★★★ Crítica: Uma Mão Lava A Outra E As Duas Batem Palma cutuca apostas digitais com humor inteligente

Uma Mão Lava A Outra E As Duas Batem Palma faz sucesso no Teatro Commune © Annelize Tozetto Blog do Arcanjo 2025

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo

★★★
Uma Mão Lava A Outra E As Duas Batem Palma
Avaliação: Bom
Crítica por Miguel Arcanjo Prado

Sex 20h, Teatro Commune em SP até 31/10/2025
Rua da Consolação, 1218, Metrô Higienópolis-Mackenzie
Compre seu ingresso!

Como é bom testemunhar gente nova chegando ao teatro com aquela garra. O Coletivo Tamanho Importa faz uma estreia de coragem em Uma Mão Lava A Outra E As Duas Batem Palma, às sextas, 20h, no Teatro Commune, em São Paulo, peça na qual cutuca as apostas digitais com humor inteligente. O longo título, emprestado da sabedoria popular, abre lugar para o vício que desfaz a comunhão familiar diante da obsessão pelos jogos online. Apesar da temática séria, o tom é o humor, que costuma ser eficiente para transmitir recados importantes. No comando dessa história está Ygor Rodrigues, que assina dramaturgia, direção, produção e também atua — Mariana Guillen faz a direção de palco. Ele joga uma luz fria e cômica sobre o pântano das apostas digitais, essa nova peste sorrateira que mudou as leis para se instalar na sociedade e arracancar dinheiro dos que menos têm. A peça poderia ser um teatro-denúncia panfletário, mas, está longe disso, ainda bem, preferindo uma crítica ácida e afetiva. O espetáculo opera como um relógio de precisão tragicômica. A chegada de Pedrada, o parente viciado em jogo vivido de forma safa por Vitor Dinis, é o bug na aparente harmonia do casal Pinho e Samira, interpretados por Ygor Rodrigues e a ótima Juliana Moraes — atriz de farta presença cômica e o ponto alto da montagem. A ilusão do “dinheiro fácil” logo se materializa no sumiço dos objetos da casa, onde habitam ainda outros segredos. A linguagem ágil bebe no teatro popular para tornar palatável o tema indigesto, lembrando-nos de que a tragédia, por vezes, só se sustenta pelo riso. É preciso ainda dizer que a cenografia e os figurinos de Douglas Aguirre são um charme à parte, assim como a conectada luz de Yasmin Ebere. Uma Mão Lava A Outra E As Duas Batem Palma é uma peça que nos faz rir enquanto o lar dos personagens desaba, tornando-se um espelho incômodo da nossa hipocrisia contemporânea, formada por bets, tigrinhos, telas, mídia e influencers que só querem a grana de quem perde. Uma quina de horrores.

★★★
Uma Mão Lava A Outra E As Duas Batem Palma
Avaliação: Bom
Crítica por Miguel Arcanjo Prado

Sex 20h, Teatro Commune em SP até 31/10/2025
Compre seu ingresso!

Uma Mão Lava A Outra E As Duas Batem Palma: Miguel Arcanjo mostra artistas nos bastidores

Uma Mão Lava A Outra E As Duas Batem Palma: Miguel Arcanjo quem já aplaudiu o espetáculo

Uma Mão Lava A Outra E As Duas Batem Palma: Miguel Arcanjo mostra cenas da peça por Annelize Tozetto

Serviço:

“Uma mão lava a outra e as duas batem palma”

Com o Coletivo Tamanho Importa
Texto, dramaturgia e direção: Ygor Rodrigues
Elenco: Juliana Moraes, Vitor Dinis, Ygor Rodrigues
Recomendação: 14 anos
Gênero: comédia
Duração: 80 min
Temporada: de 3 a 31 de outubro, sextas-feiras, às 20h
Ingressos: entre R$ 40 e R$ 80
Ingressos online: https://mão.cti.art.br
Bilheteria: abre uma hora antes do espetáculo
Local: Teatro Commune – Rua da Consolação, 1218 – Consolação, São Paulo – metrô Higienópolis-Mackenzie

Ficha técnica

Elenco: Juliana Moraes, Vitor Dinis e Ygor Rodrigues
Dramaturgia e direção: Ygor Rodrigues
Direção de Palco: Mariana Guillen
Cenografia e figurino: Douglas Aguirre
Cenotécnico: Nuan Mazurega
Desenho de som: Duque
Assistência e operação de som: Bruno Ras
Operação de luz: Sofia Santoros
Desenho de luz: Yasmin Ebere
Produção: YR Produções Artísticas

Editado por Miguel Arcanjo Prado

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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige Blog do Arcanjo e Prêmio Arcanjo. Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Cultura pela USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Três vezes eleito um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por Globo, Record, Folha, Abril, Huffpost, Band, Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Integra os júris: Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio do Humor, Prêmio Governador do Estado, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Prêmio DID, Prêmio Canal Brasil. Venceu Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio ANCEC, Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade do Prêmio Governador do Estado.
Foto: Rafa Marques
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