Peça Esperanza abre o Mirada com drama familiar peruano nos anos 1980

Drama Esperanza, do Perú, abre a sétima edição do Festival Mirada em Santos © Paola Vera Divulgação Blog do Arcanjo 2024

Por MARCELO MOTA
Especial para o Blog do Arcanjo

Começou o sétimo Mirada – Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas, promovido pelo Sesc São Paulo, em Santos, no litoral paulista. Tive o privilegio em ir em todas aberturas. Já presenciei de um sabonete gigante que veio por contêiner até um coletivo de galos com tênis all star, que causou, além de protesto e cancelamentos, uma lei na cidade de Santos proibindo animais nos palcos.

Bom, mas vamos à atual edição. Este ano o país homenageado é o Peru e, na abertura, nesta quinta, 5 de setembro, foi apresentada a peça peruana Esperanza, de Marisol Palacios e Aldo Miyashiro, no palco do Sesc Santos.

A história versa sobre uma família que passa todos os perrengues latinos típicos dos anos 1980: inflação, carestia, crise social, machismo e ditadura.

Fica claro como os anos 1980 foram iguais para América Latina, cada país com o seu Sarney, com as mesmas mazelas.

O patriarca vive a ilusão que tudo vai melhorar com a visita de um candidato à prefeito em sua casa para um almoço, sendo que, na real, a família não tinha nada para o almoço. Taí a Esperanza do título.

O pai, com o poder de um macho alfa, manipula todos para realizar um almoço inesquecível (na cabeça dele), com rompantes autoritários e violentos. Dá-se inicio a “esperando Godot”.

Neste drama peruano, ainda tem o sumiço do filho caçula de cinco anos. A família, após o empenho do almoço, aflora uma busca frenética pela criança, menos o pai, que tem amor pelo o seu mito candidato à prefeito.

A curadoria do Mirada escolheu dessa vez um dramalhão familiar peruano, com toques políticos e sociais para abertura do Mirada.

Nós brasileiros somos os reis da telenovelas, nossos dramalhões dos anos 1980 são clássicos. Valeu a tentativa, mas na combinação de desgraça e dramaturgia, o Brasil é campeão.

O Mirada acontece entre os dias 5 e 15 de setembro de 2024, no Sesc Santos, e conta com apresentações na Praça Barão de Rio Branco, Teatro Brás Cubas, Teatro Guarany, Teatro Rosinha Mastrângelo, Arcos do Valongo, Casa da Frontaria Azulejada, Centro Cultural Português, Praça Barão do Rio Branco, Centro Espanhol de Santos, CEU das Artes, Emissário Submarino, Fonte do Sapo, Outeiro de Santa Catarina, Praça Mauá, Centro de Cultura Patrícia Galvão e Centro Espanhol de Santos. Os ingressos estão à venda pelo app Credencial Sesc SP, pelo site e nas bilheterias das unidades.

Editado por Miguel Arcanjo Prado

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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige Blog do Arcanjo e Prêmio Arcanjo. Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Cultura pela USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por Globo, Record, Folha, Ed. Abril, Huffpost, Band, Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Integra os júris: Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio do Humor, Prêmio Governador do Estado, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Prêmio DID, Prêmio Canal Brasil. Venceu Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio ANCEC, Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade do Prêmio Governador do Estado.
Foto: Rafa Marques
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