Jorge Ben Jor cria catarse no Espaço Unimed com seus hits geniais e levanta público de São Paulo

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
Ele esgota ingressos de forma silenciosa e rápida, fruto de um público fiel que o acompanha há 62 anos e que se renova a cada geração. Jorge Ben Jor, 86 anos, fez um show memorável — o único em São Paulo neste ano — e cheio de energia no Espaço Unimed, na Barra Funda, em São Paulo, na noite deste sábado, 20 de setembro de 2025, diante de uma casa lotada e com sua impecável A Banda do Zé Pretinho, que o acompanha desde 1978.
É claro que a audiência não esperava apenas um show, mas um evento de natureza mística, um reencontro com o patriarca de uma sonoridade ímpar reconhecida e cultuada internacionalmente. Quando o palco se iluminou, o que se revelou não foi apenas um artista, mas uma personificação da história da música brasileira.

Ao longo de sua trajetória, Jorge Duílio Lima Menezes, seu nome de batismo, sempre evitou rótulos. Aliás, nunca precisou deles. Recusou-se a ser meramente bossa nova ou samba-rock, criando todo um universo particular. Jorge Ben Jor é ele próprio, não cabendo em nenhuma gaveta. Em uma entrevista antiga, ele comentou que a música “é como se uma coisa começasse a martelar em minha cabeça”. Nele, ela flui de forma genuína. E é por isso que seus hits são eternos.
A apresentação foi exatamente isso: um martelo rítmico, pulsante e preciso, que ecoou por todo o ambiente, conectando as gerações que preenchiam o espaço, repleto de uma juventude ávida por vê-lo de perto e também dos fãs das antigas. Gente que foi da juventude que descobriu sua obra na onda de novo culto ao vinil ao público fiel que o acompanha desde os tempos do Beco das Garrafas.

A setlist, uma constelação de sucessos, parecia menos uma sequência de canções e mais uma grande e fluida narrativa. País Tropical, Mas que Nada, Que Maravilha, Que Pena, Menina Mulher da Pele Preta, O Telefone Tocou Novamente, Os Alquimistas Estão Chegando Os Alquimistas e W/Brasil não eram apenas hits, mas elementos de um grande ritual coletivo, onde cada verso era um elo entre o passado e o presente. E um inconsciente coletivo de amor e festa que a música sincopada de Jorge Ben Jor sempre representou tão bem.
No final da noite, com a catarse provocada por Taj Mahal, canção genial em sua suposta simplicidade repleta do entendimento do amor, o público se viu dentro de uma celebração ancestral, uma dança cósmica que a música do mestre Jorge Ben Jor continua a orquestrar com a mesma genialidade e vitalidade de sempre.
Agradecemos: Espaço Unimed e aos assessores Mauricio Aires, Rogério Alves e Paola Oliveira.

Editado por Miguel Arcanjo Prado
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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige Blog do Arcanjo e Prêmio Arcanjo. Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Cultura pela USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por Globo, Record, Folha, Ed. Abril, Huffpost, Band, Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Integra os júris: Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio do Humor, Prêmio Governador do Estado, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Prêmio DID, Prêmio Canal Brasil. Venceu Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio ANCEC, Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade do Prêmio Governador do Estado.
Foto: Rafa Marques
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