Mulheres acusadas de ‘loucas’ por ditaduras inspiram Anônimo Não É Nome de Mulher, peça portuguesa na SP Escola de Teatro
Espetáculo mostra como regimes totalitários usaram acusação de ‘loucura’ para encarcerar mulheres que lutavam por liberdade
Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
O espetáculo português Anônimo Não É Nome de Mulher, com texto de Mariana Correia Pinto e encenação de António Durães, faz duas imperdíveis sessões na SP Escola de Teatro (Praça Roosevelt, 210), nesta quinta (9) e sexta (10), sempre às 20h30, em São Paulo, com entrada gratuita e retirada prévia pela Sympla.
A obra fez sucesso recente em Portugal, onde foi apresentada na Casa de Artes de Famalicão em 19 de janeiro último e depois circulou pelo país europeu.
Em cena, estão as atrizes Luísa Pinto e Maria Quintelas, grandes nomes do teatro de Portugal. A obra conta com trilha de Cristina Bacelar, iluminação de Francisco Alves, cenografia do diretor e assistência de encenação de Joaquim Gama.
A obra aborda questões de direitos humanos ligadas ao gênero, mecanismos de repressão e violência doméstica, com foco nas mulheres que se recusaram seguir os pressupostos da sociedade do seu tempo e que foram consideradas loucas e/ou internadas em instituições, criando conexões entre regimes totalitários na Itália, Portugal e Brasil.
O texto tem inspiração nos escritos de Annacarla Valeriano, no livro Malacarne – Mulheres e Asilo, na Itália Fascista (Donzelli Editora, 2017), onde se aborda a internação de mulheres, que divergiam dos modelos sociais dominantes e por isso foram acusadas e tratadas de loucas, na Itália durante o período do regímen fascista.
Outra obra fundamental foi Holocausto Brasileiro, de Daniela Arbex, em visitas ao Memorial da Resistência em São Paulo, além de pesquisa histórica sobre o período do fascismo em Portugal, com a prisão de mulheres no Forte de Peniche.
Em cena, o público tem acesso a depoimentos de mulheres em situações de encarceramento por não estarem dentro das normativas sociais, políticas e de gênero, interpretados pelas atrizes portuguesas.
A peça integra a pesquisa artística de Luísa Pinto de pós-doutoramento na ECA-USP, orientada por Beth Lopes com apoio do Centro de
Estudos Arnaldo Araújo – CEAA, na cidade do Porto, Portugal, e da SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco, em São Paulo.
Anônimo Não É Nome de Mulher
Quando: 9 e 10 de Fevereiro de 2023, às 20h30
Onde: Sala Alberto Guzik – SP Escola de Teatro – Pça Franklin Roosevelt, 210, São Paulo; metrô Anhangabaú, República ou Higienópolis-Mackenzie.
Quanto: Grátis – Retire seu ingresso!
Debate: Dia 9 de fevereiro, após a estreia haverá um bate-papo sobre o espetáculo, até de 40 minutos, com a equipe artística e com especialistas na área do tema da encenação. Serão convidados os seguintes profissionais para reflexões com o público:
Mediação – Elizabeth Silva Lopes (ECA/USP);
Debatedores – Glenda Mezarobba (Consultora no PNUD – Comissão Nacional da Verdade – Brasil); Ana Pato (diretora do Memorial da Resistência), Gero Camilo (ator, dramaturgo e musico)
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Um dos jornalistas culturais mais respeitados do Brasil, Miguel Arcanjo Prado é CEO do Blog do Arcanjo, fundado em 2012, e do Prêmio Arcanjo, desde 2019. É mestre em Artes pela UNESP, pós-graduado em Cultura pela ECA-USP, bacharel em Comunicação pela UFMG e crítico da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Coordena a Extensão Cultural da SP Escola de Teatro e apresenta o Arcanjo Pod. Foi eleito um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se por três vezes. Recebeu a Medalha Mário de Andrade, maior honraria nas letras do Governo do Estado de São Paulo. Passou por Globo, Record, R7, Record News, Folha, Abril, Huffpost Brasil, Notícias da TV, Contigo, Superinteressante, Band, CBN, Gazeta, UOL, UMA, OFuxico, Rede TV!, Rede Brasil, Versatille, TV UFMG e O Pasquim 21. É presidente do júri do Prêmio Arcanjo e integra o júri do Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Prêmio Destaque Imprensa Digital, Guia da Folha, e Canal Brasil de Curtas. Recebeu ainda o Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio Destaque em Comunicação Nacional ANCEC, Troféu Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil e Prêmio Leda Maria Martins.
Foto: Edson Lopes Jr.
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