★★★★ Crítica: Baby ressignifica conceito de família em abordagem magistral

Baby, filme de Marcelo Caetano, faz sucesso na 28ª Mostra de Cinema de Tiradentes – Foto Divulgação Blog do Arcanjo 2025

Enviado especial a Tiradentes, Minas Gerais*

★★
BABY
Avaliação: Muito Bom
Crítica por Felipe Rocha

Crítica por FELIPE ROCHA**

Baby é uma história queer que celebra o amor e as relações afetivas. O segundo longa da carreira do diretor Marcelo Caetano. O longa foi aplaudido de pé na 28ª Mostra de Cinema de Tiradentes, sob distribuição da Vitrine Filmes e Dark Side Pictures e Uncork’d Entertainment. Estrelando João Pedro Mariano e Ricardo Teodoro nos papéis principais, a obra gira em torno de um jovem, Wellington, recém saído da prisão que conhece Ronaldo, um garoto de programa num cinema pornô e formam uma conexão complexa que envolve tensão sexual, paixão, exploração e ciúme. Daí se desenrola um longa que mostra os encontros e desencontros deles. Com locações na capital paulista, sobretudo seu centro, o filme conquista por sua fotografia colorida, sua trilha sonora marcante que traduz as emoções da cena e sua narrativa bem-humorada. João Pedro Mariano é um dos exemplos: está se divertindo bastante na pele de seu protagonista, com uma interpretação descolada e com bastante responsabilidade, conseguindo trazer complexidade e incorporar diversas camadas ao Wellington/Baby.

Em 1h36 min, o êxito de Baby é investir em um enredo clássico, que aposta no melodrama: uma história de amor não tradicional que envolve Wellington e Ronaldo, com direito a cenas de sexo. Chama a atenção a naturalidade que Baby trata a sexualidade humana em cenas que quebram tabus e evidenciam a ousadia e a coragem do filme. O objetivo é justamente mostrar a ambiguidade de sentimentos entre eles.

No entanto, a maior discussão presente aqui é a ideia de família. Baby ressignifica esse conceito ao apresentar famílias homoafetivas. O foco aqui é no amor, é isso que importa, é esse laço que une os seres humanos, não tem nada a ver com orientação sexual, cor, raça ou determinação biológica.

Baby faz uma abordagem totalmente inteligente, magistral e sensível. Marcelo Caetano, desde a primeira cena do filme, chama a atenção para a importância da coletividade e dos afetos e consegue imprimir um retrato visceral das relações humanas.

Talvez o protagonista poderia ter tido uma guinada na sua vida, em meio a tantos desafios que passou em busca da família, mas isso não apaga o brilho de um longa que consolida a genialidade do diretor mineiro ao construir uma história criativa, envolvente e com personagens carismáticos.

★★
BABY
Avaliação: Muito Bom
Crítica por Felipe Rocha

João Pedro Mariano e Ricardo Teodoro no filme Baby, de Marcelo Caetano © Divulgação Blog do Arcanjo 2025

*O jornalista e crítico Miguel Arcanjo Prado viajou a convite da Universo Produção.

**Felipe Rocha é estudante de jornalismo da UFSJ sob supervisão de Miguel Arcanjo Prado.

Editado por Miguel Arcanjo Prado

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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige Blog do Arcanjo e Prêmio Arcanjo. Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Cultura pela USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por Globo, Record, Folha, Ed. Abril, Huffpost, Band, Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Integra os júris: Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio do Humor, Prêmio Governador do Estado, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Prêmio DID, Prêmio Canal Brasil. Venceu Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio ANCEC, Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade do Prêmio Governador do Estado.
Foto: Rafa Marques
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