Marco Nanini volta a SP com sucesso Traidor, de Gerald Thomas, no Teatro Sérgio Cardoso

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
Mais que respeitado ator, Marco Nanini volta a São Paulo com o sucesso Traidor, espetáculo no qual é dirigido mais uma vez por Gerald Thomas. A nova temporada é no Teatro Sérgio Cardoso, na Bela Vista, a partir desta quinta, 4 de julho, com sessões quinta, sexta e sábado, 20h30, e domingo, 17h, com ingressos pela Sympla. A peça foi um dos grandes destaques do último Festival de Curitiba.
Há 18 anos, estreava Um Circo de Rins e Fígados, montagem que reuniu pela primeira vez os talentos de Marco Nanini e Gerald Thomas. O trabalho rendeu uma bem- sucedida trajetória, com direito aos principais prêmios da época e diversas temporadas. Quase duas décadas depois, o encontro desses dois ícones do teatro brasileiro resultou em mais um espetáculo: Traidor, que estreou em São Paulo com uma temporada de lotação máxima, feito que se repetiu em Belo Horizonte e com as sessões no 32º Festival de Curitiba, que esgotaram cinco mil lugares a mais de um mês das apresentações. Traidor passou ainda pelo Rio de Janeiro em uma temporada de sucesso durante o mês de abril no Teatro Prio.

Agora, em julho, reestreia em curta temporada no Teatro Sérgio Cardoso, instituição da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, gerido pela Associação Paulista dos Amigos da Arte (APAA).

Produzido por Fernando Libonati, o novo trabalho foi sendo criado ao longo do último ano, a partir de uma intensa troca de mensagens entre o trio formado por Nanini, Gerald e Libonati. Entre as estreias de Um Circo de Rins e Fígados e Traidor, o mundo sofreu transformações irreversíveis, como o trauma pós-pandêmico, a incontornável revolução digital com suas inteligências artificiais, o virtual substituindo o mundo real e a ruptura democrática sofrida em diversas escalas mundo afora. O texto da atual peça foi criado sob influência deste caldeirão contemporâneo, no estilo que consagrou Gerald Thomas.

E o ponto de partida foi justamente o espetáculo anterior, que é retomado e citado em algumas cenas, ainda que todo o mote agora seja outro. Desta vez, Nanini está isolado em uma ilha, é acusado de algo que ele não cometeu e dialoga com a própria consciência, com seus fantasmas e suas reflexões sobre o passado, o presente e o futuro. É como se toda a ação se passasse dentro de sua cabeça: “Se houvesse um cruzamento entre Kafta e Shakespeare, então esse seria ‘Traidor’, uma espécie de híbrido entre o Joseph K, de ‘O Processo’, e Próspero, de ‘A Tempestade’, cuja mente renascentista olha para o futuro da civilização, perdoa seus detratores e os absolve”, resume o diretor.
Entre a tragédia e o humor, o otimismo e o pessimismo, Nanini conversa consigo mesmo e com as suas indagações, materializadas no elenco formado por Cadu Libonati, Hugo Lobo, Ricardo Oliveira e Wallace Lau.
A montagem traz a concepção visual do próprio Gerald Thomas, com figurinos de Antonio Guedes, iluminação de Wagner Pinto e a cenografia de Fernando Passett.
‘Traidor’ marca ainda a volta de Nanini ao teatro, depois da pandemia e um período em que emendou trabalhos no audiovisual. Após ‘Ubu Rei’ (2017), seu último espetáculo, ele esteve em novelas, estrelou o premiado longa ‘Greta’, de Armando Praça, atuou nas séries ‘Sob Pressão’ e gravou ‘João Sem Deus’, que acaba de estrear no streaming. Ainda no período de isolamento, ele idealizou e produziu ‘As Cadeiras’ junto com Fernando Libonati, que também dirigiu a adaptação do clássico de Ionesco. Nesta temporada, o ator ainda lançou a biografia ‘O Avesso do Bordado’ (Companhia das Letras), escrita pela jornalista Mariana Filgueiras ao longo dos últimos cinco anos.

Marco Nanini é o ator mais intenso que conheço. Não tenho dúvidas do que estou dizendo. Digo isso como diretor, mas também como autor. Como eu dirijo em pé, a um metro de distância dele, ouço cada respiração. Chego no hotel e continuo ouvindo a sua voz. Volto a ler o texto, faço a revisão e a voz. A voz do Nanini. Lá está, a voz. Cada respiração dele. Que prazer é, mesmo que só de 18 em 18 anos, escrever pra ele e dirigi-lo, ter Marco Nanini pela frente é tudo
Gerald Thomas, diretor

MARCO NANINI em
TRAIDOR
Texto, direção e concepção visual GERALD THOMAS
Elenco CADU LIBONATI, HUGO LOBO, RICARDO OLIVEIRA E WALLACE LAU
Iluminação WAGNER PINTO
Cenografia FERNANDO PASSETTI Figurinos ANTONIO GUEDES
Direção Musical e Trilha Sonora ALÊ MARTINS
Direção de Movimento DANI LIMA
Assistente de Direção SAMUEL KAVALERSKI
Direção de Produção FERNANDO LIBONATI
Coordenação de Produção CAROLINA TAVARES
Produção Executiva ÁRTEMIS

Serviço:
MARCO NANINI em ‘TRAIDOR’
Temporada: De 04 a 21 de julho, quinta-feira (sessão de estreia), às 20h30 sexta-feira, às 20h30, sábado, às 20h30, domingo, às 17h.
Ingressos: Sympla
Central frente (fileira A a I – 123 lugares) – R$ 180,00 (inteira) R$90,00 (meia-entrada)
Central fundo (fileira J a Z – 184 lugares) – R$ 150,00 (inteira) R$75,00 (meia-entrada)
Lateral frente (fileira A a I – 88 lugares) – R$ 150,00(inteira) R$75,00 (meia-entrada)
Lateral fundo (fileira J a Z – 220 lugares) – R$ 120,00(inteira) R$60,00 (meia-entrada)
Balcão (240 lugares) – R$ 90,00(inteira) R$45,00 (meia-entrada)
Duração: 55 minutos
Classificação: 16 anos
Local: Sala Paschoal Carlos Magno | Teatro Sérgio Cardoso
Endereço: Rua Rui Barbosa, 153 – Bela Vista – São Paulo/SP
Lotação: 143 lugares + 6 espaços de cadeirantes
Bilheteria do Teatro Sérgio Cardoso: De terça a sábado, das 14h às 19h | (11) 3288.0136
Estacionamentos próximos: Rua Rui Barbosa, 163 ou Rua Rui Barbosa, 44
Sobre a Amigos da Arte
A Associação Paulista dos Amigos da Arte, Organização Social de Cultura responsável pela gestão de chamadas públicas, do Teatro Sérgio Cardoso, e do Teatro de Araras, além do Mundo do Circo SP, trabalha em parceria com o Governo do Estado de São Paulo e a iniciativa privada desde 2004.
Música, literatura, dança, teatro, circo e atividades de artes integradas fazem parte da atuação da Amigos da Arte, que tem como objetivo fomentar a produção cultural por meio de festivais, programas continuados e da gestão de equipamentos culturais públicos. Em seus 19 anos de atuação, a Organização desenvolveu cerca de 70 mil ações que impactaram mais de 30 milhões de pessoas.
- ★★★★ Crítica: Dzi Croquettes Sem Censura revive história do grupo ícone do desbunde com talentos efervescentes
- ★★★★ Crítica: PAI tem ritual visceral de Guilherme Logullo para transcender a dor do abuso paterno sofrido
- Território do Amor chega ao Rio com emoção de Jayme Monjardim ao ver Neusa Romano ser Maysa, sua mãe
- Rita Lee Uma Autobiografia Musical bate recorde com 100 mil pessoas em 180 sessões no Teatro Porto
- Cazuza e Ney Matogrosso viveram grande amor como mostra filme Homem com H
Editado por Miguel Arcanjo Prado
Siga @miguel.arcanjo
Ouça Arcanjo Pod
Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige Blog do Arcanjo e Prêmio Arcanjo. Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Cultura pela USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por Globo, Record, Folha, Ed. Abril, Huffpost, Band, Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Integra os júris: Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio do Humor, Prêmio Governador do Estado, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Prêmio DID, Prêmio Canal Brasil. Venceu Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio ANCEC, Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade do Prêmio Governador do Estado.
Foto: Rafa Marques
© Blog do Arcanjo por Miguel Arcanjo Prado | Todos os direitos reservados.