‘Emocional é o mais difícil na quarentena’, diz Taís Araújo na Entrevista de Quinta
Por Miguel Arcanjo Prado
Taís Araújo estava no ar com destaque na novela das 21h da Globo, Amor de Mãe, quando tudo foi interrompido pela pandemia do novo coronavírus. A atriz passa a quarentena ao lado do marido, o também ator e diretor Lázaro Ramos, com os dois filhos do casal, João Vicente, de nove anos, e Maria Antonia, de cinco anos, na casa da família no Rio de Janeiro. Mesmo neste cenário incerto, ela não deixou de trabalhar. Além das tarefas domésticas, encontra tempo para fazer lives sozinha ou com Lázaro e até mesmo gravou um comercial sob direção do marido. Carioca do Méier, a atriz de 41 anos conversou com Miguel Arcanjo Prado nesta Entrevista de Quinta. Leia com toda a calma do mundo.
Miguel Arcanjo Prado – Taís, qual a parte mais difícil dessa quarentena para você?
Taís Araújo – Olha, Miguel, a parte mais difícil é lidar com o emocional, a incerteza, o medo, deste País com governantes tão… ai… [suspira] Um país tão vulnerável, as pessoas morrendo aos montes, a estrutura zero. Lidar com as notícias, a contabilização dos mortos, de infectados e as pessoas perdendo seus amores sem poder se despedir, sem poder ver, é tudo muito sério, né? Muitas dores misturadas, muita raiva da irresponsabilidade dos governantes, da falta de cuidado com o povo. A mais difícil de fato é a parte emocional, que acho que vai ser insuperável, vai ficar com a gente para sempre.
Miguel Arcanjo Prado – Mas o que você já conseguiu superar?
Taís Araújo – O que eu já consegui superar são coisas básicas, coisas de casa que não sabia fazer… de serviço de casa e coisa que eu aprendi, na rotina, e que não era um problema na verdade!
Miguel Arcanjo Prado – Sua irmã é médica. Como é ter essa heroína na família?
Taís Araújo – Cara, é lindo e dá muito medo também. Dá muito medo de perder. A minha irmã ainda está na especialidade dela, ela atende pelo SUS, mas é ginecologista e está atendendo na especialidade dela. Cabe cada vez mais para a gente valorizar o trabalho dos profissionais de saúde, o pessoal da limpeza, quem está ali diariamente, que merece ser saudado, respeitado e bem remunerado.
Miguel Arcanjo Prado – Como mãe, como você tem explicado essa situação para seus filhos João Vicente e Maria Antonia?
Taís Araújo – Eu tenho falado a verdade para eles, que é um vírus, que a gente não pode sair de casa, não pode ver o vovô, a vovó, os amigos, que não pode ir para a escola. E a gente não sabe por quanto tempo. Às vezes eles ficam pedindo para ir para a escola, não entendem muito, mas acho que eles estão entendendo, sim. A gente vai tentando mantê-los informados na medida do possível, para uma criança de cinco e outra de nove, com muito amor e muito cuidado de eles terem acesso ao que cabe a eles com a idade que os dois tem. É isso.
Miguel Arcanjo Prado – O Lázaro tem sido um grande companheiro neste momento?
Taís Araújo – Ele tem sido muito importante nesse momento, principalmente na maneira dele lidar com tudo. Ele lida aparentemente muito bem, entendendo que a gente tem de procurar, para a nossa sanidade, a leveza nisso tudo, que é para a gente continuar com sanidade, com saúde mental. Então, ele tem me ajudado muito nisso. Como eu sou muito passional e ele é muito racional do que eu, ele raciocinou sim, esse sentimento da importância de sair da neura do mundo para tentar seguir em frente. Ele tem me ajudado muito nesse sentido.
Miguel Arcanjo Prado – O que as lives lhe ensinam nesta quarentena?
Taís Araújo – Uma coisa que as lives têm me ensinado é o quanto é importante a gente expressar os nossos sentimentos, o quanto é importante expressar para as pessoas nas nossas vidas, o quanto a troca é importante. E isso tem acontecido muito, a troca e o acolhimento e a solidariedade. Então, as lives, as que tenho feito, têm me contentado nesse lugar de acolhimento e também de acolher o outro.
Foto do abre: Taís Araújo em Amor de Mãe – Divulgação/Globo. Publicado originalmente em OFuxico.
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[…] Por Miguel Arcanjo PradoA atriz Taís Araújo posou para Bob Sousa na coluna O Retrato do Bob em 2013, quando estava em cartaz em São Paulo no extinto CIT-Ecum, na rua da Consolação, com a peça Caixa de Areia, espetáculo escrito por Jô Bilac e com direção dele e de Sandro Pomponet. Na época, às vésperas de completar 35 anos, ressaltou em conversa com o Blog do Arcanjo a importância de mergulhar no teatro de grupo, completamente autoral. “Fazer uma peça assim é muito importante para mim, Miguel. Um é que eu não estou acostumada a isso e isso é muito bom. Eu entro em contato com outro lugar, outro tipo de atores, outras realidades. Eu estou produzindo também. Compartilho isso com eles. É enriquecedor e delicioso o nosso processo caótico de liberdade. Eu faço teatro alternativo justamente porque não acho pequeno. Acho este teatro que estou fazendo de um valor gigantesco. Eu tenho nos últimos dez anos intercalado teatro e novela. Estou querendo produzir mais teatro. Porque quero trabalhar como atriz o resto da minha vida. Eu comecei muito cedo, Miguel, você sabe. Sempre fui muito receosa com minha profissão. Quando fiz 28, 29 anos, naquela época que a gente se conheceu, eu falei para mim: ‘É isso. É minha profissão. Tenho de investir cem por cento nela’. O teatro me ajuda a construir essa atriz que eu quero ser. Quero ser uma atriz diversa, que consiga brincar com vários gêneros. E o teatro sempre foi muito generoso comigo neste sentido”. Leia a entrevista com Taís Araújo em 2013Taís Araújo fala sobre sua quarentena […]