Balé Folclórico da Bahia é experiência imperdível em Salvador

Cena do Balé Folclórico da Bahia: patrimônio cultural brasileiro – Foto: Philip Martin – Divulgação – Blog do @miguel.arcanjo UOL

Impactante e envolvente, o Balé Folclórico da Bahia é experiência única pela identidade Brasil; ver o espetáculo é pedida obrigatória a quem passa o verão em Salvador.

Por Natália Sousa
Especial de Salvador da Bahia*

É sábado de baixa temporada. O relógio marca pouco mais de onze horas da noite. Saio do Teatro Miguel Santana, no centro de Salvador, em direção a uma das ladeiras do Pelourinho, que se esticam por ali.

Tenho os olhos e a camiseta de algodão completamente encharcados. É minha última experiência na cidade, antes de voltar para casa. É, certamente, a mais potente delas.

Há espetáculos de contemplar, outros de cantar e há, aqueles, como o Balé Folclórico da Bahia, em que tudo que nos é permitido é sentir. Um sentir tão profundo que anestesia, que rouba as palavras, que demora decantar, digerir. E que depois chega em compreensões profundas.

Com um elenco de 38 integrantes, de maioria preta e parda, o espetáculo une o balé cênico e a dança afro contemporânea em atos que remontam, no estado mais puro, as principais manifestações folclóricas da capital da Bahia e do Brasil, como a capoeira, o maracatu, o frevo e o Candomblé.

É a esta expressão religiosa que eu atribuo o maior impacto da apresentação – porque me obrigo a escolher um só. Com figurinos impressionantes e uma entrega absoluta de quem os faz, desenrola ali, em nossos olhos, a criação do mundo a partir da ótica das religiões de matrizes africanas.

Em um jogo forte, mágico e vivaz são apresentados os orixás, que explodem em uma cena cheia de cores e significados, que atravessam religiosos e não. Afinal de contas, é a arte sendo feita da forma mais genuína possível. Sem muros.

Cena do Balé Folclório da Bahia: espetáculo é passeio imperdível no verão de Salvador – Foto: Vinícius Lima – Divulgação – Blog do @miguel.arcanjo UOL

Criado pelos diretores Walson Botelho e Ninho Reis, há 31 anos, o espetáculo coleciona turnês e prêmios dentro e fora do País. Em 1992 fez sua estréia internacional no renomado Festival da Alexander Platz, em Berlim, para um público de mais de 50.000 pessoas, sendo ovacionado no final do espetáculo por quase 15 minutos.

Seguiu então, a partir daí, realizando pequenas outras turnês ao exterior, até que foi convidado para participar da Bienal de Dança de Lyon, na França, considerado o mais importante evento do gênero no mundo, ao lado das mais importantes companhias de dança da atualidade, a exemplo da Alvin Ailey Dance Company, Ballet of Harlem, Bill T-Jones Dance Company, Dayton Ballet, entre outras.

Sob a direção artística de José Carlos Santos (Zebrinha) desde 1993, a companhia atingiu um nível técnico que vem sendo alvo de atenção dos mais exigentes profissionais e críticos da área de dança, valendo, até mesmo, um prêmio pelo desempenho de seu elenco durante o ano de 1996: o “Prêmio Mambembão”, oferecido pelo Ministério da Cultura, como a melhor preparação técnica de elenco no país, naquele ano.

Uma herança sagrada, uma experiência única, um passeio obrigatório pela identidade Brasil, o Balé Folclórico de Salvador nos permite experienciar a luta e a presença de um povo que ajudou a construir o Brasil na religiosidade múltipla, na cultura viva, na culinária rica e no repertório vasto de crenças, costumes e valores.

O Balé Folclórico da Bahia é a lembrança do que fomos e ainda somos. É o retrato da contribuição e da soma do povo negro ao nosso País.

*Natália Sousa é escritora, jornalista e roteirista. Autora do podcast Para Dar Nome às Coisas, ela escreveu esta resenha sobre o Balé Folclórico da Bahia a convite do Blog do Miguel Arcanjo.

Balé Folclórico da Bahia
Onde: 
Teatro Miguel Santana, Pelourinho, Salvador – Bahia
Tel: (71) 3322-1962
Quando: de segunda-feira a sábado, às 20h
ingressos à venda na bilheteria diariamente a partir das 15 horas

Balé Folclórico da Bahia: passeio imperdível no Pelourinho que nos aproxima de nossas raízes negras – Foto: Andrew Eccles – Divulgação – Blog do @miguel.arcanjo UOL

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