★★★★ Crítica: O Andante tem recado humanista poético com Rodrigo Nascimento imerso em belas palavras
Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
★★★★
O ANDANTE
Avaliação: Muito Bom
Crítica por Miguel Arcanjo Prado
Segundas, 20h. Até 30/6/2025
Espaço ºAndar (R. Dr. Gabriel dos Santos, 30)
Compre seu ingresso!
Uma das características mais marcantes do teatro é permitir que o público reflita sobre a vida. Afinal, como ensinou o filósofo René Descartes, “penso, logo existo”. Tal dádiva está presente no espetáculo O Andante, que merece ser visto com toda a calma do mundo no Espaço º Andar (R. Dr Gabriel dos Santos, 30), em Santa Cecília, São Paulo, onde faz sessões às segundas de junho, sempre às 20h, no projeto Segundas de Solo. O tocante solo traz o talentoso ator Rodrigo Nascimento, entregue a este espetáculo desde 2023, colecionando temporadas de sucesso. Sob direção de Eduardo Guimarães, com assistência de Anna Grecco, a obra tem dramaturgia de Elias Andreato, grande nome de nossos palcos e que já incorporou também este texto, construído a partir de grandes nomes do pensamento humano. Em ambiente intimista, o público se depara com um intenso andarilho, que perambula por aí com um carrinho cheio de livros e rodeado por palavras e histórias. Afinal, como diz o próprio personagem, “o silêncio é o sofrimento da palavra”. A cenografia do próprio Rodrigo Nascimento é pungente neste sentido, criando belas imagens poéticas ao contracenar com as nuances da iluminação de Rodrigo de Souza, reforçadas pela névoa cênica, deixando o ambiente mais onírico. Atento, o público escutra frases inteligentemente fantásticas, algumas delas criadas por poetas primazes como o gaúcho Mário Quintana, o mato-grossense Manoel de Barros, o maranhense Ferreira Gullar, a paranaense Helena Kolody, a carioca Stella do Patrocínio ou a fluminense Cecília Meirelles, todos criadores de obras monumentais de nossa literatura brasileira. Outro detalhe de grande riqueza é o figurino concebido por Ray Feitosa, que traz camadas de referências distintas ao corpo do persongem, com direito, inclusive, a uma réplica do quadro seminal do expressionismo O Grito, do norueguês Edvard Munch, que dialoga com a verborragia incansável daquele andante no palco. A trilha original de Anderson França e Pan traz cadência ao espetáculo, sob produção de Camila Laczko. O Andante nos faz respirar um pouco em meio a essa correria insaciável da grande metrópole, nos lembrando que é preciso dar mais atenção às palavras e aos seus significados mais sensíveis. Porque, no fim das contas, “sem loucura, não há arte”. E é também isso que nos torna humanos.
★★★★
O ANDANTE
Avaliação: Muito Bom
Crítica por Miguel Arcanjo Prado
Segundas, 20h. Até 30/6/2025
Espaço ºAndar (R. Dr. Gabriel dos Santos, 30)
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Rodrigo Nascimento estreia O Andante sob fortes aplausos no Espaço º Andar em SP: Blog do Arcanjo mostra bastidores
Rodrigo Nascimento estreia O Andante sob fortes aplausos no Espaço º Andar em SP: Blog do Arcanjo mostra imagens da peça
Editado por Miguel Arcanjo Prado
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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige Blog do Arcanjo e Prêmio Arcanjo. Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Cultura pela USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por Globo, Record, Folha, Ed. Abril, Huffpost, Band, Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Integra os júris: Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio do Humor, Prêmio Governador do Estado, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Prêmio DID, Prêmio Canal Brasil. Venceu Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio ANCEC, Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade do Prêmio Governador do Estado.
Foto: Rafa Marques
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