★★★★ Crítica: Anná lança EP Diaba repleto de autenticidade e verdade artística

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
★★★★
DIABA, EP de ANNÁ
Avaliação: Muito Bom
Crítica por Miguel Arcanjo Prado
“Então não era pra eu estar aqui, mas eu tô”, canta ANNÁ, atrevida, no samba Mas Eu Tô, que abre seu novo EP, DIABA, com quatro faixas. Nele, a carismática cantora paulista escancara as portas de um percurso estético notável e repleto de brasilidade, área que domina com louvor, afinal é cria dos bares da Vila Madalena. O seu bom humor e sua fartura de referências são percebidos nesta segunda seção do projeto “DEUSA Diaba da Terra do Sol”, um poderoso manifesto artístico que exige escuta atenta. O rock, aqui, não é um mero adereço, mas o motor de uma catarse íntima, uma convocação à “Diaba” que reside no âmago de cada um, símbolo da resistência feminina frente à opressão patriarcal. O rock Bem Bequenininha soa em ritmo de baladinha e em momentos dialoga com a Rita Lee dos tempos de Tutti Frutti, com direito a coro gospel e um canto rasgado da artista, que brinca de forma formidável com sua voz. A terceira faixa, Ter Ter Ter, com participação de Amanda Magalhães, também um delicioso rock, é uma crítica contundente ao materialismo dos tempos atuais. Pra Que Tanta Pressa?, quarta faixa que encerra o EP, é um samba com participação de Raquel Tobias e Jesus Sanchez. Nele, discorre sobre o ritmo frenético em que vivemos mergulhados, sobretudo na metrópole paulistana, onde ANNÁ faz sua música, sem perder a autenticidade e o frescor de quem vem de Mococa, no interior paulista. Esta coragem de gritar “não” ao ruído imposto e de cantar a sua verdade em um mundo que a sufoca, é a própria definição estética e ética de ser DIABA. O EP é uma faísca de autenticidade que rompe o cinzento da produção musical apressada e excessivamente comercial. Afinal, ANNÁ é artista de verdade. Siga @canta.anna
ANNÁ
A paulista Anná, natural de Mococa (SP), estreou com “Pesada”, EP que tratou de temas como gordofobia e brasilidade com influências do samba e do forró. Já em 2020, nasceu “Colar”, seu primeiro álbum solo, que fez florescer uma verdadeira explosão de ritmos, no que a artista chama de “música de colagem”, em que ela se desprende dos gêneros e linearidades, fluindo em levadas alternantes, passando numa mesma faixa por funk, tango, ijexá, reggae, rock e outros. No ano de 2022, foi a vez do “Brasileira”, disco que homenageia cada década da música nacional tendo o samba como fio condutor. Neste ano, multiartista lança o seu EP “DEUSA”, primeiro Ato do álbum “Deusa Diaba da Terra do Sol”, trabalho que expressa a diversidade sincrética da espiritualidade brasileira contemporânea.
Editado por Miguel Arcanjo Prado
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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige Blog do Arcanjo e Prêmio Arcanjo. Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Cultura pela USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Três vezes eleito um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por Globo, Record, Folha, Abril, Huffpost, Band, Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Integra os júris: Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio do Humor, Prêmio Governador do Estado, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Prêmio DID, Prêmio Canal Brasil. Venceu Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio ANCEC, Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade do Prêmio Governador do Estado.
Foto: Rafa Marques
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