Três Graças tem figurinos coloridos, diversos e cheios de vida

Três Graças tem diversidade nos figurinos © Divulgação Globo Blog do Arcanjo 2025

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo

A nova novela das nove da Globo, ‘Três Graças’, aposta em uma estética pulsante e não-realista para contar sua história com o vigor e a intensidade típicos de uma tragicomédia. Todo o conceito visual foi desenvolvido pelo diretor artístico Luiz Henrique Rios em parceria com a diretora de arte May Martins. Juntos, com as equipes de cenografia, iluminação, produção de arte, figurino e caracterização, construíram uma proposta única que traduz a força dos personagens e dos espaços que habitam.  Comandadas por Paula Carneiro no figurino e Gilvete Santos na caracterização, as equipes criativas entregam um trabalho minucioso que reflete a diversidade social, estética e cultural dos personagens criados por Aguinaldo Silva, Virgílio Silva e Zé Dassilva.  

A proposta ultrapassa o naturalismo e aposta em visuais ousados, que traduzem a identidade de cada núcleo da trama. Na comunidade fictícia Chacrinha, a protagonista Gerluce, vivida por Sophie Charlotte, representa uma mulher periférica, funcional e vaidosa. “Ela usa tênis porque atravessa a cidade para trabalhar. Mas também veste blusas decotadas, jeans justos e acessórios simples. É feminina, forte e real”, diz Paula. Na caracterização, Gilvete apostou em cabelos encaracolados, lápis preto nos olhos e batom vinho, além de protetor solar com cor para manter a autenticidade. “É o que dá tempo na correria do dia a dia”, comenta.  

O cantor e ator Belo, conhecido pelos cabelos loiros, escureceu as madeixas para interpretar Misael, um dos moradores da Chacrinha. Já Bagdá, interpretado por Xamã, deve chamar atenção com peças em animal print e correntes que utiliza no pescoço. Dentre os outros personagens que circulam na comunidade, Joélly (Alana Cabral), adolescente que se descobre grávida, tem figurinos inspirados na moda acessível da periferia. “A moda está nos sites e aplicativos de compras. As meninas têm acesso, gostam de pintar a unha, usar cropped, jardineiras. Fizemos pesquisa de campo na Brasilândia para entender esse universo”, revela Paula. Já os personagens Raul (Paulo Mendes), Vandílson (Vinicius Teixeira) e Alemão (Lucas Righi) exibem cabelos descoloridos, tranças e tatuagens. “Pesquisei muito nas comunidades de São Paulo. Quis trazer essa vibe real, que a gente vê nas ruas”, afirma Gilvete.   

Do outro lado da cidade, o núcleo da elite paulistana revela personagens com visual sofisticado, muitas vezes, à beira do exagero, como no caso de Arminda, interpretada por Grazi Massafera, uma mulher rica e imponente. Gilvete transformou o cabelo loiro da atriz em um tom marrom acobreado. “Arminda é uma mulher paulistana rica, que vive no salão e só anda impecável. Ela dorme e acorda montada”, explica. Paula complementa com figurinos inspirados nos anos 1980: vestidos longos, salto alto, joias expressivas, tecidos esvoaçantes e ombros marcados. “Arminda é como uma escultura dentro da casa. É teatral, autêntica, dona de si”, observa a figurinista.  

Zenilda, vivida por Andréia Horta, é uma mulher elegante e discreta. “É como se ela morasse em cima de um shopping e descesse para comprar nas lojas de luxo. Usa alfaiataria, tons neutros e se veste para agradar o marido”, conta Paula. 

Lorena, interpretada por Alanis Guillen, se destaca pelo olhar apurado e consciente. Seu figurino é composto por peças de brechó, misturas ousadas de estampas e uso de couro ecológico, refletindo sua personalidade autêntica e seu embate com o pai conservador. “A Lorena é toda ‘brecholenta’. Ela mistura estampa, cores. E usa gravata. Diferentemente do pai, Ferette (Murilo Benício), ela tem um olhar para o planeta”, afirma Paula, que aposta no visual da personagem como tendência.   

Ferrette, vivido por Murilo Benício, também passou por uma transformação marcante. Inspirado em ícones como Richard Gere e George Clooney, Gilvete criou um cabelo branco acinzentado, alinhado e mais comprido. “Em geral, o paulistano é ‘na régua’. Corte definido, barba desenhada, tudo impecável. É isso que estamos buscando levar para a tela. No caso do Murilo, foram nove horas no salão para chegar nesse tom. Fizemos mechas invertidas para dar essa mistura de acinzentado com branco”, conta. No figurino, Ferrette veste ternos de gola alta e usa óculos de lente rosa, reforçando sua sofisticação.  

Com estreia prevista para 20 de outubro, ‘Três Graças’ é uma novela criada e escrita por Aguinaldo Silva, Virgílio Silva e Zé Dassilva, com direção artística de Luiz Henrique Rios e produção de Gustavo Rebelo e Silvana Feu. A direção de gênero é de José Luiz Villamarim.

Editado por Miguel Arcanjo Prado

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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige Blog do Arcanjo e Prêmio Arcanjo. Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Cultura pela USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Três vezes eleito um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por Globo, Record, Folha, Abril, Huffpost, Band, Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Integra os júris: Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio do Humor, Prêmio Governador do Estado, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Prêmio DID, Prêmio Canal Brasil. Venceu Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio ANCEC, Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade do Prêmio Governador do Estado.
Foto: Rafa Marques
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