Ana Paula Dias é destaque como Cássia em Tremembé: ‘Série causou um alvoroço’ – Entrevista do Arcanjo

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
Tremembé foi a série do streaming que mais deu o que falar em 2025. A obra do Prime Video vencedora do 7º Prêmio Arcanjo, na categoria Especial em Streaming e TV em 2025, tem como destaque do talentoso elenco ANA PAULA DIAS, atriz com trajetória sólida nos palcos, como a detenta Cássia, parceira de Sandrão (Letícia Rodrigues), Elize Matsunata (Carol Garcia) e Suzane von Richtofen (Marina Ruy Barbosa). Por trás dessa entrega visceral está uma artista cuja trajetória transborda uma busca incessante pela verdade cênica. Formada pela Faap e lapidada em centros de excelência como a NYFA e o True Acting Institute, Ana Paula consolidou-se como uma das maiores especialistas na abordagem Meisner no Brasil, que trabalha justamente o estado de presença do ator. Seu currículo é um mosaico de competências: atriz, diretora, dramaturga e educadora. Da preparação de elenco em obras como Além do Guarda-roupa à gestão do espaço cultural °ANDAR, onde realizou neste ano seu sensível solo Bombordo ou Uma Ilha para o Esquecimento, ela transita entre o rigor acadêmico da USP e a efervescência do teatro paulistano. Após colaborar com nomes como Felipe Hirsch e Newton Moreno, Ana colhe os louros de sua maturidade artística com a popularidade da série, provando que o sucesso na tela é o desdobramento natural de um percurso dedicado à lapidação do ofício. Nesta entrevista exclusiva ao jornalista Miguel Arcanjo Prado, a atriz Ana Paula Dias fala ao Blog do Arcanjo sobre este momento tão especial com o sucesso de Tremembé.

Entrevista do Arcanjo com Ana Paula Dias
Miguel Arcanjo Prado – Qual foi o maior desafio de interpretar a Cássia em Tremembé? Como desenvolveu a criação da personagem?
Ana Paula Dias – Acredito que, para todos nós, o maior desafio foi não cair no estereótipo e tornar esses seres humanos verossímeis. Estamos muito distantes da realidade carcerária e esse “peso” do cotidiano prisional talvez tenha sido o ponto de maior cuidado em nossa construção.
Miguel Arcanjo Prado – A Cássia existiu na vida real? Você buscou informações sobre ela? Chegou a ter algum contato antes ou após a exibição da série?
Ana Paula Dias – Essa personagem é inspirada em uma pessoa real, mas que utilizava outro nome. Eu não conhecia o crime dela a fundo, pois há pouca informação disponível. Na verdade, só tomei conhecimento dos detalhes na pré-estreia, quando li o livro do Ulisses Campbell. Não tivemos contato com nenhuma das pessoas reais que inspiraram a trama.
Miguel Arcanjo Prado – Como está sendo a repercussão da série para você? Qual retorno tem recebido do público?
Ana Paula Dias – Tem sido muito interessante observar o alvoroço que a série está causando. Acho que não tínhamos noção da proporção que ela tomaria. O que mais percebo são as pessoas discutindo sobre o prazer de assistir em contraste com a culpa, ou até o horror de ver essas histórias sendo narradas.

Miguel Arcanjo Prado – Como foi ganhar o Prêmio Arcanjo especial com Tremembé?
Ana Paula Dias – Foi uma experiência muito gratificante para todos nós. Esperamos que seja o primeiro de muitos reconhecimentos para a série.
Miguel Arcanjo Prado – Já foi anunciado que Tremembé terá segunda temporada. Você deseja o retorno da Cássia?
Ana Paula Dias – Amaria. Acho que seria formidável ver o desenrolar de outras histórias. Veremos o que o futuro nos reserva.

Miguel Arcanjo Prado – Este é seu papel de maior popularidade até o momento? Já foi reconhecida na rua? Como foi a experiência?
Ana Paula Dias – No audiovisual, sim. Em 2012, criei uma webserie chamada Histórias da Ana que teve muita repercussão na época, mas o YouTube não possuía o alcance que o streaming detém hoje; então, não há comparação. Muitas pessoas que me conhecem nem me identificam na série, o que acho divertidíssimo. Mas já fui reconhecida em ambientes que frequento habitualmente, como na academia.
Miguel Arcanjo Prado – A família ficou contente em ver você em Tremembé? Teve algum parente que não via há muito tempo que mandou mensagem?
Ana Paula Dias – Sim, minha família apreciou muito. Sempre aparece algum parente distante, mas está sendo prazeroso permitir que as pessoas desfrutem da reverberação do nosso trabalho. As pessoas ficam felizes e sentem orgulho em contar aos outros que nos conhecem.

Miguel Arcanjo Prado – Tremembé conta com muitos atores do teatro de São Paulo. Como você vê esse diálogo entre o audiovisual e o teatro?
Ana Paula Dias – Acredito que, cada vez mais, o audiovisual deveria dar voz a tantos talentos que, muitas vezes, não ganham destaque ou oportunidade por ainda não terem currículo na tela. Para nós, foi fundamental virmos do teatro, pois a formação de “bando” e o senso de coletivo são pilares muito fortes no palco. Para a obra em si, essa união foi crucial.

Miguel Arcanjo Prado – Você pretende realizar novos projetos no audiovisual após esse êxito em Tremembé? Já tem algum projeto para 2026?
Ana Paula Dias – Espero ter oportunidades em trabalhos distintos e desafiadores. Em 2026, pretendo retornar com meu solo BOMBORDO OU ILHA PARA O ESQUECIMENTO, seguir com minhas aulas de Meisner, aproveitar a reabertura do °ANDAR e, quem sabe, integrar novamente o elenco de Tremembé.
Agradecemos: Anayan Moretto e º Andar.
Editado por Miguel Arcanjo Prado
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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige Blog do Arcanjo e Prêmio Arcanjo. Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Cultura pela USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Três vezes eleito um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por Globo, Record, Folha, Abril, Huffpost, Band, Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Integra os júris: Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio do Humor, Prêmio Governador do Estado, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Prêmio DID, Prêmio Canal Brasil. Venceu Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio ANCEC, Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade do Prêmio Governador do Estado.
Foto: Rafa Marques
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