Fenômeno da música, Luedji Luna conquista lugar ao lado de medalhões da MPB
A cantora Luedji Luna é o novo fenômeno da música popular brasileira e conquista seu espaço em importantes palcos ao lado de medalhões como Caetano Veloso, Gilberto Gil e Milton Nascimento.
Trata-se de fenômeno delicado, mas de recado altamente potente e necessário, que ressignifica o termo “cantora baiana” sob forma de uma música suave, envolvente e repleta de poesia e discurso.
A artista de Salvador radicada em São Paulo vem ganhando cada vez mais espaço e conquistando multidões, presenciais e virtuais — ela já tem cerca de 45 mil seguidores no Instagram.
Seus clipes e vídeos já ultrapassam 3,5 milhões de visualizações no YouTube — o clipe de “Banho de Folhas” está perto de atingir 2 milhões de visualizações e não para de ser compartilhados nas redes, inclusive por celebridades como o ator Marco Pigossi.
Desde que lançou seu primeiro disco, “Um Corpo no Mundo”, gravado em outubro do ano passado, Luedji já realizou mais de 50 shows, cada vez em espaços maiores e conseguindo do público a mesma escuta atenta que tinha em suas primeiras apresentações paulistanas no centro cultural negro Aparelha Luzia, onde despontou para o mundo e foi vista pelo Blog do Arcanjo no UOL, pioneiro em cobrir a carreira da cantora.
No último fim de semana, ela fez dois shows importantes. No sábado (25), apresentou-se com sua banda na Casa Natura Musical com participação de Zé Manoel.
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Já no domingo (26) foi dia de se apresentar no Breve Festival, em Belo Horizonte, onde subiu no mesmo palco que Caetano Veloso, Rincon Sapiência, Iza e BaianaSystem — durante o show dos amigos baianos, que encerraram a noite, ela se jogou junto ao público na famosa roda.
Agora, se prepara para tocar em outro grande palco: o do Coala Festival, no Memorial da América Latina, em São Paulo, ao lado de outros medalhões, como Milton Nascimento, Gilberto Gil e Criolo. Antes, ainda faz show nesta quinta (30) no festival Sai da Rede, no Centro Cultural Banco do Brasil de São Paulo, e, no dia seguinte, sexta (31), sobe pela primeira vez no histórico palco carioca do Circo Voador, encerrando turnê apoiada pela Natura Musical.
Logo após hipnotizar os mineiros com sua música, ainda sob impacto do show, Luedji Luna recebeu com exclusividade o Blog do Arcanjo no UOL em seu camarim, pouco antes de ir ao camarim vizinho cumprimentar o conterrâneo Caetano Veloso.
Na conversa, falou deste momento da carreira, de como lida com tocar cada vez mais para públicos maiores e ainda reforçou suas origens, lembrando que permanece a mesma.
Leia com toda a calma do mundo.
Miguel Arcanjo Prado — Luedji, o que simboliza para você estar em palcos tão importantes e dividindo o espaço com medalhões da música como Caetano Veloso hoje e logo mais estará no mesmo palco que Gilberto Gil e Milton Nascimento?
Luedji Luna — Estou muito contente! É minha primeira vez aqui em Belo Horizonte apresentando “Um Corpo no Mundo”. Hoje, estar ao lado de Rincon e Caetano, em um festival desta magnitude, só comprova que estou fazendo as escolhas certas nesta minha trajetória, que é recente. Eu assumi a música só com 25 anos, gravei meu primeiro disco ano passado, em outubro, e em pouco
tempo receber esse feedback tão positivo é a confirmação de que fiz as escolhas corretas, que estou no caminho certo.
Miguel Arcanjo Prado — Você foi atraindo o público do festival ao longo do show. Chegou de mansinho e de repente todos estavam conectados com você. O que você tem, que recado é esse, qual é essa energia Luedji?
Luedji Luna — Eu comecei a fazer shows intimistas e fiquei muito com essa pecha: “Luedji Luna faz show intimista”. E, de repente, Miguel, estava fazendo shows em festivais grandes, grandes teatros e com a mesma receptividade, com a mesma atenção e com o mesmo respeito e silêncio que o disco pede, que o show pede, que a música pede. Eu acho que eu tenho algo a dizer, algo que precisa de atenção, e as pessoas têm me dado isso, independentemente do espaço, do festival, da quantidade de pessoas presentes. Eu tenho escuta, e isso é muito simbólico em se tratando de mulher preta, das mulheres pretas. Então, o que eu tenho é algo importante a dizer, e as pessoas têm consciência disso
ou têm tomado consciência disso e me dado escuta, ainda que seja, assim como hoje, a céu aberto.
Miguel Arcanjo Prado — Depois do show na Casa Natura e deste aqui no Breve Festival em BH, vem outro show muito importante por aí.
Luedji Luna — Sim, o Coala Festival. Vou me apresentar no dia 2 de setembro, domingo. Estou no mesmo palco que outro mineiro, o Milton Nascimento, que foi uma grande referência para mim, a minha vida inteira. Meus pais ouviam muito Milton. Estou muito… [emociona-se] É incrível! A vida tem sido muito generosa comigo, não tenho nem palavras ainda para definir o que está acontecendo. Mas eu recebo
com muita gratidão e muita tranquilidade. Eu continuo fazendo a mesma música que eu fazia desde quando eu cantava lá na Aparelha Luzia [centro cultural negro paulistano], onde você me conheceu, Miguel, você se lembra, porque foi lá que me viu e isso é muito importante. É o mesmo show, é a mesma Luedji, só que agora com maior alcance.
Por Miguel Arcanjo Prado, enviado especial a Belo Horizonte*
*O colunista viajou a convite da Universo Produção e do Breve Festival.