Milla Araújo celebra sucesso da série Invejosa na Netflix, na qual é a leve Bruna: ‘Dever cumprido’ – Entrevista do Arcanjo

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
Atriz baiana de Capim Grosso radicada no Rio de Janeiro, onde esteve no elenco da novela da Globo Segundo Sol, Milla Araújo é o tempero brasileiro da série argentina Invejosa (Envidiosa, em espanhol), sucesso global pela Netflix. Na produção argentina capitaneada por Adrián Suar, ela dá vida à doce e leve Bruna, professora de danças urbanas brasileira recém-chegada a Buenos Aires e nova namorada do advogado Daniel, interpretado por Martín Garabal, ex da protagonista, a neurótica Victoria, a Vicky, vivida pela ótima Griselda Siciliani. A atriz concedeu entrevista exclusiva ao Blog do Arcanjo e falou com o jornalista Miguel Arcanjo Prado sobre o sucesso internacional da série e os bastidores das gravações em Buenos Aires. Leia a seguir.
Miguel Arcanjo Prado – Como você foi parar na série Invejosa como a brasileira Bruna? Como compôs essa personagem?
Milla Araújo – A produtora responsável pela formação do elenco, a Correa Casting, me convidou para fazer um teste, eu fiz e passei. Eu compus Bruna inspirada em uma amiga minha, que é livre, e que vive o hoje sem se preocupar com os julgamentos. A partir daí, entro na prática com outros tipos de estudos para trazer Bruna para o meu corpo e mente.

Miguel Arcanjo Prado – Você já morava em Buenos Aires ou foi apenas para gravar a série? Como foi trabalhar em outro país e falando outro idioma?
Milla Araújo – Eu não morava. Na verdade, eu estava em Buenos Aires realizando um sonho, que era aprender a dançar tango na Argentina. É sempre uma grande experiência trabalhar em outro país, seja qual área for. Em relação ao idioma, eu estava confortável, porque conseguia entender o que me diziam. Eu acho que eram eles quem não me entendiam muito bem, mas isso foi um pontapé para eu me dedicar ao idioma.
Miguel Arcanjo Prado – Como foi recebida pelo elenco argentino? Com quem do elenco ficou mais próxima?
Milla Araújo – Muito bem recebida, todo mundo muito disposto a me ajudar. Eu tinha muito contato com Martín Garabal e Griselda Siciliani.
Miguel Arcanjo Prado – Você já falava espanhol ou precisou aprender para a série? Como foi o processo?
Milla Araújo – Eu arranhava no espanhol. Eu estava confortável, porque a minha personagem não fala bem espanhol. Então, eu não precisava me preocupar em aprender para a personagem.

Miguel Arcanjo Prado – Você gravou a série por quanto tempo? Quando foi este período?
Milla Araújo – Gravei por 4 meses, de novembro a fevereiro.
Miguel Arcanjo Prado – Você é baiana de onde? Como começou nas artes, foi na Bahia?
Milla Araújo – Eu sou baiana de Capim Grosso. Em Capim Grosso, eu tive pessoas que me impulsionaram. Mas se for levar em consideração o tempo de escola, comecei na Bahia. Mas para valer mesmo, comecei no Rio, quando me mudei para cá em 2009.
Miguel Arcanjo Prado – Você vive no Rio de Janeiro há muito tempo. O que anda fazendo? Tem projetos para 2026?
Milla Araújo – Se for considerar o período da pandemia, são 16 anos de Rio. Tenho alguns projetos para 2026, ainda em sigilo.

Miguel Arcanjo Prado – Eu achei que faltou um encerramento para sua personagem na série. A Bruna simplesmente desaparece. Não sabemos se ela voltou para o Brasil. Gostaria que ela retornasse na quarta e última temporada de Invejosa?
Milla Araújo – Senti essa falta também. Seria interessante o retorno de Bruna na quarta temporada, eu iria amar muito.
Miguel Arcanjo Prado – Você acha que deveria haver mais integração entre o audiovisual argentino e brasileiro? O que um pode aprender com o outro na sua visão?
Milla Araújo – Acredito que a integração é sempre positiva. Cada país tem sua identidade artística, seu ritmo de produção e sua forma de contar histórias. Quando a gente coloca essas visões para dialogar, o audiovisual cresce e o público também ganha.
Miguel Arcanjo Prado – Qual a melhor lembrança você guarda das filmagens de Invejosa?
Milla Araújo – Todos os momentos das filmagens foram muito bons, lembro com muito carinho e agradecimento. Mas teve um momento em que eu saí com Griselda e Martín para jantar, e um rapazinho da mesa à nossa frente se aproximou e me entregou um guardanapo com o nome e o contato dele. Ficamos todos impactados com a ousadia e a coragem do rapaz. Isso virou um ponto de conexão nosso, porque a Griselda contava essa história para todo mundo da gravação [risos].
Miguel Arcanjo Prado – Você é reconhecida nas ruas?
Milla Araújo – Sou reconhecida na rua por pessoas que nem são daqui do Brasil, e isso é muito massa. O que mais me chocou foi uma pessoa da França me abordar na rua e dizer que assistiu à série e que amou a minha personagem.

Miguel Arcanjo Prado – Sua personagem muitas vezes sofre preconceito por parte de outros personagens da série por ser brasileira, que a estereotipam por conta de sua nacionalidade, assim como a personagem imigrante chinesa também, Mei (Débora Nishimoto). Você acha que a série revela o racismo estrutural da sociedade?
Milla Araújo – Eu sinto que a série aborda alguns comportamentos e estereótipos que fazem parte do cotidiano de muitos imigrantes, inclusive brasileiros. Não é sobre julgar ninguém, mas sobre mostrar realidades que às vezes a gente normaliza. E que ótimo que isso gera reflexão no público.
Miguel Arcanjo Prado – Sua personagem é o contraponto de leveza para a loucura de Victoria. O que acha disso?
Milla Araújo – Eu fico feliz que enxerguem Bruna assim. A minha intenção foi trazer essa leveza, a calma, o respiro para o caos. Me sinto com o dever cumprido.

Miguel Arcanjo Prado – Você acha que no Brasil também tem muitas Vickys? Já conheceu alguma?
Milla Araújo – Eu acho que em todo canto tem alguém que sonha em ter a própria família, que se dedica ao outro e é largado, que está sempre competindo com outras pessoas, que tem insegurança no relacionamento. Já conheci algumas, mas sempre em pontos pontuais. A Vicky é o combo completo [risos].
Miguel Arcanjo Prado – Deixe um recado para os fãs da série Invejosa e do seu trabalho.
Milla Araújo – Obrigada por acompanhar a série e fazer ser o sucesso que está sendo. Sem o público, nós, artistas, nada somos. Gratidão imensa!
Miguel Arcanjo Prado – Uma última pergunta: por que você escolheu ser atriz?
Milla Araújo – Ser atriz é onde eu posso me expressar sem me julgar e sem me importar com os julgamentos. Ter a oportunidade de ser tantas em uma só é fantástico.
Editado por Miguel Arcanjo Prado
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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige Blog do Arcanjo e Prêmio Arcanjo. Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Cultura pela USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Três vezes eleito um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por Globo, Record, Folha, Abril, Huffpost, Band, Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Integra os júris: Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio do Humor, Prêmio Governador do Estado, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Prêmio DID, Prêmio Canal Brasil. Venceu Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio ANCEC, Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade do Prêmio Governador do Estado.
Foto: Rafa Marques
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