, bebendo em fontes potentes que vão do argentino Borges ao colombiano García Márquez, sem deixar de prestar tributo a baluartes teatrais como o russo Tchekhov e o inglês Shakespeare. O elenco traz a força do teatro verdadeiramente de grupo, formado por Ana Adade, Cesar Matheus, Eduardo Giacomini, Evandro Santiago, Helena Tezza, Marcelo Rodrigues, Olga Nenevê e Regina Bastos. Com presença descomunal, destacam-se Helena Tezza e Evandro Santiago, que brilha ainda mais na manipulação de bonecos. É preciso elogiar o preparo de corpo de Ana Adade e o preparo vocal de Babaya Morais, Paola Pagnosi e Julia Klüber. A trilha sonora, executada ao vivo pelos virtuosos músicos e diretores musicais Arthur Jaime e Breno Monte Serrat, é outra dádiva, passeando por clássicos cantados pelo elenco, como Dindi, El Día Que Me Quieras e Sabor a Mí, que este crítico saiu cantarolando ao final. Dividida em dois atos dinâmicos, a peça ainda tem luz onírica do gênio Beto Bruel e Rodrigo Ziolkowski, figurinos de sofisticada sensualidade e pernas à mostra de Eduardo Giacomini, também responsável pela cenografia e adereços. Cão Vadio é uma peça que conversa com o melhor da tradição teatral latino-americana, fazendo lembrar momentos primorosos do Grupo Galpão e do Grupo Giramundo, para ficar em dois exemplos mineiros. Obra vigorosa, Cão Vadio nos mostra que em nossa imperfeição latino-americana habita beleza e força. É a utopia condensada em teatro. Aplausos de pé.
★★★★
CÃO VADIO
Avaliação: Muito Bom
Crítica por Miguel Arcanjo Prado
Quinta, sexta e sábado, 20h, domingo, 18h. Teatro Estúdio – Rua Conselheiro Nebias, 891, Campos Elíseos, São Paulo, metrô Santa Cecília (600 m). Pague quanto puder. 120 min (com intervalo de 10 min entre os 2 atos). 16 anos. Até 1/12/2024.
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Cão Vadio – Ave Lola
Ficha Técnica
Elenco: Ane Adade, Cesar Matheus, Eduardo Giacomini, Evandro Santiago, Helena Tezza, Marcelo Rodrigues, Olga Nenevê e Regina Bastos
Dramaturgia e Direção: Ana Rosa Genari Tezza
Direção Musical: Arthur Jaime e Breno Monte Serrat
Músicos: Arthur Jaime e Breno Monte Serrat
Preparadoras Vocais: Babaya Morais, Paola Pagnosi, Julia Klüber
Preparadora Corporal: Ane Adade
Iluminação: Beto Bruel e Rodrigo Ziolkowski
Figurino: Eduardo Giacomini
Assistente de Figurino: Helena Tezza
Costureiras: Rose Mary Matias de Oliveira e Marino Ferrara
Cenografia e Adereços de Cenário: Eduardo Giacomini
Confecção de Bonecos e Adereços: Eduardo Santos
Cenotécnicos: Fabiano Hoffmann, Anderson Purcotes Quinsler, Rene Augusto Barbosa, Paulo Batistela
Montagem de Cenografia: Paulo Batistela
Montagem e Operação de Luz: Alexandre Leonardo Luft
Direção Executiva: Entre Mundos Produções Artísticas
Direção de Produção: Dara van Doorn e Laura Tezza
Produtores: Carlos Becker e Renata Bruel
Assistente de Produção e Operação de Som: Alyssa Riccieri
Direção de Comunicação: Larissa de Lima
Assistência Redes Sociais: Cesar Matheus
Gestão de Mídias: D Meios Organizações de Eventos
Design Gráfico: Gabriel Rischbieter
Produção local: Nosso Cultural
Assessoria de Imprensa: JSPontes Comunicação – João Pontes e Stella Stephany
Editado por Miguel Arcanjo Prado
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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige Blog do Arcanjo e Prêmio Arcanjo. Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Cultura pela USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por Globo, Record, Folha, Ed. Abril, Huffpost, Band, Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Integra os júris: Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio do Humor, Prêmio Governador do Estado, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Prêmio DID, Prêmio Canal Brasil. Venceu Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio ANCEC, Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade do Prêmio Governador do Estado.
Foto: Rafa Marques
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