Ayô tem estreia lotada no Festival do Rio com saga de ator gay baiano e negro em São Paulo

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
Enviado especial ao Rio de Janeiro
Uma produção audiovisual que reúne as angústias da incerta carreira de um ator, atravessadas pelo fato de este ser um migrante nordestino em São Paulo, negro, gay e que se encontra longe da família. Sobre tudo isso fala a série Ayô, criada e protagonizada por Lucas Oranmian, produzida por Gabriel Bortolini e dirigida por Yasmin Thayná, que ganhou primeira exibição no 27º Festival do Rio, na última segunda, 6, quando lotou duas salas do Estação NET Rio. No mesmo dia, o elenco almoçou com a imprensa, evento do qual participou o Blog do Arcanjo, no restaurante Cais do Oriente, no centro histórico carioca.
O roteiro de Oranmian é autoficcional. Assim como ele, o protagonista, Ayô, é um jovem baiano que tenta a sorte no mercado audiovisual de São Paulo. “Eu já tenho uma carreira no audiovisual e no teatro como ator, mas esta é minha estreia como roteirista. É muito especial estrear este projeto no qual pude colocar vivências tão íntimas no Festival do Rio, colocando na telona a afetividade do homem negro e gay em uma nova narrativa”, celebrou.
Yasmin Thayná, que estreia na direção de série após dirigir a novela Dona de Mim na Globo e trabalhar em um longa sobre a ginasta Daiane dos Santos, lembrou que o projeto só foi possível pelo financiamento estatal, via Lei Paulo Gustavo. “Essa é minha primeira direção de uma obra seriada, sozinha com direção geral, e isso graças à oportunidade que o Lucas e o Gabriel me deram. Acho que essa é a força do independente e do dinheiro público. É importante dizer que essa série foi financiada com dinheiro público. São vários artistas, técnicos, muita gente criando e isso graças à política pública, em que a gente tem que acreditar e lutar sempre”, defendeu.

A série traz Caio Blat como Manu, o namorado do protagonista Ayô. “Conheço o Lucas Oranmian há muito tempo e o admiro muito. Já trabalhamos juntos várias vezes e quando ele me fez o convite aceitei na hora. É uma história importante de ser contada”, afirmou.
Já Gilda Nomacce, atriz tarimbada do audiovisual e recentemente alçada ao posto de meme com sua terrorífica participção em um telejornal do Maranhão para divulgar o filme Enterre Seus Mortos, que estreia em 30 de outubro nos cinemas, vive a agente de Ayô, Carla. “Na série, cabe à minha personagem falar para o Ayô coisas difíceis do mercado”, adianta, como por exemplo o fato de atores como ele ainda serem escalados para personagems esterotipados. Infelizmente, o racismo e a homofobia ainda interferem nas escolhas de personagens no audiovisual.
Outro destaque na série, na pele de João, novo relacionamento de Ayô, é Breno Ferreira, que faz sucesso atualmente em Vale Tudo como o personagem André. O elenco ainda traz participações de Aretha Sadick, Tania Toko, Kibba, Odá Silva, Caio Mutai, Jamile Cazumbá, Mawusi Tulani, Rafael Lozano, Clodd Dias, Uiliana Lima, Letícia Rodrigues, Ilunga Malanda e Antônio Miano.
A exibição de Ayô integrou o Especial Séries Brasileiras, que exibe no 27º Festival do Rio mais três produções, entre elas a badalada série Tremembé.
*Miguel Arcanjo Prado é jornalista e crítico oficialmente credenciado no Festival do Rio.
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Editado por Miguel Arcanjo Prado
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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige Blog do Arcanjo e Prêmio Arcanjo. Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Cultura pela USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Três vezes eleito um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por Globo, Record, Folha, Abril, Huffpost, Band, Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Integra os júris: Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio do Humor, Prêmio Governador do Estado, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Prêmio DID, Prêmio Canal Brasil. Venceu Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio ANCEC, Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade do Prêmio Governador do Estado.
Foto: Rafa Marques
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