Gustavo Rezende celebra ser Raul Seixas em Rita Lee – Uma Autobiografia Musical: ‘Privilegiado’

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
No marco 80 anos do cantor e compositor baiano Raul Seixas, celebrados no último dia 28 de junho, o ator e cantor paulistano Gustavo Rezende, o Rezê, celebra interpretar o Rei do Rock: “Sou priveligado”, admite. E isso acontece justamente no espetáculo que conta a vida da Rainha do Rock, Rita Lee – Uma Autobiografia Musical, atualmente em cartaz com sucesso no Teatro Casa Grande, no Leblon, no Rio de Janeiro, após temporada consagradora de mais de um ano no Teatro Porto, em São Paulo. No espetáculo, Rezê contracena com sua namorada, a atriz Mel Lisboa, consagrada como intérprete de Rita Lee. Em entrevista exclusiva ao jornalista Miguel Arcanjo, Gustavo Rezende, que também é sócio do espaço cultural Arka dos Anjos, em Santana, na zona norte de São Paulo, fala dessa experiência tão especial em sua trajetória artística, que inclui outros sucessos no palco, como o musical Tatuagem. Veja os principais trechos da entrevista a seguir.

Responsabilidade
“Quando recebi o convite do Márcio Macena, fiquei em êxtase! É um privilégio absurdo ter a chance de viver o Raul Seixas no palco. Aceitei na hora, mas logo a ficha caiu sobre a imensa responsabilidade. Por mais que eu já conhecesse o Raul, dar vida a essa figura tão icônica e cheia de energia exige um estudo e aprofundamento muito grandes.”

Conexão profunda
“Curiosamente, Raul nasceu em 28 de junho de 1945, um canceriano. E eu, nascido em 19 de julho de 1995, cinquenta anos depois, também sou de Câncer. Embora Raul tenha falecido seis anos antes do meu nascimento, aos 44 anos, seu legado continua vivo. Estamos aqui, 80 anos após seu nascimento, celebrando sua vida e sua obra.”

Metamorfose ambulante
“Interpretar Raul Seixas no teatro é transcender, é mergulhar na energia dele e passar por uma metamorfose de Gustavo para Raul. É um processo de observar o que temos em comum e o que nos difere, questionando e movimentando.”
Equilíbrio e excessos
“Raul sempre provocou discussões, e mesmo quem não gosta dele acaba se questionando ao se deparar com sua obra. Obviamente, Raul, como todo ser humano, cometeu erros e acertos. Artistas não são deuses; são pessoas que estiveram aqui para errar, acertar, ter seus excessos e, com isso, nos ensinar. Aprendemos a buscar o equilíbrio, mas também a entender que a arte muitas vezes nasce e se fortalece nos excessos.”

Raul por aí
“É emocionante celebrar os 80 anos do Raul e ver outras interpretações, como Ravel Andrade no cinema, no filme Raul Seixas – Eu Sou; Bruce Gomlevksky em seu espetáculo solo Raul Seixas – O Musical, e até a própria Rita Lee interpretando Raul em filmes antigos. É maravilhoso!”

Faz de conta
Fazer Raul na peça da Rita é um faz de conta absurdo! Tenho a sensação que eu estou trabalhando com a Rita Lee, com o Raul Seixas, com a Hebe Camargo, com a Gal Costa, com o Gilberto Gil. É muito louco! O teatro tem esse poder de a gente beber um pouquinho e se degustar nesse faz de conta, nessa fantasia. Tudo pra contar as nossas histórias, as histórias dos seres humanos que passaram por aqui, dos brasileiros. E que tem um legado agora eterno. Ver a adolescência cantando Raul, as crianças cantando Rita, conhecendo mais, é especial. Então, acho que essas são as nossas preciosidades, que a gente tem que sempre levar pra frente.”

Toca Raul!
“Me sinto muito privilegiado por estar vivendo essa experiência. A cada dia, aprendo mais com Raul, com Rita e com o teatro. Sou grato às muitas pessoas que me dirigem, incentivam e provocam a sempre aprimorar minha interpretação e minha visão sobre as obras de Raul e Rita. Viva todos eles! Viva essa Sociedade Alternativa! Valeu!”
Editado por Miguel Arcanjo Prado
Siga @miguel.arcanjo
Ouça Arcanjo Pod
Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige Blog do Arcanjo e Prêmio Arcanjo. Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Cultura pela USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por Globo, Record, Folha, Ed. Abril, Huffpost, Band, Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Integra os júris: Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio do Humor, Prêmio Governador do Estado, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Prêmio DID, Prêmio Canal Brasil. Venceu Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio ANCEC, Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade do Prêmio Governador do Estado.
Foto: Rafa Marques
© Blog do Arcanjo por Miguel Arcanjo Prado | Todos os direitos reservados.