Carmen Mayrink Veiga foi autora de frases polêmicas

Carmen Mayrink Veiga, que morreu aos 88 anos: socialite dava entrevistas com frases polêmicas – Foto: Divulgação

Por Miguel Arcanjo Prado

“Quando eu morrer, no meu túmulo vai constar apenas: ‘Morreu linda e magra aos 58 anos”. A frase foi dita no passado pela socialite Carmen Mayrink Veiga para a revista IstoÉ. O maior nome da elegância da alta sociedade carioca e brasileira errou por três décadas a mais, já que morreu nesta segunda (4), aos 88 anos.

Para a mesma publicação, em 2011, decretou que pobre não tinha condições de ser elegante. Disse: “A pessoa arranca uma página da revista, vai na costureirinha da esquina e manda fazer igual. E não é pobre que faz isso, porque pobre não pode ser elegante. É brincadeira dizer que ser elegante é barato. Não é. Mas quem tem dinheiro também pode ser ridículo”.

“Pretas telefônicas”

Contudo sua frase mais polêmica foi dita para a revista Veja, em 2000, quando questionada se tinha algum tipo de preconceito racial. Respondeu o seguinte:

“Não somos pessoas preconceituosas, em absoluto. Além de lavadeira e um excelente motorista negro, as duas cozinheiras que tive na vida são pretas telefônicas”.

Carmen e Tony Mayrink Veiga no casamento considerado um dos mais elegantes da história do Brasil – Foto: Divulgação/Arquivo pessoal

A noiva mais elegante

A paulista de Pirajuí se tornou símbolo máximo da alta sociedade carioca, na época a elite cultural do Brasil. O que se deu após seu casamento com o empresário multimilionário Tony Mayrink Veiga nos anos 1950 – boda que figura como uma das mais elegantes da história do país e faz seu vestido de noiva ser referência até hoje. O casamento durou até a morte de Tony, em 2016.

Apesar de expor sem medo pensamentos que sintetizaram a elite brasileira no século 20, Carmen sempre fechou a boca quando o tema era comida. Fez questão de manter toda a vida o manequim esguio, pesando entre os controladíssimos 60 e 62 quilos.

“Mulher tem que ter peito, cintura fina, cadeira, bumbum arrebitado”, definiu em 2011, para a mesma IstoÉ.

Nos últimos tempos, ela se mostrava nostálgica de um Rio que se perdeu, como diz a canção de Vinicius de Moraes “Carta ao Tom”.

Parecia decepcionada com a falta de elegância do século 21. A mulher que foi considerada pela bíblia da moda Vogue a mais elegante da América do Sul e que frequentou os mesmos salões que a Rainha Elizabeth e a Princesa Diana não via com bons olhos os novos tempos.

Carmen Mayrink Veiga: símbolo de elegância, apesar das frases polêmicas – Foto: Divulgação

Clássica, Carmen Mayrink Veiga odiava os novos estilistas

Amante de marcas como Yves Saint Laurent e Givenchy, ela odiava a maioria dos novos estilistas. “A tendência não é mais moda, é fantasia. Na coleção do Marc Jacobs, praticamente tudo é para você entrar numa escola de samba. Tudo muito absurdamente feio e de mau gosto”, espetou, em entrevista para a IstoÉ em 2011.

Por isso, até o fim, fez questão de encomendar roupas exclusivas ao estilista Guilherme Guimarães, que lhe desenhava peças de alta costura sob medida. Todas clássicas, é claro.

E foi sobre o seu bem vestir, que Carmen Mayrink Veiga cunhou outra frase memorável, ao responder qual a diferença entre uma bolsa Louis Vuitton original e uma falsa: “Querido, a diferença fundamental está em quem a usa”.

Uma coisa é fato. Apesar de seus pensamentos polêmicos, coma uma Midas do bem vestir Carmen tornou elegante qualquer coisa que usou ao longo de sua bem vivida vida. Que descanse em paz.

Carmen Mayrink Veiga abrindo seu apartamento com vista para o Pão de Açúcar para a revista Manchete: símbolo da elite brasileira no século 20 – Foto: Divulgação

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