★★★★ Crítica: aleatório nos corta ao expor crueza da violência cotidiana contra negros

A atriz Érika Rocha emociona o público com o solo aleatório, da britânica debbie tucker green sob direção de Nilcéia Vicente no Sesc Vila Mariana © Edson Lopes Jr. Blog do Arcanjo 2024

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo

★★★★
aleatório
Avaliação: Muito Bom
Crítica por Miguel Arcanjo Prado

Em um dia comum, uma violência aleatória desaba sobre uma família negra de modo irremediável. Assim é o espetáculo aleatório, da aclamada dramaturga londrina debbie tucker green, que ganha potente montagem brasileira com a talentosa atriz Érika Rocha dirigida com delicadeza por Nilcéia Vicente. A produção da Mosaico Produções, de Cícero de Andrade, tem idealização de Érika Rocha e Tiago Martelli, que tem proposto diálogo entre uma diversa dramaturgia europeia contemporânea e nosso Brasil, a exemplo da recente Mãe e Filho. Mas, voltemos a aleatório. Ao fazer o público entrar na casa de uma família negra londrina durante a desoladora perda de um filho, mais um jovem negro assassinado de forma violenta, o espetáculo, de narrativa cotidiana e detalhista, cria conexão com o Brasil. Infelizmente, aqui os negros também são as maiores vítimas da violência, muitas vezes aleatória ou de Estado; basta ver as estatísticas. Com a sutileza da direção de movimento de Danielli Mendes, Érika Rocha constrói uma atuação que vai ganhando corpo à medida que a tensão avança. O ponto de vista é o da irmã do jovem assassinado, mas a atriz também assume os papéis do irmão, da mãe e do pai na tragédia. Munida de excelente trilha original afrodiaspórica de Dani Nega e André Papi, da propositiva luz da sempre talentosa Gabriele Souza e do figurino street e cenografia familiar de Guilherme Santti (o crochê acima da TV comove a alma), a direção de Nilcéia Vicente cria diálogo com o movimento negro no Brasil e no mundo. Para isso, usa imagens em vídeo, com destaque para as Mães de Maio, de São Paulo, que denunciam o genocídio negro e a necropolítica. A peça integra a recente onda de maior presença do teatro negro nas salas do Sesc São Paulo, o que revigora a curadoria teatral da instituição. aleatório é uma peça que denuncia um horror social e reforça, uma vez mais, que “vidas negras importam”, fazendo isso com uma poética teatral crua que nos corta e emociona.

★★★★
aleatório
Avaliação: Muito Bom
Crítica por Miguel Arcanjo Prado

Quinta, sexta e sábado, 20h30. Feriados de 2, 15 e 20/11 às 16h30. Sessões com libra e audiodescrição 7, 8 e 9/11. No Sesc Vila Mariana – Auditório – Rua Pelotas, 341, metrô Ana Rosa, São Paulo. 65 min. 16 anos. Até 23/11/2024.

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aleatório

ficha técnica

Texto: debbie tucker green
Tradução: Rafaella Gobbo
Revisão de Tradução: Betina Rodrigues
Direção: Nilcéia Vicente
Elenco: Érika Rocha
Desenho de Luz: Gabriele Souza
Cenografia e Figurino: Guilherme Santti
Concepção Musical: Dani Nega e André Papi
Direção de Movimento: Danielli Mendes
Diretor de Palco: Uriel Machado Barbosa
Design e Fotografia:
 Allis Bezerra
Designer de Vídeo: Rafael Thomazini
Filmagem: Libre Audiovisual
Operação de Luz:
 Paloma Dantas
Operação de Som: Rafael Thomazini
Assessoria de Imprensa: Rafael Ferro e Pedro Madeira
Assessoria Jurídica: Thiago Oliveira
Assessoria Contábil: Tuty e Lyla
Intérpretes de LIBRAS: Aza Pakou, Karina Oliveira, Ricieri Palha
Consultoria Técnica: Yanna Porcino
Idealização: 
Érika Rocha e Tiago Martelli
Direção de Produção: Cicero de Andrade – Mosaico Produções
Produção: 
Cicero de Andrade e Tiago Martelli
Assistente de Produção: 
Dani Simonassi

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Editado por Miguel Arcanjo Prado

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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige Blog do Arcanjo e Prêmio Arcanjo. Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Cultura pela USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por Globo, Record, Folha, Ed. Abril, Huffpost, Band, Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Integra os júris: Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio do Humor, Prêmio Governador do Estado, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Prêmio DID, Prêmio Canal Brasil. Venceu Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio ANCEC, Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade do Prêmio Governador do Estado.
Foto: Rafa Marques
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