★★★★ Crítica: ORioLEAR faz Shakespeare revelar crise da Amazônia profunda

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
★★★★
ORIOLEAR
Avaliação: Muito Bom
Crítica por Miguel Arcanjo Prado
Qui, sex, sáb, 20h, dom 19h. Até 17/8/2025
No Itaú Cultural
Os clássicos são clássicos porque conservam sua capacidade de comunicação ao longo dos séculos. A obra de William Shakespeare é um destes exemplos, condensando essência do bicho homem. Por isso, é mais que pertinente a visita que o talentoso diretor e dramaturgo Newton Moreno faz a Rei Lear, ambientando a obra na Amazônia de hoje na peça ORioLEAR, no Itaú Cultural, sob produção de Alexandre Brazil, em parceria da Heróica Companhia Cênica e Escritório das Artes, que completa 20 anos. Com excelentes atores, a livre adaptação expõe chagas da Amazônia profunda: o agro que derruba a floresta, o desrespeito às terras e aos povos indígenas e a ascensão da extrema direita religiosa. O cânone ilumina as feridas do presente. Seu Lear, interpretado com força assombrosa por Leopoldo Pacheco, não é um monarca, mas um latifundiário gaúcho que fez fortuna na Amazônia e decide, octogenário, dividir suas terras entre as filhas: a astuta Goneril (a vencedora de Cannes Sandra Corveloni), a tresloucada e mimada Regina (a intensa Michelle Boesche) e a idealista Cordélia (Simone Evaristo, em dedicada composição, e versátil como O Bobo e A Tonta). Ainda estão em cena Ronny Abreu, que traz placidez ao seu indíginea guardião da floresta, e os genros: o arrependido Albano (o veemente Jorge de Paula) e o bon vivant Conrado (o elétrico José Roberto Jardim). A disputa por poder transforma o caos familiar shakespeariano em alerta para a urgência da crise ambiental. O programa do espetáculo lembra que estamos a 1,5º C do desastre climático e traz uma semente de árvore para ser plantada. Desse modo, ORioLear é mais que a visita à tradição, é teatro contemporâneo que conecta Shakespeare ao aqui e ao agora, dando-lhe impulso através do tempo. E deixa a questão: será que ainda é possível evitar o fim?
★★★★
ORIOLEAR
Avaliação: Muito Bom
Crítica por Miguel Arcanjo Prado
Qui, sex, sáb, 20h, dom 19h. Até 17/8/2025
No Itaú Cultural
ORioLEAR: Blog do Arcanjo mostra imagens exclusivas da equipe do espetáculo nos bastidores do Itaú Cultural




















ORioLEAR: Blog do Arcanjo mostra quem já aplaudiu a peça no Itaú Cultural















ORioLear é fortemente aplaudido no Itaú Cultural











ORIOLEAR
Ficha Técnica
ORioLEAR – Livre adaptação de Rei Lear, de William Shakespeare Direção e Texto: Newton Moreno
Tradução de cenas de Rei Lear, de William Shakespeare: Marcos Daud Pesquisa e Assistência: Almir Martines
Elenco:
SeuLEAR – Leopoldo Pacheco
Indígena e Velho Indígena – Ronny Abreu
Cordélia – Simone Evaristo
O Bobo, A Tonta – Simone Evaristo
Goneril – Sandra Corveloni
Albano, seu esposo – Jorge de Paula
Regina/Regininha – Michelle Boesche
Conrado, seu esposo – José Roberto Jardim
Direção de Movimento: Erica Rodrigues
Preparação de Atores Kátia Daher
Espaço Cênico: Marcelo Andrade, Zé Valdir e Newton Moreno
Iluminação: Equipe A2 | Lighting Design
Desenho de Luz: Wagner Pinto
Trilha Sonora Original: Caçapa
Colaboração na Trilha Sonora: Alessandra Leão
Figurino e Visagismo: Leopoldo Pacheco
Pesquisa e Assistência de Figurino: Otávio Oscar
Adereços: Zé Valdir
Produção de Luz: Carina Tavares
Assistência de Iluminação e Operação: Gabriel Greghi
Operação de Som: Anderson Franco
Contrarregragem: Igor Beltrão
Camareira: Rejane Sá
Consultoria Shakespeareana: Ricardo Cardoso
Palestra Sobre Questão Fundiária: Eduardo Sombini
Fotos: Ronaldo Gutierrez e Leekyung Kim
Produção Audiovisual: Gatú Filmes
Registro em Vídeo das Atividades do Projeto: Katia Brito
Design Gráfico Original: Fernando Hindrikson
Design Gráfico: Filipe Bergo Lead: Performance
Assessoria de Imprensa: Adriana Monteiro
Gestão de Performance e Redes Sociais: Lead Performance
Interpretação de Libras para vídeos de divulgação: Fabiano Campos
Audiodescrição: All Dub Group
Coordenação Administrativa: Gabriel Guimard
Consultoria Jurídica: Martha Macruz de Sá
Contabilidade e Prestação de Contas: Solução Company e WMendes dos Reis Contabilidade
Proponentes do Projeto: Megamini Produções Artísticas LTDA Escritório de Artes e Produções LTDA
Secretariado de Direção Artística: Cacau Merz
Produção Executiva: Katia Brito
Assistência e Secretariado de Produção: Alessandro Fritzen
Assistência de Produção: Jeane Souza
Produção de Documentação Administrativa: Regilson Feliciano
Consultoria de Produção e Adm Financeira: Maurício Inafre
Coordenação de Produção: Náshara Silveira
Direção de Produção: Alexandre Brazil
Realização Artística e Gestão de Produção: Heróica Companhia Cênica e Escritório das Artes
Editado por Miguel Arcanjo Prado
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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige Blog do Arcanjo e Prêmio Arcanjo. Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Cultura pela USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por Globo, Record, Folha, Ed. Abril, Huffpost, Band, Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Integra os júris: Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio do Humor, Prêmio Governador do Estado, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Prêmio DID, Prêmio Canal Brasil. Venceu Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio ANCEC, Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade do Prêmio Governador do Estado.
Foto: Rafa Marques
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