Cléo De Páris vive ano de conquistas com dois espetáculos de destaque no teatro: A Mulher da Van e Veneno

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
A atriz Cléo De Páris vive um ano intenso no teatro neste 2025. Além de estar no elenco do consagrado espetáculo A Mulher da Van — indicado ao Prêmio Arcanjo de Cultura —, de Alan Bennett, ao lado da grande dama do teatro Nathalia Timberg e sob direção de Ricardo Grasson em nova temporada no Teatro Bravos até 3 de agosto, ela também é protagonista do drama Veneno, de Lot Vekemans, ao lado de Alexandre Galindo e sob direção de Eric Lenate, espetáculo que também volta ao cartaz neste segundo semestre após indicação ao Prêmio Shell. Em entrevista exclusiva ao jornalista Miguel Arcanjo Prado, a atriz gaúcha de Barão de Cotegipe fala ao Blog do Arcanjo sobre este momento tão especial em sua trajetória. Leia a seguir.

Miguel Arcanjo Prado – Como foi construir as suas personagens em A Mulher da Van?
Cléo De Páris – Pra falar da minha construção de personagens em A Mulher da Van, preciso primeiro falar do elenco, da direção, da equipe criativa, da produção. Somos uma turma que se gosta, se respeita, se ajuda de uma maneira incrível! Eu admiro profundamente todas as pessoas envolvidas nesse projeto e penso que é isso que torna o trabalho tão mais profícuo e prazeroso. Ricardo Grasson e Heitor Garcia, diretor e assistente, sempre nos deram muita liberdade e sempre acreditaram muito em nosso processo criativo. O elenco, além de ter a deusa Nathalia Timberg, é feito de pessoas que eu já admirava muito e agora amo. Ter a sorte de conviver, criar, me divertir com Nathalia Timberg, Noemi Marinho, Duda Mamberti, Caco Ciocler, Lilian Blanc, Roberto Arduin, Nilton Bicudo, Lara Córdulla e, na temporada anterior, Eduardo Silva, é uma alegria que nunca sequer sonhei. Então, foi tudo muito leve. Eu faço duas pequenas personagens, mas que me encantam! Uma entrevistadora maluquinha e a mãe de Alan Bennett, essa, uma mulher que existiu e com uma questão familiar delicada. Difícil não se identificar como filha com a situação de Alan, e foi a partir dessa identificação que construí a mãe.


Miguel Arcanjo Prado – Como é contracenar com Nathalia Timberg? Que lição aprende?
Cléo De Páris – Eu não chego a contracenar com a Nathalia, mas na cena final estamos todos no palco com ela. Eu agradeço todos os dias por isso. Nathalia é uma força, uma tempestade, uma aleluia. Eu assisto todas as cenas da coxia e me emociono com ela todas as vezes. Não existem limites pra essa mulher, ela desafia o mundo e até a natureza. Ela é um acontecimento. Conviver com ela me trouxe um amor ao teatro que eu ainda não havia experienciado. Nathalia Timberg me devolveu muitos, muitos sonhos que eu tinha perdido pelo caminho.

Conviver com ela me trouxe um amor ao teatro que eu ainda não havia experienciado. Nathalia Timberg me devolveu muitos, muitos sonhos que eu tinha perdido pelo caminho.
Cléo De Páris
atriz

Miguel Arcanjo Prado – Como está sendo esse ano para você, com projetos teatrais tão relevantes como A Mulher da Van e Veneno? Está feliz?
Cléo De Páris – Esse ano está sendo muito especial. Pela volta do espetáculo A Mulher da Van e pela estreia de Veneno, um espetáculo muito denso, cheio de verdades tristes, porém necessárias… Em Veneno, interpreto uma mãe que perdeu um filho e o casamento. A peça acontece no dia do encontro desse casal, dez anos depois da separação, no cemitério onde o filho está enterrado. É dilacerante de triste e belo. O texto da holandesa Lot Vekemans é das coisas mais primorosas que já encontrei. A parceria com Alexandre Galindo parece mágica, temos muita sintonia em cena e muita admiração e respeito como atores e amigos que nos tornamos. O reencontro com Eric Lenate na direção me alimenta muito em todos os aspectos que a arte teatral pode alcançar. Ele é um diretor completo, intenso, entregue. Sempre o admirei muito e me sinto honrada por ser dirigida por ele. Esse espetáculo voltará em breve ao cartaz e estamos muito felizes com a indicação ao Prêmio Shell! Eu recebo muitas mensagens de mulheres que perderam filhos e se reconhecem na dor da minha personagem, relatos e agradecimentos emocionantes demais. Até conheci pessoalmente uma delas, é um tipo de afeto que ainda não tinha vivido. São duas experiências absurdamente distintas e belas que estou vivendo. Faz sentido nesse momento da minha vida a frase de Cecília Meireles: “Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu destino. E eu me sinto completamente feliz”.

Editado por Miguel Arcanjo Prado
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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige Blog do Arcanjo e Prêmio Arcanjo. Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Cultura pela USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por Globo, Record, Folha, Ed. Abril, Huffpost, Band, Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Integra os júris: Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio do Humor, Prêmio Governador do Estado, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Prêmio DID, Prêmio Canal Brasil. Venceu Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio ANCEC, Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade do Prêmio Governador do Estado.
Foto: Rafa Marques
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