Meu Remédio chega a São Paulo no Teatro Santos Augusta com Mouhamed Harfouch

Mouhamed Harfouch estreia Meu Remédio no Teatro Santos Augusta em São Paulo © Gustavo de Freitas Blog do Arcanjo 2025

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo

Após conquistar o público mineiro e carioca, o espetáculo autobiográfico “Meu Remédio” estreou pela primeira vez em São Paulo, no Teatro Santos Augusta, no dia 30 de agosto, para uma curta temporada com ingressos à venda pelo site da Sympla. Escrito, produzido e estrelado por Mouhamed Harfouch, e com direção de João Fonseca, a peça, que conta com o patrocínio da MedQuímica e apoio da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, parte da premissa de que “todo nome guarda uma história pra contar” – e, a partir dela, mergulha em memórias, identidades e afetos. A peça estreou em 2024, em Juiz de Fora (MG), com três apresentações especiais, e seguiu para o Rio de Janeiro, onde permaneceu por mais de seis meses em cartaz, passando por cinco diferentes palcos da cidade – uma jornada marcada por casas cheias, críticas positivas e fortes conexões com o público.

O espetáculo propõe um mergulho pessoal, mas com ressonância coletiva: com doses equilibradas de humor e drama, Harfouch revisita momentos marcantes de sua trajetória, explorando temas como identidade, pertencimento, ancestralidade e autoaceitação. A obra marca também um momento especial de reinvenção artística e pessoal, celebrando os 30 anos de carreira do ator, que acumula mais de 40 produções teatrais, além de novelas como “Pé na Jaca”, “Cordel Encantado”, “Amor à Vida” e “Órfãos da Terra”, séries como “Rensga Hits” e “Betinho – No Fio da Navalha”, e filmes como “Uma Pitada de Sorte” e “Nosso Lar 2”. Sua trajetória inclui ainda musicais como “Querido Evan Hansen”, vencedor do prêmio de Destaque Elenco no Prêmio Destaque Imprensa Digital 2024, e “Ou Tudo ou Nada”, que lhe garantiu uma indicação ao Prêmio Bibi Ferreira de Melhor Ator em 2016.

Mouhamed Harfouch estreia Meu Remédio no Teatro Santos Augusta em São Paulo © Gustavo de Freitas Blog do Arcanjo 2025

“‘Meu Remédio’ nasce da minha vontade de entender e compartilhar a relação com o meu nome, com minha história de vida, com a mistura de culturas que carrego. Sou filho de imigrantes – sírios por parte de pai e portugueses por parte de mãe. Crescer com um nome tão emblemático em um Brasil dos anos 70, em que o preconceito e a dificuldade de aceitação eram muito presentes, não foi fácil. A peça é uma comédia, mas carrega uma reflexão sobre aceitação e pertencimento, sobre entender que, muitas vezes, o maior remédio é aceitar quem somos”, explica Harfouch, que busca, com o espetáculo, tocar o coração do público ao falar sobretudo, como cada ser é único e especial em sua individualidade, origem e essência.

A ideia da peça começou a germinar ainda durante as gravações da novela “Órfãos da Terra”, da TV Globo, quando o ator foi levado a revisitar suas raízes e encarar memórias profundas. Mas foi durante a turnê com a peça “Quando Eu For Mãe Quero Amar Desse Jeito”, ao lado de Vera Fischer, que esse processo se intensificou, levando-o a necessidade de transformar tudo isso em arte. O mergulho em suas camadas mais íntimas resultou em meses de escrita intensa e no enfrentamento de um novo desafio: somar, à entrega emocional do palco, a coragem de assumir também a produção do próprio espetáculo.

“Já tinha produzido no começo da minha carreira, mas agora, com mais maturidade, me senti mais preparado para enfrentar esse desafio. Produzir e atuar ao mesmo tempo é uma tarefa árdua. A maior dificuldade foi lidar com as duas funções e ainda me manter fiel à ideia que queria transmitir. Mas, com o apoio de grandes amigos e parceiros como Tadeu Aguiar e Eduardo Bakr, senti que tínhamos força para fazer isso acontecer”, revela ele.

A parceria com o diretor João Fonseca foi decisiva para o tom do espetáculo. Com um histórico de montagens de grandes biografias musicais nacionais e internacionais, como Tim Maia, Cazuza, Cássia Eller, Elvis Presley, Tom Jobim e Djavan, Fonseca foi o responsável por equilibrar delicadeza e comicidade. “João Fonseca é um amigo e um grande diretor. Ele segurou a minha barra de maneira sensível e honesta, e acreditou no meu projeto desde o início. Sem ele, não sei se teria conseguido fazer essa transição entre o autor e o ator de forma tão tranquila”, comenta Harfouch, com quem já havia trabalhado anteriormente no monólogo onlie “Homem de Lata”, fruto da pandemia.

Misturando elementos autobiográficos e ficcionais, a peça, que já na escolha do título faz referência a uma situação vivida com o seu nome de batismo – e que é explicada em cena -, apresenta um monólogo íntimo, costurado a algumas canções, entre hits e paródias, cantadas e tocadas ao vivo por ele, marcando transições importantes da narrativa, onde o autor recria personagens que representam figuras significativas nas duas primeiras décadas da sua vida, mantendo, ao mesmo tempo, a privacidade de sua própria história. 

Com uma abordagem sensível e profunda, a obra convida o público a refletir sobre a importância da autocompreensão e do existir de cada um. “Meu Remédio” destaca como o nome, muitas vezes imposto, carrega histórias que conectam o indivíduo ao passado e iluminam seu futuro, e convida a todos a olhar para dentro, entender melhor a própria caminhada e perceber como a arte pode ser um remédio. Como ele mesmo afirma: “Um nome nunca é só um nome. É uma jornada, fala dos que vieram e dos que virão. Poder enxergar melhor os caminhos de fora e nossos desejos é algo que me move. ‘Meu Remédio’ foi um ponto de partida, pois aceitar quem somos é curativo e a arte salva”, finaliza.

MEU REMÉDIO

Ficha Técnica:
Idealização, produção e texto: Mouhamed Harfouch
Elenco: Mouhamed Harfouch
Direção: João Fonseca 
Figurinos: Ney Madeira e Dani Vidal
Iluminação: Daniela Sanchez
Cenógrafo: Nello Marrese
Produtora Executiva: Valéria Meirelles
Coordenação Geral: Edmundo Lippi
Assessoria: GPress Comunicação

SERVIÇO:

Meu Remédio

Local: Teatro Santos Augusta – Alameda Santos, 2159 – Jardim Paulista, São Paulo – SP, 01419-100
Temporada: 30 de agosto a 28 de setembro
Sessões: Sábado às 20h | Domingo às 18h
Valor: Plateia R$120 (inteira) e R$60 (meia) | Balcão R$100 (inteira) e R$50 (meia)
Vendas: Bilheteria Local e site Sympla
Duração: 75 minutos
Classificação: 10 anos

Editado por Miguel Arcanjo Prado

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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige Blog do Arcanjo e Prêmio Arcanjo. Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Cultura pela USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por Globo, Record, Folha, Ed. Abril, Huffpost, Band, Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Integra os júris: Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio do Humor, Prêmio Governador do Estado, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Prêmio DID, Prêmio Canal Brasil. Venceu Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio ANCEC, Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade do Prêmio Governador do Estado.
Foto: Rafa Marques
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