Dzi Croquettes Sem Censura chega ao Teatro Itália com irreverência do grupo lendário dos anos 1970

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
A exuberância da diversidade dá o tom na peça Dzi Croquettes Sem Censura, que busca reviver o grupo lendário da década de 1970 que influenciou toda a contracultura brasileira em tempos de ditadura militar. A estreia está marcada para o Dia dos Namorados, 12 de junho, no Teatro Itália, no Centro de São Paulo.
Tema do excelente documentário Dzi Croquettes, dos diretores Tatiana Issa e Raphael Alvarez, o grupo agora tem sua história nos palcos e pelo olhar de um de seus membros, Ciro Barcelos, que dirige a encenação sob produção da TMX Produções.
A obra mostra a convivência entre 13 pessoas que dividiram também uma casa, uma história que nunca foi contada em detalhes, revelando os bastidores no processo de montagem do grupo, a relação humana entre os componentes unidos pela utopia artística típica dos anos 1970. A obra ainda mostrará a perseguição sofrida e o exílio do grupo na França, onde foram sucesso absoluto.

Dzi Croquettes foi marcado pela diversidade de talentos, e para fazer justiça a esses artistas ímpares, o espetáculo reúne um time de artistas que, no palco atuam dançam e cantam guardando a linguagem teatral peculiar do grupo que veio a influenciar toda uma geração de artistas, criando um novo vocabulário cênico.
Ciro Barcelos interpreta a si mesmo e ao lendário bailarino norte-americano Lennie Dale, no espetáculo, que também traz Daniel Suleiman, no papel de Ciro na juventude; Fernando Lourenção, como Bayard Tonélli; Akim, como Carlinhos Machado; Celso Till, no papel de Claudio Gaya; Jonathan Capobianco faz o Rogério de Polly; Kaiala, atriz não binária, mostrará os dois lados vivendo Nêga Vilma e Benê; Feccini como Reginaldo de Polly; André Habacuque como Claudio Tovar; Bruno Saldanha é Paulette; e, por fim, Juan Becerra interpreta Wagner Ribeiro.

Ciro, que assina a dramaturgia, direção, coreografia, concepção cênica e atua na peça, conta que trazer a história do grupo é relembrar a importância histórica deles. Ele, que já assinou o espetáculo “Dzi Croquettes Em Bandália”, resgata sua própria vivência, trazendo histórias que não conseguiu contar até hoje.
“A minha experiência tendo feito parte da formação original do grupo é fundamental para recontar essa história vivida por mim, pois não existem muitos registros detalhados do que verdadeiramente foi e significou o encontro de 13 atores vivendo em comunidade em torno de um mesmo ideal”.
Ciro Barcelos

Ciro Barcelos, um artista em movimento
Ciro é uma figura emblemática no cenário artístico brasileiro e internacional. Ator, bailarino, cantor, coreógrafo e encenador, sua trajetória atravessa décadas e fronteiras, consolidando-se como um dos grandes nomes das artes cênicas.
Aos 17 anos, ele estreou no histórico espetáculo Hair, e seguiu sempre em cena, incluindo a fundação dos Dzi Croquettes. Sua passagem pela Europa trouxe um aprofundamento em dança e teatro, colaborando com grandes nomes como Pina Bausch, Maurice Béjart e Marcel Marceau.
Ele imprimiu sua marca na TV Globo, coreografando programas icônicos e criando espetáculos premiados, como o musical Francisco de Assis, que permaneceu 12 anos em cartaz. Também dirigiu e coreografou shows de Ney Matogrosso e Gal Costa, além de protagonizar e dirigir montagens importantes, como Paixão de Cristo nos Arcos da Lapa.
Nos últimos anos, Barcelos segue inovando. Em 2017, foi convidado pela Universidade de Princeton para uma palestra sobre Dzi Croquettes, e em 2023 dirigiu o monólogo Prazer, Hamlet, estrelado por Rodrigo Simas e vencedor de diversos prêmios.
A dramaturgia de Dzi Croquettes Sem Censura conta, também, com a colaboração de Júlio Kadetti, dramaturgo, roteirista e artista polivalente, que tem uma trajetória marcante no teatro, na televisão e no cinema. Liane Maya assina a preparação do elenco. Já Talita Franceschini é responsável pela assistência de direção. Kleber Montanheiro assina a supervisão cênica.
O espetáculo fica em cartaz até 27 de julho, no Teatro Itália, os ingressos variam entre R$50 e R$160, e já estão disponíveis no Sympla, pelo link: https://bileto.sympla.com.br/event/106032/d/317388/s/2165245
Dzi Croquettes Sem Censura
curta temporada | São Paulo (SP)
Onde: Teatro Itália (Av. Ipiranga, 344 – República) – Até 27/07
Estreia: dia 12 de junho, de quinta a domingo, às 20h30min; e no mês de julho: sábado e domingo, às 20h30min
Classificação indicativa: 16 anos
Ingressos: R$ 160 (inteira)
Informações: @dzicroquettes
Ingressos https://bileto.sympla.com.br/event/106032/d/317388/s/2165245
Sinopse
Dzi Croquettes Sem Censura reconstrói a história viva de um dos grupos mais revolucionários do teatro brasileiro. Em tempos de censura e repressão, eles criaram liberdade com seus próprios corpos, e 50 anos depois, a verdadeira história dos Dzi Croquettes volta aos palcos com esse espetáculo que mergulha nos bastidores de um dos coletivos artísticos mais provocativos e inovadores do país. Fundado em 1972 por Wagner Ribeiro e Lennie Dale, o Dzi Croquettes não apenas desafiou o regime militar, mas também expandiu as fronteiras da arte brasileira ao combinar teatro, dança e música em uma linguagem cênica que atravessou gerações. Mais do que relembrar um sucesso de público, o espetáculo revela a complexidade da vida em comunidade, a coragem diante da censura e o legado afetivo de uma geração que ousou sonhar e lutar.
Ficha Técnica
Texto – Ciro Barcelos
Colaboração de dramaturgia – Júlio Kadetti
Direção – Ciro Barcelos
Supervisão Cênica – Kleber Montanheiro
Assistente de direção – Talita Franceschini
Preparação de elenco – Liane Maya
Direção de Produção: Tiago Xavier
Elenco – André Habacuque, Akim, Bruno Saldanha, Celso Till, César Viggiani, Ciro Barcelos, Daniel Suleiman, Fernando Lourenção, Jonathan Capobianco, Juan Becerra, Kaiala
Iluminação – Gabriele Souza
Cenografia – André Habacuque
Desenho de maquiagem : Shary Camerini
Figurino Concepção – Ciro Barcelos
Criação e Execução de figurino: – Henrique Versoni – Su Martins – Acrides Júnior – Fernando Callegaro
Costureira : Sônia Oliveira
Direção Musical e Arranjos – André Perine
Direção Vocal – Bruno Santos
Preparação Vocal – Glaucia Verena
Produção executiva: Bruno Aredes , Isabella Mello e Tiago Xavier
Diretor de Marketing e comunicação: Tiago Xavier
Designer – Felypso Cipelli
Redes sociais – Mariah Gabriela e Bruno Saldanha
Assistente de produção – Fernando Callegaro
Coreografia – Ciro Barcelos
Coreografia Bolero – Ronaldo Gutierrez
Assistente de Coreografia – Akim
Preparação Física – Christian Andrade
Catering – Casa 12
Idealização – Ciro Barcelos
Realização: TMX Produções
Editado por Miguel Arcanjo Prado
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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige o Blog do Arcanjo desde 2012 e o Prêmio Arcanjo desde 2019. É Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Mídia e Cultura pela ECA-USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Eleito três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por TV Globo, Grupo Record, Grupo Folha, Editora Abril, Huffpost Brasil, Grupo Bandeirantes, TV Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Foi coordenador da SP Escola de Teatro. Integra o júri do Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio Governador do Estado de SP, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Destaque Imprensa Digital, Prêmio Guia da Folha e Prêmio Canal Brasil. Vencedor do Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio Destaque em Comunicação ANCEC, Troféu Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade Prêmio Governador do Estado, maior honraria na área de Letras de São Paulo.
Foto: Edson Lopes Jr.
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