★★★★ Crítica: Closer expõe frieza dos relacionamentos tóxicos que escolhemos deixar para trás

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
★★★★
CLOSER
Avaliação: Muito Bom
Crítica por Miguel Arcanjo Prado
Qui, sex e sáb 20h dom 18h. Até 27/7/2025
Teatro Vivo (av. Dr. Chucri Zaidan 2460 Morumbi, SP)
Compre seu ingresso!
Se nos anos 1990 os relacionamentos pareciam derreter com os egos gigantes e pouca paciência para o outro, o século 21, com seu individualismo exacerbado pelas redes, parece ter como missão liquidar de vez o “felizes para sempre”. A peça inglesa Closer (que virou filme em 2004), de Patrick Marber, que tinha apenas 33 anos quando a lançou, em 1997, parece, hoje, no Teatro Vivo, em São Paulo, um retrato daqueles tempos. Vê-la atualmente soa como reassistir à série Sex and The City na Netflix. Parece um portal no tempo. A quarta montagem brasileira é idealizada pelas talentosas atrizes Marjorie Gerardi e Larissa Ferrara, ambas em cena com os atores convidados José Loreto e Rafael Lozano, sob direção de Kiko Rieser e direção de produção de Edinho Rodrigues. A aposta é em uma encenação de ares sofisticados e pós-dramáticos, mesmo que essência do texto seja dramática. Em cena, vemos um quarteto formado por um médico (José Loreto), uma fotógrafa (Marjorie Gerardi), uma stripper (Larissa Ferrara) e um jornalista (Rafael Lozano). Estes mergulham em uma teia de infidelidades mútuas, que disparam consequências. Se hoje há o tal do bem resolvido (será?) amor não-monogâmico, antes era tudo escondido e dilacerante. A encenação busca proximidade com os dias atuais, mas reside na dramaturgia um quê de anos 1990. Uma certa frieza paira e não há o conforto de uma trilha incidental que acalante o espectador. A iluminação injeta frieza ao priorizar projeções em detrimento dos atores, na penumbra, tal qual seus personagens. Se Closer tem na proximidade seu conteúdo, a forma da montagem aponta para o distanciamento. Por quase duas horas vemos personagens imaturos se ferindo mutuamente, com frieza gélida e sem grandes arroubos de intenção cênica. Os atores estão em uma mesma afinação, mais cinematográfica do que teatral. As reiteradas situações e lentas transições definham o conflito dramático tal qual aquelas vidas. É preciso fazer uma observação de algo démodé: por que a stripper é a única penalizada ao fim, em uma solução dramatúrgica de moralismo simbólico? Ver Closer em 2025 evidencia que, pelo menos em certos aspetos, a sociedade evoluiu. Os tais conflitos de relacionamentos de ontem agora têm nome apropriado: relacionamentos tóxicos. Revelar isso é o mérito desta montagem.
★★★★
CLOSER
Avaliação: Muito Bom
Crítica por Miguel Arcanjo Prado
Qui, sex e sáb 20h dom 18h. Até 27/7/2025
Teatro Vivo (Av. Dr. Chucri Zaidan 2460 Morumbi, SP)
Compre seu ingresso!
Blog do Arcanjo mostra imagens exclusivas do elenco de Closer no Teatro Vivo!














CLOSER
Ficha técnica:
Texto: Patrick Marber. Tradução: Rachel Ripani. Direção: Kiko Rieser. Elenco: José Loreto, Larissa Ferrara, Marjorie Gerardi, Rafael Lozano. Cenário: Bruno Anselmo. Videomapping: André Grynwask e Pri Argoud (Um Cafofo). Música original: Mau Machado. Desenho de luz: Gabriele Souza. Visagismo: Eliseu Cabral. Assessoria de imprensa: Adriana Balsanelli e Renato Fernandes. Direção de produção: Edinho Rodrigues.
Serviço:
Closer
Estreia dia 15 de junho, domingo, às 20h, no Teatro Vivo.
Temporada: De 15 de junho a 27 de julho.
Quintas, sextas e sábados, às 20h. Domingos, às 18h.
Obs. Dias 26 e 27/06 não haverá sessão.
Duração: 100 minutos. Classificação: 16 anos.
Ingressos: Quintas e sextas: R$100 e R$50 Sábados e domingos: R$120 e R$60.
Dias 19 e 22/06 – Promocional: R$40 e R$20 – Preço Popular conforme determinação da Lei Rouanet, havendo um limite de ingressos por sessão.
TEATRO VIVO – Avenida Doutor Chucri Zaidan, 2460 – Morumbi. Telefone: 11 3430-1524.
Bilheteria:
Funcionamento somente nos dias de peça, 2h antes da apresentação.
Ponto de Venda Sem Taxa de Conveniência: Av. Dr. Chucri Zaidan, 2460 (antigo 860) – Morumbi
Estacionamento .
Editado por Miguel Arcanjo Prado
Siga @miguel.arcanjo
Ouça Arcanjo Pod
Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige Blog do Arcanjo e Prêmio Arcanjo. Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Cultura pela USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por Globo, Record, Folha, Ed. Abril, Huffpost, Band, Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Integra os júris: Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio do Humor, Prêmio Governador do Estado, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Prêmio DID, Prêmio Canal Brasil. Venceu Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio ANCEC, Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade do Prêmio Governador do Estado.
Foto: Rafa Marques
© Blog do Arcanjo por Miguel Arcanjo Prado | Todos os direitos reservados.