Musa Márcia Dailyn promete voo de liberdade no Acadêmicos do Baixo Augusta

Márcia Daylin, musa trans do Acadêmicos do Baixo Augusta, maior bloco de São Paulo: “Voo de liberdade em homenagem às Divinas Divas neste domingo”, ela avisa – Fotografia Annelize Tozetto Blog @miguel.arcanjo UOL

Um dos títulos que Márcia Dailyn ostenta e tem orgulho é ser a musa do Acadêmicos do Baixo Augusta, maior bloco de Carnaval de São Paulo que desce a rua da Consolação neste domingo (16) em seu 11º ano de folia com o tema “Viva a Resistência” e Elza Soares como grande homenageada.

“Venho de borboleta em um voo de liberdade, fazendo referência às Divinas Divas, pioneiras artistas travestis do Brasil”, promete ela, entre os preparativos para brilhar na avenida ao lado da rainha Alessandra Negrini. “Venho de figurino especialmente criado por Walério Araújo, acessórios da Lavish by Trícia Milaneze, asa de borboleta grafite de Júlio Castro, além de maquiagem de Eloína dos Leopardos e peruca de Bene Reis e Sissy Girl, alem da fotógrafa Annelize Tozetto que fez meu ensaio”, enumera sua potente produção artística.

A atriz e bailarina Márcia Daylin, pioneira na representatividade trans no Carnaval de São Paulo como musa do Acadêmicos do Baixo Augusta, maior bloco da cidade – Fotografia Annelize Tozetto Blog @miguel.arcanjo UOL

Aliás, a presença de destaque de Márcia no bloco é um marco da representatividade trans na folia paulistana.

E de pioneirismo ela entende. Atriz, foi a primeira bailarina transexual do Theatro Municipal de São Paulo, assunto que sempre se emociona quando fala. “Ano passado fiz um retorno triunfal ao Municipal, que é minha casa em São Paulo, lugar para onde rumei vinda de Jales, no interior paulista, cheia de sonhos e expectativas de ser uma artista, enfrentei muito preconceito, mas segui meu caminho de cabeça erguida”, diz.

Ela ainda é diva da Cia. de Teatro Os Satyros e da praça Roosevelt, movimentado reduto artístico no centro paulistano. Estes dois últimos títulos foram herdados da icônica diva cubana Phedra D. Córdoba (1938-2016) e lhe foram concedidos por Ivam Cabral e Rodolfo García Vázquez, fundadores do grupo com 30 anos de trajetória. Márcia inclusive interpretou a veterana no ano passado na peça “Entrevista com Phedra”, de Miguel Arcanjo Prado sob direção de Robson Catalunha e Juan Manuel Tellategui, que lhe rendeu o Prêmio Nelson Rodrigues de melhor espetáculo.

Além de musa do Acadêmicos do Baixo Augusta, Márcia Daylin foi a primeira bailarina trans do Theatro Municipal de São Paulo e é diva da Cia. de Teatro Os Satyros e da praça Roosevelt – Fotografia Annelize Tozetto Blog @miguel.arcanjo UOL

Recentemente, teve a glória de voltar ao Municipal como convidada diversas vezes. No ano passado, se apresentou no Municipal com a peça “Mississipi” e ainda com “Entrevista com Phedra”. Já no fim do ano, foi a diva da “Noite de Gala do Circo”, além de entregar no palco os troféus do Prêmio Arcanjo de Cultura, que homenageou seu bloco, o Baixo Augusta, terminando a noite sambando no lendário tablado.

Em janeiro último, no Dia da Visibilidade Trans, se integrou ao elenco das “Divinas Divas”, sob direção de Robson Catalunha, sendo aplaudida em cena aberta diversas vezes. “Foi uma noite histórica e muito emocionante. Noite de respeito às pioneiras que vieram antes de mim, que enfrentaram a ditadura e que admiro muito, diz ela sobre ter atuado com Eloína dos Leopardos, Jane Di Castro, Divina Valéria e Camille K., lendárias Divinas Divas, além de compartilhar o palco também com Divina Núbia, convidada assim como ela pela diretor Robson Catalunha.

“Não vão me calar”, avisa Márcia Daylin, musa do Acadêmicos do Baixo Augusta, que desfila neste domingo (16) com o tema Viva a Resistência e homenagem a Elza Soares – Fotografia Annelize Tozetto

“Neste Carnaval quero trazer meu corpo, minha voz de peito aberto para as ruas e avenidas em um coro que diz que a cidade é nossa. Fora preconceito e transfobia, que será representada pelas cores da bandeira trans. Venho representando todas as travestis e transexuais do Brasil em força, vida, respeito e resistência. Eu carrego em meu corpo a liberdade de expressão de ser quem somos. Viver no Brasil hoje já é resistir. Neste domingo, eles não vão me calar”, avisa.

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De Jales, no interior paulista, para os palcos e ruas do Carnaval de São Paulo: a musa do Baixo Augusta Márcia Daylin – Fotografia Annelize Tozetto Blog @miguel.arcanjo UOL

 

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