Festival MixBrasil chega à 33ª edição como marco histórico mundial da diversidade

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
O Festival MixBrasil de Cultura da Diversidade não é apenas um evento, mas uma instituição com trinta e três anos de história, reafirmando-se como uma bússola de expressão e exaltação da cultura LGBTQIAPN+ em escala mundial. Ele chega à 33ª edição com uma robusta programação, entre 12 e 23 de novembro em São Paulo.

“Mesmo com escassez de investimentos públicos e privados e retrocessos em várias frentes, o 33º Festival MixBrasil cresce e celebra uma das maiores programações da sua história. A parceria com a Temporada França–Brasil 2025 e a seção Mundo Mix, que homenageia a Polônia, reforçaram essa potência coletiva”.
André Fischer
diretor do Festival MixBrasil
MixBrasil é referência mundial de diversidade
Nascido em 1993, na cidade de São Paulo, o MixBrasil alcançou o status de referência internacional, dedicando-se a apresentar ao Brasil a vanguarda mundial das representações artísticas sobre a diversidade sexual e a identidade de gênero, sendo pioneiro na exibição de filmes na temática no Brasil e na América Latina. Alguns títulos marcam a história do MixBrasil, como o longa pioneiro argentino Puto, de Pablo Oliverio, exibido em 2006, ou o curta brasileiro Eu Não Quero Voltar Sozinho, de 2010.

Para além de uma simples mostra, o Festival cultiva um ambiente de segurança e relevância, onde todas as pessoas se sentem importantes. Por mais de trinta anos, a Associação Cultural Mix Brasil tem promovido incansavelmente a inclusão social, abrindo espaço para diferentes estilos de vida e fomentando um espaço de discussões e trocas onde o respeito mútuo pavimenta o caminho para uma sociedade mais inclusiva. O propósito é claro: utilizar a arte como ferramenta para que o diverso, além de aceito, seja profundamente respeitado.

33º Festival Mix Brasil: A gente quer +
De 12 a 23 de novembro, a 33ª edição do Festival MixBrasil ocupa São Paulo, transformando diversos palcos culturais—incluindo CineSesc, Centro Cultural São Paulo, IMS Paulista, Museu da Diversidade Sexual e Teatro Sérgio Cardoso—em um esplêndido conclave da diversidade. Sob o tema “A Gente Quer+”, esta edição ostenta uma das maiores programações de sua história.
O acervo cultural é imponente: são 142 filmes oriundos de 33 países e 18 estados brasileiros, complementados por espetáculos teatrais, lançamentos literários, exposições de artes visuais, experiências XR (Realidade Estendida) e games.
Em um gesto que sublinha o valor de inovação e vanguarda que rege o Festival, este ano marca a estreia da Mostra Competitiva de Inteligência Artificial, apresentando 24 produções nacionais e internacionais que exploram as fronteiras criativas da IA.

Marisa Orth é a homenageada do MixBrasil
A solenidade inaugural será marcada pela exibição do longa-metragem francês “Me Ame com Ternura” (“Love Me Tender”), de Anna Cazenave Cambet, que estará presente no evento. O filme, exibido na mostra Un Certain Regard do Festival de Cannes, mergulha nas temáticas de maternidade, liberdade e novos afetos.
Ainda na noite de abertura, a atriz Marisa Orth receberá o Prêmio Ícone Mix, uma justa homenagem à sua distinta trajetória e contribuição histórica, especialmente por capitanear, desde 1999, o lendário Show do Gongo, um símbolo de irreverência e celebração coletiva no seio do MixBrasil.
A mostra cinematográfica abrange longas aclamados em festivais de renome global, como “Twinless – Um Gêmeo a Menos” (vencedor do público em Sundance) e “O Olhar Misterioso do Flamingo” (premiado em Cannes).

A seleção nacional é igualmente potente, refletindo a pluralidade de corpos, identidades e linguagens do cinema queer contemporâneo, além de incluir uma mostra dedicada à Polônia e a exibição dos três primeiros episódios da série brasileira “Ayô”, dirigida por Yasmim Thayná e estrelada por Lucas Oranmian, Lázaro Ramos e Caio Blat.
Diálogos
O Festival MixBrasil se define por sua natureza multidisciplinar, dedicando-se a criar um espaço que desafia fronteiras artísticas e sociais. Esta edição reforça esse compromisso em diversas frentes:
Dramática MixBrasil: Apresenta oito espetáculos teatrais que exploram o desejo, a reinvenção da existência e a memória.
Mix Literário: Em sua oitava edição, traz mesas de debate, oficinas e a participação de Anne Pauly, notável voz da literatura lésbica francesa.
Mix XR e Artes Visuais: A mostra dedicada às experiências imersivas em realidade virtual, junto com a maior exposição de artes visuais já realizada pelo festival, demonstra o valor intrínseco de Diálogo e Colaboração do evento.

Encontro da diversidade
Ao reunir milhares de pessoas, tanto em espaços físicos quanto digitais, o MixBrasil cumpre sua missão fundamental de reduzir o isolamento e a ignorância. Sua visão de ser uma referência global em arte e cultura da diversidade é sustentada por valores como diversidade e inclusão, sustentabilidade e consciência Social, e um profundo apreço pela história e continuidade das lutas e conquistas da comunidade. O evento propicia a educação, a conscientização e o questionamento de antigos preceitos acerca da diversidade, facilitando a expansão da consciência e promovendo um intercâmbio que transcende as barreiras da arte e do pensamento.
Acompanhe a programação do 33º MixBrasil
Editado por Miguel Arcanjo Prado
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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige Blog do Arcanjo e Prêmio Arcanjo. Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Cultura pela USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Três vezes eleito um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por Globo, Record, Folha, Abril, Huffpost, Band, Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Integra os júris: Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio do Humor, Prêmio Governador do Estado, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Prêmio DID, Prêmio Canal Brasil. Venceu Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio ANCEC, Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade do Prêmio Governador do Estado.
Foto: Rafa Marques
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