Macuco de Victor Nóvoa chega ao Sesc Pinheiros para discutir ancestralidade, memória e ataques à natureza

Macuco estreia no Sesc Pinheiros © Noelia Najera Divulgação Blog do Arcanjo 2025

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo

O espetáculo “Macuco” estreia em São Paulo, no Sesc Pinheiros, nesta quarta, 16. A montagem tem dramaturgia de Victor Nóvoa e direção de Luiz Fernando Marques (Lubi) e aborda temas como a questão climática e a ancestralidade, apresentando a história de um homem que retorna à ilha onde nasceu, onde faz uma espécie de acerto de contas com seu passado e desejo de futuro. A temporada se estende até 30 de agosto. Estão no elenco Edgar Castro e Vitor Britto.

A trama de “Macuco” se desenvolve a partir da memória, ancestralidade e resistência. O protagonista é Sebastião, um entregador de aplicativo. Ele confronta lembranças de um incêndio ocorrido há mais de 50 anos, evento que o levou a deixar sua vila de pescadores.

Um sonho envolvendo macucos, aves da Mata Atlântica ameaçadas de extinção, sinaliza um novo incêndio ameaçando sua mãe, Cleide do Ilhote. Este presságio impulsiona Sebastião a retornar à ilha, onde novos fatos acontecem.

A equipe criativa da montagem inclui artistas com conexão a regiões litorâneas brasileiras, locais que compartilham as problemáticas expostas na peça.

Victor Nóvoa, dramaturgo do bairro Macuco, em Santos, utiliza memórias de familiares caiçaras para construir a narrativa. Nóvoa destaca a função do teatro em refletir sobre problemas socioambientais, mencionando a destruição da Mata Atlântica e de comunidades tradicionais. A peça também aborda a transformação da ilha em um resort, aspecto que se integra à crítica apresentada.

“Das inúmeras urgências do nosso tempo, penso que o teatro precisa refletir os problemas socioambientais – e Macuco discute isso a partir da destruição da Mata Atlântica e das comunidades tradicionais que ali vivem”.
Victor Nóvoa

Criativo

“Macuco” incorpora elementos do teatro narrativo e da experimentação audiovisual. Lubi explica que a mescla entre teatro e cinema, simbolizando a era das telas, busca gerar atrito e provocar a participação do público.

Para o diretor, a estética da peça funciona como um gesto político, transformando a questão climática, vista como uma tirania do homem sobre a natureza, em um convite coletivo à ação.

A cenografia, concebida por Lubi, apresenta um mastro com uma vela de barco que gira 360 graus, servindo como suporte para projeções.

Helena Cardoso, diretora de produção e assistente de direção, descreve a vela em movimento como uma representação do tempo na peça, constante e um lembrete para a ação.

A trilha sonora, com sons do mar e o canto do macuco, cria uma atmosfera que conecta sonho e realidade. O desenho de luz é de Matheus Brant, os figurinos de Rogério Romualdo e os adereços de Beatriz Mendes.

Serviço

O espetáculo “Macuco” tem sua estreia em 16 de julho, quarta-feira, às 20h. A temporada segue de 17 de julho a 30 de agosto, de quinta a sábado, sempre às 20h. A duração da peça é de 70 minutos e a classificação indicativa é de 12 anos. Os ingressos têm os valores de R$ 50,00 (inteira), R$ 25,00 (meia) e R$ 15,00 (credencial plena). As sessões ocorrem no Auditório do Sesc Pinheiros, localizado na Rua Paes Leme, 195, em Pinheiros, São Paulo.

Editado por Miguel Arcanjo Prado

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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige Blog do Arcanjo e Prêmio Arcanjo. Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Cultura pela USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por Globo, Record, Folha, Ed. Abril, Huffpost, Band, Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Integra os júris: Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio do Humor, Prêmio Governador do Estado, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Prêmio DID, Prêmio Canal Brasil. Venceu Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio ANCEC, Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade do Prêmio Governador do Estado.
Foto: Rafa Marques
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