Vestido de Noiva chega ao Sesc Consolação sob direção de Helena Ignez em clássico de Nelson Rodrigues

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
Helena Ignez é, desde sempre, uma artista ousada e de vanguarda. Assim, há muita expectativa para sua direção de Vestido de Noiva, peça clássica de Nelson Rodrigues. A estreia é na noite de 25 de outubro, no Teatro Anchieta do Sesc Consolação.
O elenco, composto por grandes nomes como Lucélia Santos, Djin Sganzerla e Simone Spoladore, promete performances que ecoam as complexidades da narrativa rodrigueana.

Nesta nova interpretação, Lucélia traz à vida Madame Clessy, uma mulher marcada pela tragédia do feminicídio. Inspirada por uma sugestão da própria Lucélia durante as filmagens de “Mulher Oceano” (2020), filme de Djin Sganzerla, a montagem ganha força ao entrelaçar duas eras, colocando em evidência a condição feminina tanto nos anos 20 quanto na atualidade.
A trama se desenrola em uma estrutura intricada, onde o público é conduzido por dimensões distintas da experiência humana: a alucinação, a memória e a realidade. À medida que a protagonista Alaíde, interpretada por Djin Sganzerla, enfrenta suas lembranças dolorosas de um amor infeliz e a rivalidade com a irmã Lúcia, papel de Simone Spoladore, flashes do cotidiano moderno – o trânsito frenético, uma sala de cirurgia, uma redação de jornal – se entrelaçam com a história de Clessy. Esta mulher, jogada entre as convenções sociais e seus desejos, procura entender sua existência e a tragédia que a envolve.

A encenação meticulosamente elaborada envolve uma estética visual contemporânea, mesclando direção de imagem a uma trilha sonora que remete a questões sociais urgentes. André Guerreiro Lopes e Aline Meyer, entre outros talentosos colaboradores, fazem parte desse time criativo que traz à tona a essência de Vestido de Noiva em um contexto atual.
Neste abismo de emoções e realidades, a obra de Nelson Rodrigues, sob a direção de Helena Ignez, promete não apenas emocionar, mas também provocar – um convite à reconstrução de narrativas e à revisão de valores que ainda insistimos em carregar.
Vestido de Noiva é mais do que uma revisão de um clássico; é uma reinvenção que foca na resiliência e na luta das mulheres frente a um sistema patriarcal. A peça faz sessões às sextas e sábados, às 20h, e domingos, às 18h, até 8 de dezembro de 2024, convidando a plateia a uma reflexão profunda e necessária. Ingressos no site do Sesc!
Vestido de Noiva
Ficha Técnica
Texto: Nelson Rodrigues
Direção: Helena Ignez
Assistência de direção e direção de cena: Rafael Bicudo
Elenco:
Madame Clessi – Lucélia Santos
Alaíde – Djin Sganzerla
Lúcia – Simone Spoladore
Pedro – Jiddu Pinheiro
Dona Lígia (mãe) – Clarisse Abujamra
Gastão (pai) – Luciano Chirolli (participação especial)
Dona Laura (sogra) – Tuna Dwek
Mãe do namorado – Michele Matalon
Mulheres do bordel – Luciana Frões, Luiza Barros e Tuna Dwek
Inatuais – Luciano Chirolli, Tuna Dwek, Michele Matalon, Luciana Frões e Luiza Barros
Vozes off – Ernandes Araújo e Luciano Chirolli
Direção de imagem (vídeo): André Guerreiro Lopes
Direção de arte, cenografia e figurinos: Simone Mina e Carolina Bertier
Visagismo: Roger Ferrari
Iluminação: Aline Santini
Trilha sonora e sonoplastia: Aline Meyer
Arranjos e canto: Cida Moreira
Pandeiro: Toni Nogueira
Vídeo mapping: André Grynwask e Pri Argoud – Um Cafofo
Assistência de direção de imagem (vídeo): Rafael Talib
Assistência de cenografia: Vinicius Cardoso
Assistência de figurinos: Rick Nagash e Hellige Santana
Programação e operação de luz: Sibila
Montagem de luz: André Mutton
Programação e operação de som: Kléber Marques
Operação de vídeo: Rodrigo Chueri
Contrarregras: Julia Cristina Cordeiro e Are Maria Tarântula
Cenotecnia: Sasso Campanaro, Luciano Sampaio e Patrick Sanchez
Fotos de divulgação: Ale Catan
Assessoria de imprensa: Ney Motta
Gestão de mídias sociais: Sinny Comunicação
Assistência de produção: Alana Campos
Produção executiva: Luiza Barros
Direção de produção: Marcela Horta
- ★★★★ Crítica: Dzi Croquettes Sem Censura revive história do grupo ícone do desbunde com talentos efervescentes
- ★★★★ Crítica: PAI tem ritual visceral de Guilherme Logullo para transcender a dor do abuso paterno sofrido
- Território do Amor chega ao Rio com emoção de Jayme Monjardim ao ver Neusa Romano ser Maysa, sua mãe
- Rita Lee Uma Autobiografia Musical bate recorde com 100 mil pessoas em 180 sessões no Teatro Porto
- Cazuza e Ney Matogrosso viveram grande amor como mostra filme Homem com H
Editado por Miguel Arcanjo Prado
Siga @miguel.arcanjo
Ouça Arcanjo Pod
Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige Blog do Arcanjo e Prêmio Arcanjo. Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Cultura pela USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por Globo, Record, Folha, Ed. Abril, Huffpost, Band, Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Integra os júris: Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio do Humor, Prêmio Governador do Estado, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Prêmio DID, Prêmio Canal Brasil. Venceu Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio ANCEC, Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade do Prêmio Governador do Estado.
Foto: Rafa Marques
© Blog do Arcanjo por Miguel Arcanjo Prado | Todos os direitos reservados.