‘Temos um acervo rico do cinema brasileiro e queremos compartilhar’, diz Raquel Hallak sobre plataforma da Universo Produção

Por VIVIVANE PISTACHE
Especial para o Blog do Arcanjo
Enviada especial a Belo Horizonte
Em atividade constante nos últimos 30 anos, Raquel Hallak, da Universo Produção, é uma das mais importantes gestoras e articuladoras do cinema brasileiro. À frente do projeto Cinema Sem Fronteiras, que reúne três grandes festivais e um evento de mercado audiovisual em Minas Gerais, a Mostra de Cinema de Tiradentes, a CineOP – Mostra de Cinema de Ouro Preto, a CineBH – Mostra Internacional de Cinema de Belo Horizonte e o Brasil CineMundi, ela quer compartilhar com o público o precioso acervo que reuniu nas últimas três décadas e que contam a história e a evolução da indústria audiovisual no Brasil desde a retomada.
Em conversa exclusiva com a crítica e roteirista Viviane Pistache para o Blog do Arcanjo, durante a CineBH, nos jardins do Palácio das Artes, em Belo Horizonte, Raquel Hallak contou que começou a pensar uma plataforma própria da Universo Produção durante a pandemia.
“A plataforma está em construção. Na verdade, ela foi o primeiro projeto que eu tive ideia, na pandemia. Pensei: precisamos fazer uma plataforma. A pandemia vem em março de 2020, em abril, eu falei: ‘a gente tem que garantir o nosso futuro’. Foi muito nesse sentido. Porque foi assustador não fazer evento presencial, promovendo encontro, porque nossos eventos, em si, são um grande encontro”, lembra da sensação que teve.

“Eu falei, como que a gente não vai deixar isso morrer? Como que a gente vai perpetuar esse trabalho? Então a plataforma começou a ser pensada. E aí, durante a pandemia, eu reuni todos os colaboradores da Universo Produção, depois a gente viu que ia demorar um tempinho para a gente voltar, para a gente precisar sobre esse conceito, que plataforma nós queremos, foi aí, inclusive, que surgiu a ideia de a gente fazer a Mostra em BH, dedicada ao recorte latino-americano”, recorda. “Porque quando a gente falava mostra internacional, era tudo muito amplo. Então, veio essa ideia de fazer um recorte dentro do internacional daquilo que era uma lacuna no Brasil, o cinema latino-americano”, conta.

Segundo Raquel Hallak “essa plataforma está a caminho”. E lembra que registrar suas mostras sempre foi uma preocupação, para o registro da história e do caminho do cinema nacional, que se reflete em seus festivais.
“Outro registro também que a gente procura sempre fazer são os livros, são as publicações, para a gente eternizar exatamente essa vivência. Quando a gente fez 15 anos da Mostra de Tiradentes, o livro que a gente lança é um olhar sobre essa trajetória de 15 anos. O que aconteceu? E aí é muito emblemático, porque foram várias transformações”, pontua.

“Depois da pandemia, a gente está vendo as transformações com a chegada da inteligência artificial, com a automação dos processos de criação, inclusive distribuição de acesso. Há um tempo atrás, era o digital que estava fazendo essas transformações. A gente começa um evento que era película e longa-metragem de ficção e de animação. Era uma época que ainda tinha vídeo, tinha essa separação, então tinha uma programação de longa e curta e tinha uma programação de vídeo. A gente vê essas transformações nessa publicação”, diz.
“A nossa história tem a ver com a retomada do cinema brasileiro. Então, é uma história, é uma trajetória que é um reflexo do que foi acontecendo com o audiovisual em todos os sentidos, de quem estava fazendo o cinema, dos críticos, da mudança nos jornais, da surgimento dos sites eletrônicos de cinema, de quem estava chegando na cena. Então essas mudanças todas a gente, de certa forma, ou está registrado, seja nos nossos catálogos, nas nossas publicações, nos nossos debates e vídeos. Uma inquietação é como que eu faço para que esta edição não morra aqui no final dela? E aí a plataforma vem para a gente poder pegar esse acervo inteiro e disponibilizar, como a entrevista com o homenageado completa, o que a imprensa produziu e os debates. A gente tem um acervo muito rico do cinema brasileiro que queremos compartilhar com o público”, conclui.

O jornalista e crítico Miguel Arcanjo Prado viaja a convite da CineBH. Conteúdo produzido em parceria com a Universo Produção. Acompanhe a coberturra da Mostra CineBH!
Editado por Miguel Arcanjo Prado
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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige Blog do Arcanjo e Prêmio Arcanjo. Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Cultura pela USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Três vezes eleito um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por Globo, Record, Folha, Abril, Huffpost, Band, Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Integra os júris: Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio do Humor, Prêmio Governador do Estado, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Prêmio DID, Prêmio Canal Brasil. Venceu Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio ANCEC, Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade do Prêmio Governador do Estado.
Foto: Rafa Marques
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