Não viu Roda Viva? Então, corra! Do Chico e do Zé, marco do Teatro Oficina
Se você esteve perdido por aí durante todo este ano de 2019, acorda pra vida. Trata-se da última chance de ver o espetáculo mais emblemático não só deste ano como da história do teatro brasileiro. Roda Viva, de Chico Buarque dirigida por Zé Celso, faz sua última temporada no Teat(r)o Oficina (r. Jaceguai, 520), nesta reta final de 2019 e começo de 2020. em uma efervescente e derradeira temporada de verão a partir de 23 de dezembro até 26 de janeiro, com direito a sessões no Natal e na noite de Réveillon. Os ingressos da temporada de despedida já estão à venda. É preciso prestigiar, pois a remontagem da peça foi feita sem patrocínio pelos aguerridos artistas. Em tempos de ataques à cultura, Roda Viva só conseguiu se concretizar porque o público contribuiu em uma vaquinha virtual (ainda dá para ajudar!). E além de tudo, a peça é encenada naquele que foi chamado de “o mais belo teatro do mundo” pelo jornal inglês The Guardian, com projeto arquitetônico de Lina Bo Bardi e Edson Elito.
Roda Viva é um marco histórico do teatro
Sem dúvida, Roda Viva é marco do teatro brasileira e da própria história do país. O musical criado pelo jovem Chico Buarque e encenado pelo Teat(r)o Oficina sob direção de José Celso Martinez Corrêa, o Zé Celso, foi um dos pontos altos das artes no fatídico ano de 1968, aquele que Zuenir Ventura definiu como o ano que não terminou.
A ousada montagem de Zé Celso em pleno anos de chumbo enfrentou o sistema e sua hipocrisia, ao revelar uma mídia manipulada que constrói a figura do ídolo popular, fazendo do texto uma grande crítica sociopolítica.
A obra foi alvo do horror daqueles tempos de exceção, com integrantes do Comando Caça aos Comunistas invadindo o teatro e espancando o elenco, que contava, naquele então, com atores como Pedro Paulo Rangel, Marília Pêra e Zezé Motta, entre outros.
Meio século depois a obra volta a ser encenada, após Chico Buarque resolver autorizar sua remontagem diante da complicada situação brasileira. Sempre vivendo o aqui e agora, Zé Celso e os artistas do Oficina fazem da nova encenação um diálogo profundo com as questões e os horrores do Brasil atual.
Ethernidade de Luís Antônio Martinez Corrêa
Na última quarta (18), ao receber o Prêmio Arcanjo de Cultura para o Teat(r)o Oficina pela remontagem de Roda Viva no Theatro Municipal de São Paulo, Zé Celso falou que a sessão de volta do espetáculo à capital paulista será especial, nesta segunda (23) às 14h30. Porque marcará o 32º ano do que chama de “ethernidade de Luís”, seu irmão.
Zé lembrou que há 32 anos, neste mesmo dia, seu irmão, o diretor Luís Antônio Martinez Corrêa, foi brutalmente assassinado em um crime homofóbico que chocou a cultura brasileira e virou marco na luta pela criminalização da homofobia no Brasil. “Vamos celebrar a ethernidade do Luís, para que ele nunca seja esquecido”, afirmou emocionado Zé Celso, convidando todos a prestigiaram a nova temporada.
Ficar sem ver a remontagem de Roda Viva é abrir mão de parte importante da história do teatro brasileiro no século 21. Qualquer amante da cultura precisa ver esta obra. Você não vai perder, né?
Roda Viva
De Chico Buarque sob direção de Zé Celso com Teat(r)o Oficina
Onde: Teatro Oficina (r. Jaceguai, 520, Bixiga, São Paulo, tel. 11 3106-2818)
Quando: De 23/12/2019 a 26/01/2020
Dezembro 2019
SEG 23 DEZ – Dia de Luís – 14h30
QUA 25 DEZ – Natal – 20h
27, 28, 29 DEZ – SEX e SÁB 20h, DOM 19h
31 DEZ – Réveillon – 20h
Janeiro 2020
03 a 26 JAN – SEX e SÁB 20h, DOM 19h
Quanto: R$ 60 e R$ 30 (compre seu ingresso já)
Roda Viva fez temporada de sucesso no Rio em novembro último
Veja imagens da temporada carioca de Roda Viva na Cidade das Artes, no Rio de Janeiro, no mês passado:
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