Carnaval Rio de Janeiro: religiosidade e crenças pessoais permanecem no segundo dia dos desfiles

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
Colaborou Felipe Rocha
O Carnaval segue fervendo no Brasil! O segundo dia dos desfiles do Grupo Especial do Rio de Janeiro não foi tão distante do primeiro: a maioria das escolas abordou as crenças pessoais como temática, seja em seres fantásticos ou divindades, além de continuar trazendo enredos afro. Mas uma homenagem ganhou grande destaque: a despedida de Neguinho da Beija-Flor, que deixa a agremiação após 50 anos. Da noite desta segunda (3) para a madrugada de terça (4), quatro escolas passaram pelo Sambódromo da Marquês de Sapucaí: Unidos da Tijuca, Beija-Flor, Salgueiro e Vila Isabel. O Blog do Arcanjo resume tudo que aconteceu neste segundo dia, juntamente com os cliques de cada escola de samba; confira a seguir:
Unidos da Tijuca
A Unidos da Tijuca iniciou o segundo dia dos desfiles apresentando um enredo sobre o orixá Logun-Edé, conhecido como o “Santo menino que o velho respeita”, sob composição de Anitta. O desfile mostrou a vida da entidade, com a ajuda de integrantes grávidas que representavam sua gestação sagrada no abre-ala, em uma apresentação colorida com o pavão símbolo da escola.




Beija-Flor
Neguinho da Beija-Flor emocionou o público ao trazer um enredo que homenageia o carnavalesco Laíla, falecido em 2021. A comissão de frente evocou a figura de Laíla de volta à avenida como uma criança, abençoado pelos santos em meio à comunidade de Nilópolis – e de uma bonita alegoria com “velas” eletrônicas que surgiam do chão. O desfile também marcou a despedida de Neguinho da Beija-Flor, após 50 anos dentro da agremiação.




Salgueiro
Em um desfile bem colorido, o Salgueiro utilizou o samba enredo “Salgueiro de Corpo Fechado” para falar sobre rituais de proteção espiritual e a relação entre a fé e a cultura afro-brasileira. O mestre-sala e a porta-bandeira representaram Xangô e Iansã, dois orixás guerreiros. Um fato que chamou a atenção foi que eles dançaram duas vezes, mas com roupas diferentes. Figura ilustre do Carnaval, Viviane Araújo marcou presença como rainha de bateria.




Vila Isabel
A Unidos de Vila Isabel foi a que mais destoou do que vimos neste segundo dia, pois focou em investigar o sobrenatural, com seres fantásticos que não existem na realidade em que vivemos, como vampiros, monstros e bruxas. Com um desfile ousado, assombroso e criativo, o enredo da Vila Isabel foi “Quanto mais eu rezo, mais assombração aparece!”. Na comissão de frente, a história sobre o homem que enganou o diabo contava com os atores Amaury Lorenzo e José Lorenzo – e com um drone, que mostrava a transformação do herói em uma abóbora voadora.




Editado por Miguel Arcanjo Prado
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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige Blog do Arcanjo e Prêmio Arcanjo. Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Cultura pela USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por Globo, Record, Folha, Ed. Abril, Huffpost, Band, Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Integra os júris: Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio do Humor, Prêmio Governador do Estado, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Prêmio DID, Prêmio Canal Brasil. Venceu Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio ANCEC, Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade do Prêmio Governador do Estado.
Foto: Rafa Marques
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