Herança de Narcisa com Paolla Oliveira faz noite de terror no Festival do Rio

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
Enviado especial ao Rio de Janeiro
Herança de Narcisa fez uma verdadeira noite de terror no Festival do Rio. O longa, que marca a estreia de Paolla Oliveira no gênero terror, fez sua disputada sessão no evento nesta segunda, no Estação NET Gávea. Dirigido por Clarissa Appelt e Daniel Dias, o longa integra a Mostra Première Brasil: Competição Novos Rumos, dedicada a longas-metragens de ficção e documentários que apostam em narrativas inéditas e que apresentam as tendências na sétima arte brasileira.
“Foi muito emocionante ver o filme. É um filme que fala sobre como os laços femininos podem ser ressignificados.
Paolla Oliveira
atriz
O filme Herança de Narcisa acompanha Ana (Paolla Oliveira) e o seu retorno à casa em que passou a infância após a morte recente de sua mãe, a ex-vedete Narcisa. Decidida a vender a casa e dividir o dinheiro com o irmão Diego (Pedro Henrique Müller), Ana navega por um mar de antigos traumas e mistérios, passando a ser assombrada por uma maldição ancestral e pelo espírito da mãe. Para sobreviver, ela precisará confrontar as mágoas e as memórias de uma relação tóxica mal resolvida.

Paolla Oliveira dedicou a noite aos colegas e ao Festival do Rio. A atriz afirmou que a arte é importante para além do entretenimento e da bilheteria, e ressaltou a “gratidão a quem não desiste de fazer cinema e arte no Brasil”. Ela completou dizendo que espera que o público se sinta conectado com a mensagem do longa, que é “sobre cura e perdão”. A atriz concluiu sua fala ressaltando que a história é sobre se conectar com o passado da melhor maneira que se pode, de perdoar, rever o nosso passado, de fazer as pazes consigo mesmo, mesmo nas condições de Ana, sua personagem.

“No sincretismo religioso brasileiro, acredita-se que somente reconhecendo as projeções e questões um do outro, fantasmas e hospedeiros podem se libertar. ‘Herança de Narcisa’ é uma versão diferente do clássico filme de possessão, em que não falamos sobre a possessão pelo mal ou pelo diabo, mas sobre a possessão pelas questões não resolvidas do relacionamento entre mãe e filha. Para quebrar o ciclo, a única maneira é um exorcismo mútuo”.
Clarissa Appelt e Daniel Dias
diretores de Herança de Narcisa
Com produção da Camisa Preta Filmes, coprodução da Urca Filmes e Telecine, e distribuição da Olhar Filmes, Herança de Narcisa teve sessão de estreia no dia 6 de outubro, às 18h45, no Estação Gávea. No dia 7 de outubro, às 16h, o filme é exibido no Estação Rio, com debate pós sessão. E no dia 8 de outubro, às 18h, exibição no Cine Carioca José Wilker.
A diretora Clarissa Appelt explicou que o terror, apesar de pouco explorado no Brasil, é o gênero ideal para comunicar medos profundos: “É o gênero que mais se comunica com o inconsciente das pessoas. Ele permite a gente explorar metáforas de coisas muito reais, de medos muito reais.” A cineasta ressaltou que, apesar do público vir “esperando sentir medo”, o filme tem muito drama e espera que as pessoas saiam transformadas emocionalmente, não apenas assustadas.
O ator Pedro Henrique Müller, que interpreta o irmão de Ana, reforçou que o filme aborda questões universais: “O filme fala muito sobre questões que são muito nossas. São questões sobre família, sobre o feminino, sobre laços de irmandade, sobre os laços com a mãe. Quem não tem crise com os pais?”. Müller ainda comemorou a oportunidade de ver o cinema nacional se apropriar do gênero para criar um “terror brasileiro”.
A veterana Rosamaria Murtinho, que também está no elenco, atestou a força do drama: “Eu fiquei com medo de mim. Mas o filme é muito bom. Paolla está ótima, é uma atriz maravilhosa. O filme interessa o tempo todo. A gente fica vidrado o tempo inteiro.”
*Miguel Arcanjo Prado é jornalista e crítico oficialmente credenciado no Festival do Rio.
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Editado por Miguel Arcanjo Prado
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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige Blog do Arcanjo e Prêmio Arcanjo. Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Cultura pela USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Três vezes eleito um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por Globo, Record, Folha, Abril, Huffpost, Band, Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Integra os júris: Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio do Humor, Prêmio Governador do Estado, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Prêmio DID, Prêmio Canal Brasil. Venceu Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio ANCEC, Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade do Prêmio Governador do Estado.
Foto: Rafa Marques
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