Morre aos 71 anos diretor de teatro Francisco Medeiros, o Chiquinho

O diretor teatral Francisco Medeiros, o Chiquinho (1948-2019) – Foto: Bob Sousa – Coluna @miguel.arcanjo

Morreu nesta quarta (16) aos 71 anos, vítima do câncer, o diretor de teatro Francisco Medeiros.

O artista paulistano estava internado no Hospital AC Camargo, em São Paulo, onde lutava contra uma metástase.

O corpo do artista será velado nesta quinta (17), entre 10h e 14h, no Teatro de Arena Eugênio Kusnet (r. Teodoro Baima, 98, República) e depois segue para a Vila Alpina, onde será cremado.

Chamado carinhosamente na classe artística de Chiquinho, o artista foi um dos grandes encenadores da história recente do teatro brasileiro e ficou conhecido pelo cuidado com os atores que passavam por suas mãos.

Entre 1979 e 1981, trabalhou no Theatre for Latin America, de Nova York, onde dirigiu seu festival de teatro em 1980.

Francisco Medeiros, o Chiquinho (na ponta à esquerda, de verde), posa com seus alunos e jovens atores na SP Escola de Teatro da praça Roosevelt em 2012, época em que coordenava o curso de Atuação – Foto: Bob Sousa – Arquivo @miguel.arcanjo UOL

Medeiros trabalhou com importantes nomes, entre eles a coreógrafa e bailarina Ruth Rachou, e os atores Elias Andreato, Cacá Carvalho, Bárbara Paz, Antônio Petrin e Denise Stoklos.

Como renomado professor das artes cênicas, ele formou diversas gerações de artistas, passando por várias instituições de São Paulo e do interior do Estado. Entre elas, trabalhou na PUC-SP, Sesi-SP e na SP Escola de Teatro, onde foi coordenador do curso de Atuação.

Artistas lamentam morte de Chiquinho Medeiros

“Chiquinho era muito generoso e conseguia tirar do ator o que ele queria, ia fazendo você entender o que ele desejava e fazendo você reagir. Às vezes, muitas coisas que ele propunha só fariam sentido muito mais pra frente, e ele falava isso. O processo que passei com ele na SP Escola de Teatro, enquanto ele coordenava o curso de Atuação, foi assim e reverberou muito além dos dois anos de escola. Carrego comigo um aprendizado muito simples, que mudou a minha forma de ver teatro e a vida: ‘o que você tem para trabalhar no tempo que você tem para trabalhar?’. Ele nos ensinava a olhar para o agora. E é muito triste olhar para o agora e perder um mestre como o Chiquinho, um dia após o Dia dos Professores.”
Lauanda Varone, atriz

“Tive a honra e alegria de ter sido dirigida por Chiquinho. Seu amor, talento e generosidade eram maravilhosos.Ficam a lembrança e a gratidão pelo brilho de seus olhos que iluminarão sempre o teatro brasileiro.”
Bete Dorgam, atriz

“O Chiquinho Medeiros trabalhou vários anos conosco na SP Escola de Teatro. A lembrança mais forte que eu tenho dele é a paixão absoluta pelo trabalho do ator que ele tinha. Ele tinha uma devoção ao ofício do ator que era uma coisa impressionante. E a entrega dele ao ensino, o respeito pelo processo pedagógico. Ele vai fazer muita falta e é muito triste perder mais uma pessoa do teatro neste momento.”
Rodolfo García Vázquez, diretor fundador do Satyros

“Chiquinho é um dos grandes diretores do teatro brasileiro. Ele tinha características muito próprias, especialmente com o teatro de grupo. Eu me lembro de ‘Suburbia’, que ele trabalhava com um grupo grande de jovens atores. Ele foi um dos inspiradores do nosso projeto na SP Escola de Teatro. E tivemos a honra e a alegria de tê-lo trabalhando no projeto. Não podemos esquecer das grandes direções dele, como ‘A Noite Antes da Floresta’, com o Otávio Martins, que foi um dos espetáculos mais brilhantes que dirigiu. Vai deixar saudade e deixa sua marca impressa na SP Escola de Teatro, porque foi um coordenador muito atuante, muito apaixonado e que amávamos muito.”
Ivam Cabral, ator fundador do Satyros e diretor da SP Escola de Teatro

“Tive a honra de ter Chiquinho como coordenador do curso de Atuação que fiz. Chiquinho era um mestre daqueles que os artistas procuramos sempre, não só pelos seus conhecimentos técnicos sobre a linguagem teatral, pela sua experiência tanto no Brasil e no exterior, como sua visão crítica de mundo. Cada palavra de devolutiva que ele me fez ainda ecoa em cada prática do meu fazer teatral. Ele vai deixar um vácuo no mundo das artes. Precisamos de mestres e referentes como ele. Muita luz na sua passagem e conforto aos corações dos seus amigos e parentes. Obrigado, Chiquinho, por todos os aprendizados e experiências compartilhadas.”
Juan Manuel Tellategui, ator

“Trabalhei com o Chiquinho em duas montagens, e ele amava atores, coisa nem sempre usual, por incrível que pareça. Fiz Artaud nos anos 80. Um puta trabalho. Intenso, sorridente, amoroso. Incapaz de uma grosseria. Saudade eterna ficaremos.”
Ary França, ator

“Nós, os sórdidos do teatro, aplaudimos de pé o grande Chiquinho Medeiros, que se foi hoje.”
Mario Viana, dramaturgo

“Parte mais um mestre do teatro, Francisco Medeiros! Montagens inesquecíveis de “Marat Sade” na EAD, “Suburbia”, “Hamlet” e a mais recente; “Extinção” com Denise Stoklos e Marcio Aurelio, entre outras… Além de grande encenador, excelente diretor de atores, trabalho pouco valorizado na profissão! Encenador-pedagogo, formou gerações de atores! Artista cidadão como poucos, doce, profundo, revolucionário! Uma referência na arte e na vida! Brilha demais Chiquinho! Vai deixar muita saudade!”
Ruy Cortez, diretor

“Chico, descanse em paz, meu mestre e amigo. Aprendi muito com você e agradeço pelas oportunidades. ”
Mauricio Inafre, produtor teatral

“A morte de Francisco Medeiros, nosso Chiquinho, é uma grande perda para o teatro brasileiro. Registrei alguns de seus espetáculos e convivemos nos bastidores dessas montagens. Também estivemos juntos em parte da construção do livro sobre os 30 anos dos Núcleos de Artes Cênicas do Sesi, espaço onde ele formou muitos artistas.”
Bob Sousa, fotógrafo e crítico de artes visuais da APCA

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