Queijo Minas Artesanal vira Patrimônio da Humanidade e mineiros comemoram

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
Enviado especial a Belo Horizonte*
Um sabor inigualável que o mineiro sempre apreciou e que agora ganha reconhecimento do mundo. Estamos falando do Queijo Minas Artesanal – QMA, que acaba de ganhar o título de Patrimônio Cultural Imateral da Humanidade pela Unesco.

Em encontro com a imprensa logo após o anúncio no último dia 4 de dezembro, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, destacou a representatividade que o queijo tem para os mineiros.
Esse é um produto nosso, que representa nossa mineiridade e é muito importante, também, pois vai aumentar o turismo em Minas, contribuir para a renda de milhares de produtores familiares. A partir de agora, nós temos aqui em nosso estado um dos pouquíssimos alimentos do mundo declarados como patrimônio cultural e imaterial da humanidade, e o primeiro a ser declarado no Brasil, o Queijo Minas Artesanal.
Romeu Zema
Governador de Minas Gerais

Hoje é um dos dias mais especiais do meu governo. Depois de um longo trabalho, de um longo percurso, nós conseguimos! Conquistamos a declaração e os Modos de Fazer o Queijo Minas Artesanal são oficialmente, com confirmação da Unesco, um patrimônio cultural e imaterial da humanidade. É uma grande felicidade ter esse reconhecimento.
Romeu Zema
governador de Minas Gerais
Para comemorar o feito internacional, o violinista e compositor Marcus Viana e o Coro Sinfônico do Palácio das Artes apresentaram na varanda do Palácio da Liberdade. Eles interpretaram a emblemática canção Pátria Minas. Um espetáculo de drones com imagens de queijos, montanhas e dizeres que festejavam o título obtido junto à Unesco coloriram o céu. O espetáculo de drones seguirá até 14 de dezembro nas dez regiões produtoras do Queijo Minas Artesanal.
Secretário de Cultura e Turismo de Minas Gerais, Leônidas Oliveira lembrou que o queijo impulsiona o turismo no estado. “Precisamos potencializar o turismo de experiência, para que as pessoas descubram Minas Gerais por meio do queijo, das nossas pequenas propriedades e da agricultura familiar. Que conheçam a história das famílias, sejam recebidas com hospitalidade e se reconheçam como brasileiros e mineiros nesse produto que vem da terra e é um símbolo tão forte da mineridade”, pontuou.
Os Modos de Fazer o Queijo Minas Artesanal simbolizam o coração de todos nós, simbolizam a mineiridade. Que, nesta noite, o Palácio da Liberdade, Minas Gerais e o mundo inteiro conheçam a grandeza da nossa terra, da nossa gente. Viva os produtores do Queijo Minas Artesanal, viva Minas Gerais e viva Queijo Minas Artesanal eternamente daqui para o mundo.
Leônidas Oliveira
secretário de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais
A programação, realizada pelo Governo de Minas, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult-MG), do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG) e da Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemge), faz parte de um calendário de ações estratégicas para comemorar o importante feito para o Queijo Minas Artesanal.
“Por trás desse reconhecimento está o trabalho de levar ao produtor as boas práticas de fabricação, avanços na legislação, pesquisas, a caracterização das regiões e a defesa agropecuária para garantir a qualidade do produto. Esse título vai valorizar o nosso queijo e impulsionar a abertura de novos mercados”, destacou Thales Fernandes, secretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Estado de Minas Gerais.


Almoço e press trip
Uma press trip reuniu 80 jornalistas que participaram das comemorações na capital mineira, com direito a almoço e jantar no Palácio da Liberdade com pratos feitos a partir do queijo minas artesanal e da gastronomia mineira, comandado pelo secretário Leônidas Oliveira.
O menu exclusivo foi assinado pelas chefs Carol Fadel e Maria Clara, destacando queijos das 10 principais regiões produtoras de Minas Gerais. A iniciativa foi produzida pela Casa Cult.
Depois, os profissionais da imprensa viajaram para as regiões produtoras do Queijo Minas Artesanal entre quinta (5) e domingo (8).
O Blog do Arcanjo participou da viagem como convidado da Secretaria de Cultura e Turismo do Governo de Minas Gerais.

Degustação do queijo
Nos jardins do Palácio da Liberdade, a feira da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG) reuniu mais de 20 produtores de queijos artesanais de várias regiões do estado. A Unesco anunciou a inclusão dos Modos de Fazer o Queijo Minas Artesanal na Lista Representativa do Patrimônio Cultural Imaterial no fim da manhã desta quarta-feira (4/12), em Assunção, no Paraguai.Participaram do evento expositores do Queijo Minas Artesanal e também do queijo da Mantiqueira de Minas.
O modo de fazer o queijo minas artesanal é peculiar e tradicional. Agora, o mundo reconhece sua importância com o título de Patrimônio Cultural Imaterial da Humanide pela Unesco. Reunimos todas as regiões produtoras do QMA – Queijo Minas Artesanal nessa degustação nos jardins do Palácio da Liberdade, um lugar tão emblemático para os mineiros, para que o público possa sentir os diferentes sabores deste nosso patrimônio.
João Michel Ferrabbiamo
organizador do evento e gestor da Casa Cult MG
Marciel Ramos, do Queijo Matuto, que leva no nome seu apelido e na embalagem seu rosto, era só alegria. Ele une a produção queijeira ao turismo no dia a dia do Sítio Água do Pote, no município de Prados, na região mineira do Campo das Vertentes, onde criou um oásis para quem busca pelo turismo rural. Simpatia que só e exímio contador de histórias, ele falou ao Blog do Arcanjo que o sabor inigualável de seu queijo também tem a ver com o respeito que ele tem pelos animais e pela natureza.
O Queijo Minas Artesanal representa o que cada produtor é, o jeito que ele cuida das vacas, trata as terras. Isso pra mim é tão sério, porque eu trabalho como homeopatia e agroecologia. O queijo é a nossa cara, por isso o meu queijo leva a minha foto e a minha identidade. O queijo não só me representa, mas também a história de todo mundo que veijo antes.
Marciel Ramos
produtor do Queijo Matuto

Queijo familiar
Um levantamento da Emater-MG mostra que existem cerca de 7,7 mil agroindústrias familiares de queijos artesanais no estado, sendo 3 mil apenas do Queijo Minas Artesanal. A empresa orienta os produtores nas boas práticas de fabricação e na regularização das queijarias.
A feira no Palácio da Liberdade foi promovida pela Emater-MG, em parceria com a Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult-MG) e Associação Mineira de Produtores de Queijo Artesanal (Amiqueijo).

Queijo Minas Artesanal é Patrimônio pela Unesco
O anúncio de que os Modos de Fazer o Queijo Minas Artesanal foram reconhecidos pela Unesco como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade ocorreu durante a 19ª Sessão do Comitê Intergovernamental do órgão, em Assunção, no Paraguai nesta quarta, 4 de dezembro de 2024. O produto ganha ainda mais visibilidade e valor no mercado. Desde 2008, o “Modo de Fazer o Queijo Minas Artesanal” já é reconhecido como Patrimônio Cultural do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Cultural e Artístico Nacional (Iphan).

Regiões produtoras do QMA – Queijo Minas Artesanal
Existem dez regiões no estado de Minas Gerais caracterizadas como produtoras do Queijo Minas Artesanal: Araxá, Campo das Vertentes, Canastra, Cerrado, Diamantina, Entre Serras da Piedade ao Caraça, Serra do Salitre, Serro, Triângulo Mineiro e Serras da Ibitipoca.
*O jornalista e crítico Miguel Arcanjo Prado viajou a convite da Secretaria de Cultura e Turismo do Governo de Minas Gerais. Agradecimento: Casa Cult MG, Visite Minas Gerais, Leônidas Oliveira, João Michel Ferrabbiamo e Daiany Durães.
Blog do Arcanjo mostra imagens da feira do Queijo Minas Artesanal Patrimônio da Humanidade pela Unesco em fotos de Nereu Jr.



















































Queijo Minas Artesanal no Streaming
O Queijo Minas Artesanal entra no cardápio da Minasplay. Declarado Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Unesco, a iguaria mineira é a protagonista da plataforma de streaming. O serviço de vídeo sob demanda gratuito estreia a Mostra Queijo Minas Artesanal – Patrimônio da Humanidade, trazendo filmes e séries que abordam a iguaria que conquistou os mineiros e o mundo. Nessa seleção, destaque para o documentário que integrou o dossiê enviado à Unesco e obra de Helvécio Ratton. O acesso é gratuito e pode ser feito pelo site minasplay.com ou pelo app no Google Play e App Store.
O documentário Especial Rede Minas – Queijo Minas Artesanal integrou o dossiê entregue à comissão de avaliação das Nações Unidas. Produzido pela Rede Minas em parceria com o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG), mostra toda a cadeia produtiva, desde a tradicional produção do leite no interior até os prêmios internacionais conquistados. A equipe da emissora visitou as regiões produtoras de Minas Gerais e registrou a força econômica, a rotina dos produtores e o afeto que o Queijo Minas Artesanal.
O mineiro e o queijo, de Helvécio Ratton, participa da mostra. O filme aborda a restrição de circulação da iguaria no Brasil devido à legislação vigente no país há poucos anos. Com uma narrativa política e poética, a obra mostra a situação dos produtores do Serro, Canastra e Alto Paranaíba e as dificuldades que enfrentavam.
O catálogo ainda traz O quê do queijo, de Paulo Henrique Rocha. Produzido em 11 municípios que compõem a microrregião do Serro, apresenta as técnicas artesanais de feitura, os saberes envolvidos na sua produção e as tradições.
Tem, também, os filmes Tempero daqui, de Júnia Teixeira e Marcus Faria Franco; e Canastra, o queijo de ouro, de Guilherme Reis e as séries Queijo artesanal – sabores e saberes mineiros e Cozinha Mineira Patrimônio, do Instituto Periférico.
A Mostra Queijo Minas Artesanal – Patrimônio da Humanidade está disponível para todo o Brasil na plataforma de streaming Minasplay até o dia 12/12.
Editado por Miguel Arcanjo Prado
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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige Blog do Arcanjo e Prêmio Arcanjo. Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Cultura pela USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Três vezes eleito um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por Globo, Record, Folha, Abril, Huffpost, Band, Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Integra os júris: Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio do Humor, Prêmio Governador do Estado, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Prêmio DID, Prêmio Canal Brasil. Venceu Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio ANCEC, Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade do Prêmio Governador do Estado.
Foto: Rafa Marques
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