Fafá de Belém, O Musical terá a força da cantora icônica do Norte em superprodução teatral

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
A força do Norte vai ocupar os palcos brasileiros no próximo ano. Fafá de Belém, O Musical promete ser um dos grandes espetáculos de 2026, com previsão de estreia em janeiro no Teatro Riachuelo, no Rio, e depois temporada em São Paulo e turnê pelo Brasil. Idealizado por Jô Santana, da Fato Produções Artíticas, e dirigido por Gustavo Gasparani, a superprodução homenageia a grande cantora brasileira Maria de Fátima Palha de Figueiredo, a Fafá de Belém, que completa 50 anos de carreira neste ano e fará 70 anos de vida em 9 de agosto de 2026. O espetáculo tem patrocínio da Laranjinha Itaú e apoio do Itaú Cultural, por meio da Lei de Incentivo à Cultura do Ministério da Cultura do Governo Federal.


Fafá de Belém, O Musical é apresentado à imprensa em encontro no Itaú Cultural
Fafá de Belém, Jô Santana, Gustavo Gasparani e as atrizes Lucinha Lins e Helga Nemeczyk, que interpretarão Fafá no musical, apresentaram o espetáculo à imprensa na tarde desta quarta, 4 de setembro, em encontro no qual esteve o Blog do Arcanjo, realizado no prédio do Itaú Cultural na Avenida Paulista, instituição que apoia o projeto. A seguir, saiba todos os detalhes do espetáculo!

Fafá de Belém, O Musical: Um espetáculo em três planos
Fafá de Belém, o Musical começa pela floresta amazônica, berço da artista. Lendas e mitos dos povos da floresta – indígenas, ribeirinhos, marajoaras, entre outros — conduzem o começo da saga da cabocla Fafá. Ecologia, meio ambiente e MPB são ingredientes que compõem o roteiro. A história será contada em três planos. No início da peça, os planos se estabelecem de forma independente; a partir de determinado momento, eles se atravessam e se completam. O primeiro plano se passa no presente, durante a gravação de um documentário em homenagem aos 50 anos de carreira de Fafá de Belém. A partir de suas lembranças, vão surgindo os demais planos. O segundo plano representa a memória da infância, em uma Belém lírica – entre mitos e lendas. No terceiro plano, assistimos à construção da carreira da cantora – de Belém para o mundo. Três atrizes interpretarão a cantora nas fases da infância, juventude e maturidade: Fafá-menina (ainda em processo de seleção), Fafá-cantora (Helga Nemeczyk) e Fafá de Belém (Lucinha Lins).
“Fafá de Belém faz parte da trilha sonora das nossas vidas. Fafá de Belém é um monumento, me sinto honrada em interpretá-la. O musical vai surpreender demais porque conta coisas que ninguém sabe.”
Lucinha Lins
“Foi maravilhoso receber esse convite. Fazer Fafá de Belém não vai ser uma coisa fácil, mas tenho certeza que será lindo, porque já estamos sentindo aquele clima de união, que é fundamental para uma produção deste porte. Posso adiantar que tem muita cultura nortista nesta peça, o público vai enlouquecer”
Helga Nemeczyk

Fafá de Belém: Uma cantora à frente do seu tempo
A cabocla de voz sensual que invadiu a cena musical brasileira em meados dos anos 1970 quebrou padrões de comportamento, trazendo consigo toda a cultura da região Norte do país. Segundo o jornalista Arthur da Távola, foi através da voz da jovem Fafá, pela tela da TV, que ele pôde descobrir o Brasil profundo, amazônico, tão pouco conhecido, até então, pelos brasileiros das grandes capitais.
A canção era “Filho da Bahia”, de Walter Queiroz, que fazia parte da trilha sonora da novela Gabriela, da TV Globo. E, assim, com apenas 18 anos, aquela menina que vinha da floresta entrou nas casas de todo o país com o seu sorriso aberto, sua gargalhada inconfundível, suas curvas, seus seios fartos, seu jeito espontâneo e livre de viver.

A partir de 1979, se torna uma porta voz na luta pelos direitos da mulher, cantando músicas com viés mais feminista, como: “Bilhete”, “Sob medida” e “Que me venha esse homem”. Foi a musa da campanha Diretas Já, viajando país afora e reivindicando o direito de os brasileiros votarem para presidente.
A canção “Menestrel das Alagoas” virou o hino do movimento e, de fato, Fafá se aproximou mais do povo. Como consequência, passou a gravar um repertório mais popular: “Abandonada” e “Nuvem de lágrimas” – o que resultou em um aumento significativo na vendagem de seus discos. Como se já não bastasse tanta popularidade, a cantora coleciona hits em diversas trilhas de novelas. São mais de 70 canções!

Religiosidade
Falar de Fafá é falar do Círio de Nazaré, maior evento religioso do mundo. É misturar a fé católica à fé cabocla. É religião com indigenismo. É cantar para os três papas que visitaram o Brasil e, também, cantar mambos, cúmbias, calipsos e carimbós – ritmos que formaram a sua identidade musical paraense.

Paixão portuguesa e hit jovem Emoriô
E, seguindo o fluxo dos rios, a voz que veio da floresta desaguou em Portugal, onde reina absoluta entre fados e pimbas, tornando-se cidadã portuguesa. Com seu temperamento rasgado e passional, conquistou a comunidade LGBTQIA+, dialogou com as novas gerações e estourou mundialmente com o remix da canção “Emoriô”, feito pela jovem dupla francesa Trinix. A faixa virou hit nas baladas brasileiras e, também, nas pistas da Europa.

Raízes Amazônicas
Por fim, Fafá de Belém rodou o mundo, mas nunca se desconectou de suas raízes amazônicas. A mestiçagem e a miscigenação de povos, etnias e elementos culturais e religiosos são parte importante de sua obra musical e de sua visão de mundo. Nossa homenageada é embaixadora do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) e da Fundação Amazônia Sustentável, além de ser uma das vozes que fomentou a escolha de Belém para sediar a mais recente edição da COP – Conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas.
Fafá de Belém, O Musical é lançado no Itaú Cultural em São Paulo com presença da cantora: Blog do Arcanjo mostra bastidores!






















Conteúdo produzido em parceria com a Fato Produções Artísticas.
Editado por Miguel Arcanjo Prado
Siga @miguel.arcanjo
Ouça Arcanjo Pod
Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige Blog do Arcanjo e Prêmio Arcanjo. Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Cultura pela USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por Globo, Record, Folha, Ed. Abril, Huffpost, Band, Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Integra os júris: Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio do Humor, Prêmio Governador do Estado, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Prêmio DID, Prêmio Canal Brasil. Venceu Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio ANCEC, Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade do Prêmio Governador do Estado.
Foto: Rafa Marques
© Blog do Arcanjo por Miguel Arcanjo Prado | Todos os direitos reservados.