Liniker celebra turnê Bye Bye Caju com shows em estádios: ‘Especial e emocionante’ – Entrevista do Arcanjo

Liniker fará shows em estádios pelo Brasil na turnê Bye Bye Caju em 2026 © Caroline Lima Divulgação Blog do Arcanjo 2025

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo

Desde criança, Liniker escreve diários. Na adolescência, o hábito se consolidou e a acompanha até hoje, na vida adulta, aos 30 anos. A relação que desenvolveu com a caneta e o papel é algo que faz parte de seu cotidiano, de seu íntimo. Talvez, por isso, sua produção musical é tão autoral e sensível, como atesta seu álbum Caju.

Liniker lembra que, quando chegou para a reunião em uma padaria paulistana que daria o início ao ousado projeto daquele que vira a ser seu álbum de maior projeção, levou o planejamento de tudo anotado em um caderno. Mais uma vez, papel e caneta antecipavam a realidade.

“Eu ainda estava de preceito”, conta, lembrando de sua iniciação ao candomblé. “Fiz um planejamento de dois anos, inclusive com data de tudo. Lembro que já estava escrito que Caju seria lançado em 19 de agosto, porque queria que ele tivesse a energia de leão, já não queria que o álbum fosse canceriano que nem eu”, confidencia a artista nascida em 30 de julho de 1995.

Liniker conversou com o Blog do Arcanjo na manhã chuvosa desta quarta, 17 de dezembro, com os termômetros na casa dos 17 graus, no Mirante Congonhas, no 11º andar defronte ao Aeroporto de Congonhas, na zona sul paulistana.

Shows em estádios

O objetivo do café da manhã com Liniker foi anunciar a mega turnê de despedida do álbum Caju, chamada Bye Bye Caju, com shows em estádios em 2026 e que levam as apresentações da artista de Araraquara a um nível internacional.

Não custa lembrar que o álbum já nasceu grande, lotando três shows no Espaço Unimed, em São Paulo, em novembro do ano passado. Liniker celebra este lugar de destaque e poder alcançado na música, mais especial ainda por ser “negra e trans”.

Bye Bye Caju passará por quatro capitais em 2026. O Blog do Arcanjo adianta as datas – São Paulo: 11 de julho, no Allianz Parque; Rio de Janeiro: 22 de agosto, na Farmasi Arena; Belém: 19 de setembro, no Espaço Náutico Marine e Salvador: 7 de novembro, na Casa de Apostas Arena Fonte Nova. A pré-venda exclusiva para clientes Itaú começa no dia 18 de dezembro, às 10h. A venda geral de ingressos inicia em 22 de dezembro, ao meio-dia, via Eventim.

A turnê, realizada pela 30e em parceria com a Breu Entertainment e apresentada pelo Itaú, promete uma experiência ainda mais completa, costurando o repertório de Liniker a uma narrativa de poder e sensualidade em um megashow, repleto de ousadias tecnológicas.

Produção de popstar

Bye Bye Caju tem direção musical da própria Liniker e Júlio Fejuca, e uma superbanda no palco, digna de uma popstar internacional. Os músicos que a acompanham são: Ana Karina Sebastião (baixo), Sérgio Machado (bateria), Dennys Silva (percussão), Mackson Kennedy (guitarra), Vitor Arantes (teclados), Ed Trombone (trombone), Bira Junio (sax), Felipe Aires (trompete), Paulo Zuckini (backing vocal), Thais Ribeiro (backing vocal), Ingrid Valentine (backing vocal) e Lucas Samuel (backing vocal).

O espetáculo incorpora uma estrutura inovadora e tecnológica que acompanha a maturidade da artista: “Transformando conforme a estrada, a estrada é um grande termômetro pra gente, artisticamente, então eu sinto que não só musicalmente tem uma maturidade, mas a gente também tem um lugar tecnológico, um lugar de estrutura, que é assim, totalmente inovador, é algo que eu nunca fiz na minha vida, mas que eu tô muito preparada pra isso também, sabe?” Essa parceria foi construída sob a horizontalidade das ideias, onde a escuta foi priorizada, reforça Liniker.

“Obviamente, a gente está numa parceria onde eu escuto e eles me escutam, mas é importante também quando a gente tem a troca, não de uma forma unilateral, mas horizontal das ideias”, analisa. “Eu acho que o grande barato e caro da minha carreira nesse tempo todo é saber da minha história e construir cada espaço respeitando isso”, avalia.

Sobre abrir a mega turnê no Allianz Parque, espaço que consagrou grandes artistas como Paul McCartney, Mariah Carey e Gilberto Gil em São Paulo, ela diz: “Eu já fui para participar, abrir show ou assistir artistas que eu gosto e amo. Agora é o meu show. E eu nem sei, pra mim parece um sonho. Eu estou muito feliz, muito realizada por chegar nesse momento da minha carreira, com essa possibilidade de arena, de show de estádio. Isso é uma coisa tão grande, tão expressiva, tão expansiva, e eu não vejo a hora de ouvir aquela multidão cantando assim, já me imagino chorando horrores, vai ser maravilhoso”.

Ela ainda falou da novidade no repertório, Charme, apresentanda na sua participação no programa Tiny Desk Brasil: “Charme é uma música de verão, então, ela já está morando do show e daqui a pouco ela já sai para a plataforma digital. Não sei se podia falar, mas eu já disse. Vai sair daqui a pouco”, revela.

Liniker no Grammy Latino © Divulgação Blog do Arcanjo 2025

Prêmios e projeção internacional

Caju pode ser ouvido como um plano-sequência musical, tamanha a imersão e o roteiro criado pela artista para sua alter ego Caju neste álbum repleto de personalidade.

Caju conquistou três prêmios Grammy Latino em 2025 e quatro prêmios Multishow em 2024. O álbum teve mais de 380 milhões de plays e redefiniu padrões ao desafiar a lógica dos algoritmos ansiosos, como na aclamada faixa Veludo Marrom, com mais de sete minutos de duração, quase um Faroeste Caboclo, hit de nove minutos da Legião Urbana, da nova geração.

“A minha carreira foi construída passinho a passinho, sem pressa”, recorda Liniker, até culminar no recente reconhecimento global, coroado pela presença na premiação internacional do Grammy e na repercussão internacional que o álbum Caju conquistou: “Acho que o Grammy foi um momento muito importante da minha vida. Com as indicações eu já estava super feliz, e aí depois vieram as primeações e a possibilidade de me apresentar ali no Telecast, que era um sonho tão distante assim, mas que foi muito importante pra esse embasamento internacional.”

Álbum marcante

Sobre o encerramento deste ciclo de modo tão potente, Liniker diz: “É poderoso chegar no final de um ciclo com a certeza de que algo mudou dentro de mim. Estou feliz por estar não só satisfeita com o propósito inicial desse projeto, mas por perceber que a transformação que Caju causou na minha vida é real. Agora, depois de um ano de turnê, e entrando na conclusão do segundo ano desse voo, me despeço com alegria e com grandeza nesses shows tão especiais em quatro regiões do Brasil, celebrando o marco que um álbum brasileiro e analógico, em tempos modernos, fez na vida das pessoas e na minha vida”.

Liniker conta que essa busca pela qualidade demandou tempo e segurança, elementos raros na indústria musical atual, mas inegociáveis para a artista: “É preciso as dúvidas, as pausas. Acho que Caju também me traz isso no sentido de qualidade quanto artista, que eu só vou conseguir produzir coisas grandes se eu tiver pausa, se eu tiver um tempo de qualidade para criar algo, para poder ver outras coisas, poder me inspirar”, explica.

Para a cantora, essa postura foi uma armadura contra as pressões de simplificação: “As redes sociais que pedem cada vez mais que você seja mimética, que você diminua a sua poesia, senão você não vai ser compreendida, e se você faz algum tipo de música complexa, você é taxada como burra ou como não-sense”, pontua.

Assim, o disco nasceu de uma convicção interna: “Eu falo muito nesse processo do Caju, mas acho que no meu processo interno eu precisava mesmo de segurança e não vou dar nenhum passo comendo a pilha do mercado, ou comendo a pilha da indústria ou até às vezes um desejo que não era meu ainda naquela época”, afirma.

“Para mim estrear Caju no Espaço Unimed já era gigantesco, porque eu nunca tinha feito nenhum show meu lá. Então, a gente ter três só na estreia, e agora ter um Allianz, uma Fonte Nova em Salvador, o Famase, o show em Belém, é muito especial. Eu acho que escolher essas capitais estratégicas dentro de um Brasil todo para poder trazer essas pessoas que escutam é muito, muito especial para mim, muito emocionante mesmo”, conclui.

Siga @linikeroficial

Editado por Miguel Arcanjo Prado

Siga @miguel.arcanjo

Ouça Arcanjo Pod

Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige Blog do Arcanjo e Prêmio Arcanjo. Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Cultura pela USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Três vezes eleito um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por Globo, Record, Folha, Abril, Huffpost, Band, Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Integra os júris: Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio do Humor, Prêmio Governador do Estado, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Prêmio DID, Prêmio Canal Brasil. Venceu Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio ANCEC, Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade do Prêmio Governador do Estado.
Foto: Rafa Marques
© Blog do Arcanjo por Miguel Arcanjo Prado 2025 | Todos os direitos reservados.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *