★★★★ Crítica: Ana Barroso revigora voz das mulheres em Isabel das Santas Virgens e Sua Carta à Rainha Louca no Sesc Pinheiros

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
★★★★
ISABEL DAS SANTAS VIRGENS E SUA CARTA À RAINHA LOUCA
Avaliação: Muito Bom
Crítica por Miguel Arcanjo Prado
O tocante espetáculo Isabel das Santas Virgens e Sua Carta à Rainha Louca está em cartaz em São Paulo no Sesc Pinheiros até 13 de setembro de quinta a sábado, às 20h, após temporada de sucesso no Espaço Abu, no Rio de Janeiro. Nele, a atriz Ana Barroso faz uma dedicada e bonita entrega a uma personagem que simboliza a necessidade histórica das mulheres por emancipação e por direitos igualitários aos dos homens. O espetáculo, cuja temporada paulistana é dedicada à memória de Aderbal Freire-Filho, diretor com o qual Ana trabalhou por muitos anos, foi idealizado e adaptado pela própria atriz, vindo da inquietude a partir do instigante romance Carta à Rainha Louca, da autora santista Maria Valeria Rezende, publicado pela Companhia das Letras em 2019. O enredo recupera uma importante mulher da história do Brasil do século 18, a tal Isabel do título, da qual ainda pouco se sabe, a não ser o relato de uma carta desta escrita, da prisão em Pernambuco, à Rainha Dona Maria I de Portugal, chamada de “Rainha Louca”. Na missiva à monarca que também sofreu na pele a opressão de gênero, a personagem busca expor as razões de seu injusto castigo, castigo este advindo por apenas ser quem é. Isabel é uma mulher branca e de origem pobre, com visão abolicionista e libertária, que não se contenta com o lugar que a sociedade colonial diz que mulheres como ela podem ocupar. Sendo assim, desafia o sistema, chegando a se passar por homem, única condição para poder realizar suas façanhas. A direção de Fernando Philbert, que vem colecionando espetáculos potentes nesta temporada, conta com assistência de Renata Guida e aposta nas sutilezas do trabalho da atriz e na força contundente do texto. Colaboram na imersão do público na narrativa a iluminação sutil de Vilmar Olos, com sua lâmpada suspensa que traz luz à idade das trevas, e a envolvente música original de Marcelo Alonso Neves, além do cenário amadeirado e de pergaminhos gigantes de Natália Lana. Luciana Cardoso cria um figurino de cores claras e tecidos crus, que une simplicidade às referências do Brasil colonial. A produção é da própria atriz com produção executiva de Flávia Primo. Isabel das Santas Virgens e Sua Carta à Rainha Louca é uma peça que evidencia as opressões sofridas pelas mulheres ao longo da história e que dialoga com os dias atuais, de novas e terríveis violências. Em entrega visceral a esta destemida mulher, Ana Barroso traça um espetáculo que ganha relevância pelo discurso que propaga, que representa a tantas que ousam não se calar. Trata-se de uma peça que, sobretudo, dá às mulheres o poder de uma voz de liberdade. Isso é digno de efusivos aplausos.
★★★★
ISABEL DAS SANTAS VIRGENS E SUA CARTA À RAINHA LOUCA
Avaliação: Muito Bom
Crítica por Miguel Arcanjo Prado
Quinta a sábado, 20h, no Sesc Pinheiros – Rua Paes Leme, 195, Pinheiros, metrô Pinheiros ou Faria Lima, São Paulo [exepcionalmente, no feriado 7/9 a sessão é às 18h]. Compre seu ingresso!
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Editado por Miguel Arcanjo Prado
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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige Blog do Arcanjo e Prêmio Arcanjo. Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Cultura pela USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por Globo, Record, Folha, Ed. Abril, Huffpost, Band, Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Integra os júris: Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio do Humor, Prêmio Governador do Estado, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Prêmio DID, Prêmio Canal Brasil. Venceu Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio ANCEC, Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade do Prêmio Governador do Estado.
Foto: Rafa Marques
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